terça-feira, 22 de março de 2022

A NATO na senda de Hitler – Drang nach Osten

A actual fascização dos poderes, brota, sob formas descuidadas e enganosas, de uma “informação” que se propaga, com superficialidades ou mentiras e, aceites por gente acéfala, com vidas precárias, desatentos manipulados pela grande maioria dos media que, na sua grande maioria, são infectas lixeiras. Ninguém se deverá admirar se a escalada militar conduzir a uma guerra devastadora na Europa, tomada como arena de treino do Pentágono.

As nossas famílias, as nossas casas, os nossos meios de subsistência estão em risco; e, os cemitérios podem vir a tornar-se… investimentos muito rentáveis.

Sumário

1 - Os antecedentes. Da engorda da NATO ao covid-19

2 - Sobre a Ucrânia e o negócio do armamento

3 – O militarismo é um perigo para a Humanidade

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1 - Os antecedentes. Da engorda da NATO ao covid-19

Há um século a imperial Inglaterra ainda dominava os mares com a sobranceria de grande potência e, como a dona racista de um império colonial onde o sol estava sempre tão presente como a vergasta nas costas dos colonizados; beneficiando da derrota da Alemanha na Guerra de 1914/18 e das fragilidades da Rússia, saída daquela guerra arrasada pela fome e pela guerra civil.

Mais tarde, a mesma Inglaterra aguentou-se perante os ímpetos de Hitler depois da ocupação nazi da França e da fascização de quase toda a Europa, a que escaparam como neutrais, apenas a Irlanda, a Suécia e a Suíça; esta como essencial plataforma financeira e de encontros secretos entre os grandes capitalistas. Ficaram também de fora os regimes clericais-fascistas da Península Ibérica, onde Portugal mantinha a sua dependência face à Inglaterra mas vendendo volfrâmio aos dois lados da guerra e, uma Espanha fascista que, exausta, depois da guerra civil se colocou, cautelarmente, de fora da guerra europeia mesmo que tivesse arquitetado planos com a Alemanha para ocupar Portugal, no sentido de eliminar a possibilidade de ali acontecer um desembarque inglês.

É claro que a Inglaterra teria soçobrado se não existisse um apoio constante dos EUA. E estes, aproveitaram a guerra na Europa e no Oriente para sair da recessão dos anos 30, sem qualquer belisco provocado pelos inimigos, no seu próprio território (para além de Pearl Harbour); só se poderia queixar da sua tara neoliberal. Por outro lado, Hitler viu-se obrigado a invadir a URSS para atingir as reservas petrolíferas do Cáucaso e as terras negras da Ucrânia, para ter combustíveis e cereais, abrindo uma outra frente de guerra; o que lhe foi fatal.

A segmentação da Europa entre o Leste e o Oeste depois da II Guerra facilitou a continuidade da presença de tropas e bases militares dos EUA na Europa Ocidental, tendo como argumento a defesa face a uma eventual investida da URSS que, entretanto havia ocupado a Europa Oriental. Do ponto de vista ideológico confrontavam-se dois modelos; um, pluripartidário, que compreendia o domínio do capital privado, engordado por um forte sector público; e outro, com predomínio de empresas públicas e de um partido único (mesmo que formalmente uma coligação, como na Alemanha de Leste). É evidente o predomínio da acumulação de capital em ambos os modelos, com a subalternidade de fórmulas efetivamente democráticas de decisão; num, uma classe política surgia como representante dos capitalistas privados e, no outro, a classe política acumulava funções políticas com a gestão económica.


Com a guerra na Ucrânia e a barragem mediática sobre o tema, o covid parecia ter ficado arrumado para um canto. Porém, como a guerra estará para durar, na paróquia lusa, a histeria em torno do covid começou a ceder perante um retorno aos tempos da histeria anticomunista; mesmo que o dito comunismo paire em lugar ignoto, pouco além dos livros de História. Brilham nessa histeria o ausente Biden, o imbecil Boris e, toda a caterva dos gerentes dos países europeus.

