quinta-feira, 9 de março de 2023

A diversa importância dos salários médios (amostra para 42 países)

 

Sumário

1 - Um género de preâmbulo

2 - Desigualdades nos salários médios de 42 países

 

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1 - Um género de preâmbulo

A ideia de uma UE com componentes solidários e, tendencialmente uniformes no âmbito das condições de vida e dos rendimentos, é uma grosseira mentira, uma vez que as desigualdades vêm aumentando, com uma dicotomia entre países mais pobres e mais ricos, como se poderá observar no âmbito deste texto. A entrada mais recente na União, dos países do antigo Comecon ou, dos vários destroços que surgiram da guerra de desmembramento da antiga Jugoslávia (sob o alto patrocínio de Clinton e do papa Wojtyla) produziu a inserção daqueles países, sem que se tenham tornado particularmente reduzidas as diferenças face ao pequeno núcleo de países ricos – basicamente os países fundadores da UE ou, herdeiros de um alto nível de vida, como a Dinamarca, a Suécia, a Áustria.

A UE é uma hierarquia com vários patamares de membros – os ricos, os pobres e os outros, que flutuam entre as duas caraterizações mas, com pendor para a formação de regimes políticos oligárquicos, cada vez mais inchados com proto-fascistas, corruptos comuns e, essa coisa vaga designada por empresários. Da gaveta dos trastes saem, com frequência, entes como a von Leiden, o Borrell, o Michel, o “nosso” Costa, o Stoltenberg, perante a saudade deixada pelo fabuloso Boris. Num plano mais rasteiro, não esqueçamos o inenarrável Cravinho (filho); e, lá longe ou, lá em cima, como pretendam, paira o Biden como chefe desta tropa fandanga, tendo como ferozes acólitos o Blinken e a Nuland.

Os pequenos países dos Balcãs ou do Leste europeu, pelas suas carências económicas e fragilidades políticas, tendem a ser incorporados na UE e na NATO; esta última, completamente dominada pelos EUA, visa a disseminação pelo planeta de armamento norte-americano (cerca de 50% do negócio mundial em cada ano) como instrumento de guerra, de medo, de destruição, de chantagem; e, cuja compra compete a mordomos como os acima referidos.

Claro que toda essa movimentação se faz no âmbito de regras “democráticas”, mesmo quando envolve os repescados Leopardos, objeto de pousio durante mais de dez anos. Pretende-se a reentrada dos Leopardos na guerra da Ucrânia depois de oleados e sem ferrugem, numa operação que, entre outros, irá incluir o país mais pobre e menos instruído da Europa Ocidental (Portugal). A futura utilização dos Leopardos revela também que o arrastamento da guerra na Ucrânia ameaça a capacidade de produção das grandes produtoras de armamento - Lockheed Martin, Raytheon, Boeing, Northrop Grumman e General Dynamics; que, por óbvia coincidência, estão instaladas nos EUA, país que, tem o mapa-mundo pintalgado com mais de 500 bases militares pertencentes aos… EUA.

Porventura, a prever esse reequipamento, um mainato português, de nome Costa foi encarregado de entregar € 280 M ao impoluto Zelensky detentor de algumas poupanças registadas em Belize; no imobiliário londrino; e, quiçá para afetar a obras e custos de proteção e vigilância da vasta vivenda dos seus progenitores, sediada em território ocupado pela entidade sionista.

2 - Desigualdades nos salários médios de 42 países

Os salários são instrumentos essenciais na vida de quantos vivem ou… sobrevivem, essencialmente do esforço desenvolvido no desempenho de tarefas essenciais para os capitalistas. É sabido que estes ancoram, constantemente, as suas prerrogativas no esforço de tornar mais baixa a parcela dos salários no contexto da produção capitalista, soberanamente dirigida pela aliança entre patrões e burocratas estatais; mormente como executantes das tarefas que conduzem ao aumento do fosso entre rendimentos do trabalho e rendimentos do capital.