Na paróquia portuguesa, uma vez mais, brilha o fabuloso ministro Augustus SS, sempre atento para traduzir as sábias palavras do Stoltenberg; este que, por seu turno, irá reportar a um homem de enorme acuidade política… um tal Biden. Enfim, uma hierarquia de luxo.

Para aumentar a diversidade, chegaram aos vossos ouvidos mais umas presidenciais vacuidades, como a colocação, em Lisboa, de uma placa de uns 20cm, num banco de jardim, inserida na visita do presidente esloveno; um evento revelador da vacuidade reinante na Europa e não só na paróquia lusa.

2 - Sobre a Ucrânia e o negócio do armamento

A idiotia que carateriza a classe política portuguesa, bem como os media, distorce totalmente a questão da Ucrânia. Mas ficou longe do auge da imbecilidade atingido quando a famosa CNN anuncia um porta-aviões chinês a sobrevoar Taiwan.

A guerra na Ucrânia estará para durar e, na paróquia lusa parece ter-se regressado aos tempos da guerra colonial, com o grosso dos escribas e dos comentadores televisivos a encontrar nos russos a encarnação do Mal; tal como, antigamente, em Fátima se orava pela conversão da Rússia. Cinquenta anos atrás, também os russos eram apontados pela sua malvadez de apoiarem os “terroristas” - tomados por agentes de Lúcifer - empenhados em combater a civilização, o progresso, o amor à lusa pátria por parte dos africanos; estes, obviamente, comovidos e orgulhosos perante o flutuar da feia[1] bandeira portuguesa. Naquele tempo, a defesa da pátria e da civilização ocidental e cristã era desempenhada na tv por indivíduos tão repelentes como Dutra Faria, Barradas de Oliveira e João Coito, empedernidos fascistas; hoje, muitos plumitivos replicam uma atitude semelhante. Falta de isenção, por troca por um prato de lentilhas.

Na Europa em geral e em Portugal em particular, por osmose e, na sequência dos interesses da imprensa, dominada por grupos político-financeiros, todos se tornaram, hoje, russófobos tal como no tempo do fascismo se referiam aos "comunistas".

Apela-se à integração da Ucrânia na UE quando a questão que se coloca é a da integração daquele país na NATO, na órbita dos EUA. Os EUA querem vender armas na Europa e, criar um dispositivo militar junto da fronteira ucraniana com a Rússia, para garantir o negócio. Recorde-se que em 1962, os soviéticos colocaram mísseis em Cuba e a guerra global poderia ter ocorrido se Kruschev não tivesse recuado; tudo indica que desta vez o recuo caberá aos EUA e à sua NATO, mesmo que a Ucrânia fique arrasada.

Estrategicamente, a dependência da UE face à Rússia é muito elevada e vai para além do abastecimento de energias fósseis, níquel e cereais, etc. Tomando a Alemanha, como exemplo do que se passa na Europa, as importações dos EUA em 2021 foram irrelevantes (85 M de euros), quando comparadas com as do principal fornecedor europeu, a China (167 M de euros), num total geral de 1172 M de euros. Para vender, os EUA só têm armas e “Hollywood”.

No caso da China, as exportações deste país para os EUA em 2020 são 3.3 vezes superiores às importações; e, no caso das exportações dos EUA para a China, no mesmo ano, aquelas não absorviam mais do que 6.6% das importações chinesas; o que em termos meramente económicos significa a situação insustentável de um deficit comercial de 317 M de euros. Por outro lado, em 2021, a China – o principal fornecedor dos EUA – representava 18.4% do total enquanto a mesma China somente absorvia 8.6% das exportações norte-americanas, ocupando um terceiro lugar, a seguir ao Canadá e ao México.

Esses desequilíbrios aumentarão com o desenvolvimento das Rotas da Seda - obrigatoriamente a passar pela Rússia – uma vez que a ligação marítima China/Europa é muito mais demorada e cara. E há que contar com desenvolvimentos na ligação Extremo Oriente/Europa através do Ártico.

A Europa tornou-se uma semicolónia dos EUA, sendo estes que decidem o armamento a comprar às Lockheed-Martin, Raytheon, Boeing, Northrup e General Dynamics; e que decidem – em nome dos sagrados interesses da NATO - a parcela do PIB dos europeus destinada à compra de armas americanas (2%). Perante o "perigo" russo, os EUA querem aumentar aquele montante, acentuando a subalternidade política da Europa e os ínvios compadrios com muitos dos seus toscos chefes.

O interesse dos EUA com a integração da Ucrânia, como se sabe, é colocar bases militares junto da fronteira russo-ucraniana para que… os russos possam passear ao longo da fronteira e tirar retratos à cangalhada militar made in USA; é criar uma nova cortina (não de ferro, como antes) e acentuar o papel da Europa como sucursal dos decadentes EUA, alongando essa subalternidade para as próximas gerações.

Essa decadência pode observar-se na forma como os governos dos EUA trataram a pandemia; e como uma empresa, a Pfizer soube aproveitar o covid para engordar, no âmbito de uma administração titulada por um intrujão ignorante como Trump; o tal que soube criar condições para clamar um “America first” através de um número de casos covid (81 milhões), superior aos da soma Índia+Brasil (73 milhões) mesmo que estes dois países tenham cinco vezes a população dos EUA.

Outro exemplo a referir é a ridícula aliança militar AUKUS (EUA/GB/Austrália) para fazer frente à China! E, parece que nenhum outro país do Oriente se quis meter nas aventuras do reino da pastilha elástica… Trata-se de uma esquálida imagem da velha SEATO, uma aliança dissolvida em 1977 e que abarcava então, os países atrás mencionados e mais cinco[2], com a mesma obsessão de hoje - isolar a China.

Hoje, os EUA querem expandir para a Ucrânia umas quantas bases militares para replicar o que fizeram num artificial Kosovo, depois da fragmentação da Jugoslávia; e, como aconteceu na Coreia do Sul e no Japão onde os EUA mantêm instalações militares desde o período 1945/55, para policiar… a China, como é evidente.

Como antimilitaristas com provas dadas - algo quase inexistente na classe política - não aceitamos que os EUA polvilhem o planeta com centenas de instalações militares espalhadas por aí; e que se estariam a preparar para colocar mais umas na Ucrânia, dirigida pelo comediante Zelensky e os reciclados nazis da praça Maidan em Kiev, em 2014; obrigando os russos a reagir, perante a provocação dos EUA e do pelotão de imbecis e incapazes que gerem mais de 500 M de europeus.

Os decadentes EUA envolveram a Europa em conflitos que só serviram os interesses do complexo militar-industrial norte-americano, beneficiando do desmembramento da URSS em 1989. O predomínio do poder da indústria militar sobre presidentes medíocres como George W Bush, Trump ou o diáfano Biden, não deve fazer esquecer as guerras de Clinton nos Balcãs e, as de Obama, no Iraque, na Síria, na Líbia, no Afeganistão; este último país, entretanto abandonado por Biden de um modo desastrado, revelador da sua derrota e, mostrando o evidente racismo que vitimou o povo afegão, durante vinte anos. Nos EUA, os dominantes wasp’s[3] mostram à evidência o racismo face a negros, latinos, muçulmanos e outros.

Outra cruzada dos EUA focou-se na não utilização do North Stream 2 para sabotar a parceria russo-germânica no abastecimento barato de gás. E, os burocratas de Bruxelas, como os nacionais – quais mansos cachorros - preferem pagar mais caro o gás e encarecer o custo de vida dos europeus – com origem nos EUA (gás de xisto), no Qatar ou na Argélia, em detrimento dos rendimentos dos povos europeus; desobedecer à suserania de Washington, é que não!. Na realidade, irão pagar uma renda à decrépita economia dos EUA, enquanto os povos europeus se não lembram de mandar ao mar os obtusos burocratas de Bruxelas e, do outro lado da porta giratória, dos mais repelentes elementos das classes políticas nacionais.