Assim, decidimos proceder a uma abordagem dos salários médios para o período 2000/21. Por um lado, contemplando os países com mais tempo de permanência na UE; com uma integração mais recente naquela instituição; e ainda, um grupo heterogéneo de países, essencialmente não-europeus (10). Mais especificamente,

2.1- Países europeus ricos que adotaram o euro (10)

2.2                - Países europeus ricos com moedas nacionais próprias (6)

2.3                - Países europeus não ricos mas que adotaram o euro (10)

2.4                - Países europeus não ricos e sem a adopção do euro (6)

2.5      - Países ricos não europeus (6)

2.6                - Países não europeus, nem ricos (4)


2.1- Países europeus ricos que adotaram o euro (10)

Para os países ricos que têm como moeda o euro, nota-se que em 2000 o Luxemburgo e a Alemanha apresentavam os valores mais elevados do salário médio, na proximidade dos € 35000. Em 2021, o Luxemburgo (€ 65500) coloca-se muito à frente dos restantes, fixando-se os Países Baixos no segundo posto (€ 55700) e, mostrando-se muito próximos, entre si, os valores vigentes na Alemanha, na Áustria, na Bélgica e na Irlanda (v. gráfico). Nos dois momentos de referência, a Itália e a França mostram-se com os valores mais baixos de crescimento do salário médio (48.9 e 49.6%, respetivamente); em termos monetários e, para os dois momentos de aferição, os salários médios mais baixos registam-se em Itália e Espanha.

2.2 - Países europeus ricos com moedas nacionais próprias (6)

No caso dos seis países europeus ricos que não adotaram o euro como moeda própria, a Suíça é o que apresenta os indicadores mais elevados, mesmo considerando os países que adotaram o euro, em 2000 e 2021.

Em 2000 ou em 2021, os salários médios mais elevados da Europa mostram-se no Luxemburgo (€ 35900 e € 65500) no âmbito da zona euro; fora da zona euro, na Europa os salários mais elevados registam-se na Suíça - € 46600 e € 90000 para os anos referidos. Os crescimentos salariais mais fortes, no período 2000/2021, nos países da Europa não adoptantes do euro, observam-se de novo, na Suíça (+92.3%) e na Islândia (+84.6%); entre os países que têm o euro como moeda corrente, o maior dinamismo regista-se no Luxemburgo (+82.6%) e na Finlândia (+81.8%).

A perda de relevância da Grã-Bretanha é evidente. Em 2000, o salário médio era o segundo mais elevado entre os países não integrantes na zona euro e, apenas ultrapassado pela Suíça. Em 2021 e, nos seis países referidos como tendo moeda própria, o salário médio só é mais baixo que na Grã-Bretanha, no caso da Suécia.

Para que fiquem mais evidentes as diferenças, na Europa, dos salários médios dos países mais ricos do continente – adoptantes ou não do euro – registe-se que, em 2021 o salário médio na Itália corresponde a metade do vigente no Luxemburgo; e que o salário médio nos Países Baixos vale tanto como dois salários médios em Espanha.

2.3 - Países europeus não ricos mas que adotaram o euro (10)

Como adiante se verá, este conjunto heterogéneo engloba vários países do Mediterrâneo Oriental (Chipre, Grécia e Malta); países do Báltico (Estónia, Letónia e Lituânia); países do Leste (Croácia, Eslováquia e Eslovénia), a que juntamos de novo Portugal, tendo em conta a proximidade dos níveis salariais; e, a despeito da sua inserção geográfica, na orla ocidental, onde se encontram os países mais ricos da Europa.

Em 2000, os países bálticos, a que se poderá juntar a Eslováquia, detinham níveis salariais bastante mais baixos do que os restantes. Naquele ano, a Grécia era o mais rico deste grupo de países, seguido pela Croácia e Portugal, com os restantes, bem mais atrás.

Em 2021, os salários mais elevados no seio deste grupo cabem a Malta, Chipre, Eslovénia e Portugal, com a Grécia na quinta posição, conseguida pela célebre “troika”, na sequência do aperto aplicado pelas instituições comunitárias e financeiras. Por seu turno, a Croácia, na segunda posição quanto a salários médios em 2000 passou, duas décadas depois, a apresentar um indicador pouco superior ao referido para aquele ano. Finalmente, em 2021, Portugal é ultrapassado pela Eslovénia e por Chipre, melhorando a sua posição no ranking apenas perante a Grécia.

(1)      Malta apresenta dados para 2005/12 e 2019/21; e, Chipre

apenas para 2019/21 e 2005/07. (2) Croácia 2013/21


2.4- Países europeus não ricos e sem adopção do euro (6)

Os países aqui considerados são todos membros da UE, excepto a Turquia. No caso desta última, a reforma monetária de 2005 produziu efeitos escriturais que conduziram a uma descida do salário médio nas comparações internacionais e na cotação da moeda nacional em euros. E, isso reflete-se, claramente, no gráfico abaixo.

Excluído o caso da Turquia acima exposto, há a registar a grande variação dos salários médios observados na Roménia (7.7 vezes) no período 2000/21, bem como o registado para a Bulgária (6.9 vezes). Para os outros países referidos – Polónia, Hungria e Rep. Checa o incremento do salário médio é o mais elevado. A comparação que se fizer com os países da Europa Ocidental – muito mais ricos - é marcante – 1.83 vezes no Luxemburgo e 1.81 na Finlândia no mesmo período.

2.5- Países ricos não europeus (6)

Dividimos em três grupos a amostra de países ricos e não europeus. Dois localizam-se na América (Canadá e EUA); outros dois na Ásia Oriental (Coreia do Sul e Japão); e os restantes integram a Australásia (Austrália e Nova Zelândia). Facilmente se observa que estes países ricos são únicos nas suas respetivas áreas de inserção continental e que a África não apresenta qualquer caso de elevado nível de riqueza.


Entre os países considerados há a sublinhar o grande crescimento do salário médio observado na Austrália e da Nova Zelândia; com os EUA e o Canadá numa segunda linha, apresentando valores muito próximos mas inferiores aos indicadores apresentados pelos “cofres” europeus, Luxemburgo e Suíça, como atrás se observou. Por outro lado, o Japão perde a sua posição cimeira registada em 2000, enquanto em 2021 a Coreia do Sul é ultrapassada pelo nível salarial médio apresentado pela Nova Zelândia.

2.6 - Países não europeus, nem ricos (4) 

Perante o enorme número de países e povos com baixo nível de vida; e, sobretudo, com baixos níveis salariais médios, escolhemos aqui, no ponto 2.6, quatro países do continente americano, como reflexo de uma realidade que se revela para além dos países ricos da Europa; e que abarca toda a África, bem como a esmagadora maioria da Ásia. No plano deste estudo, os países que escolhemos retratam essencialmente a América de língua espanhola.

As desigualdades acima patentes são bem expressivas. Em 2001, o salário médio na Costa Rica, no Chile e, mesmo no México, poderia ser tomado como equiparado; em 2021 os dois primeiros quase duplicaram, enquanto no México sobressai uma verdadeira estagnação dos salários médios, como se pode observar. A Colômbia mostra no período um crescimento medíocre do salário médio tendo em conta o lapso de tempo em presença.

Por todo o planeta, a existência dos estados-nação é essencial para a segmentação dos salários médios, sua competitividade e, para a satisfação das capacidades dos aparelhos produtivos nacionais; para além da rapina que é tolerada pelos povos, perante o poder dos aparelhos repressivos estatais, das oligarquias políticas e empresariais. Estas estruturas políticas e económicas nascidas nos séculos XV e XVI instauraram o capitalismo e tornaram-no, não só dominante, como tolerado pelos povos, até hoje.

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