No final da II Guerra os EUA criaram dois macro-objetivos. Um, foi o de tomar o dólar como a moeda internacional de referência, espalhando dólares por aí, numa quantidade jamais susceptível de troca por ouro ou qualquer outra moeda; o que significa que o dólar não tem qualquer valor, atual ou no futuro, para mais com as congeminações de russos e chineses para se colocarem fora do uso do dólar. O outro macro-objetivo foi o de manter a coutada europeia em boa ordem, com compradores de armamento norte-americano, exacerbando a ameaça russo/soviética, para além do povoamento da Europa com instalações militares, perfeitamente inúteis.

Com o final do Pacto de Varsóvia e do Comecon, os capitais alemães avançaram para Leste comprando equipamentos e recrutando mão-de-obra, qualificada e barata. Seria lógico que os europeus, educadamente, remetessem de regresso a casa os soldados americanos na Europa e deixassem devolutas ou desmanteladas as bases militares, como aconteceu, de facto, com as Lajes[4]; e como aconteceu com as tropas russas presentes nos países do Leste, depois da queda do “Muro”. Pelo contrário, a NATO não arredou pé e espraiou-se por quase toda a Europa Oriental e nos Balcãs, excepto a Bielorrússia, as repúblicas do Cáucaso, a Moldávia e a Ucrânia, numa evidente pressão militar sobre a Rússia.

Simbolicamente, tudo se deteriorou quando embebedaram Ieltsin para ele aceitar que os países do Pacto de Varsóvia integrassem a NATO; os oligarcas corruptos do “socialismo real” passaram a mostrar-se dedicados gestores neoliberais.

Por outro lado, o desmoronamento da URSS foi aproveitado pelos EUA para, através da guerra e, para gáudio do seu complexo militar-industrial, proceder à desestruturação económica, política e militar nos Balcãs[5], no Médio Oriente e na Líbia; a que se seguiu, mais tarde, a tentativa falhada de integração da Venezuela (e do seu petróleo) na órbita dos EUA[6].

Agora, a NATO quer aproveitar para aumentar o domínio e a venda de armas made in USA. Os EUA com uns 4.7% da população mundial gastam 50% dos gastos militares totais; e têm centenas de instalações militares espalhadas pelo mundo; sem nos esquecermos que os países da NATO, como a França e a GB têm armas atómicas, para além da entidade sionista detentora de umas cinquenta.

3 - O militarismo é um perigo para a Humanidade

Divulgaremos em breve um inventário condensado das instalações militares dos EUA pelo mundo; instalações militares, significa um espaço equipado para participar, direta ou indiretamente nas operações daquele país, um pouco por todo o mundo. Pode proceder-se a abordagens mais detalhadas recorrendo a uma fonte norte-americana, bem informada sobre a matéria. Assim, comecemos por referir, por cada país ou território não autónomo o número de instalações militares sob a bandeira dos EUA.

E também, informação sobre os locais onde o Pentágono mantém os seus laboratórios que… certamente não se dedicam a produzir xaropes para a tosse.

Este e outros textos em:

http://grazia-tanta.blogspot.com/                               

https://pt.scribd.com/uploads

http://www.slideshare.net/durgarrai/documents

[1] Do ponto de vista cromático, verde e vermelho não constituem uma combinação elegante, sendo muito poucas as bandeiras que não intercalam entre aquelas cores, uma faixa branca, amarela, preta…

[2] França, Nova Zelândia, Paquistão, Filipinas, Tailândia e, como observadores, o Vietnam, o Laos e o Cambodja

[3] Wasp’s designação supremacista e racista que enquadra nos EUA a população “White”, “Anglo-Saxon” e “Protestant”

[4] As instalações das Lajes, inseridas em pleno Atlântico continuam ocupadas pelos EUA mas, sem o aparato militar do tempo da Guerra Fria. É sabido – pela passagem de presidentes chineses pelos Açores – que a China adoraria ter uma base militar no centro do Atlântico; algo que os EUA nunca aceitariam. Embora, pelo contrário os EUA tenham várias instalações militares e, bem equipadas, em torno da China (incluindo armas atómicas).

[5] O desmantelamento da Jugoslávia, com a independência das várias “tribos” balcânicas, originou entidades políticas minúsculas, identitárias e, um tal Kosovo onde foi instalada a  base de Goldsteen (a pequena Guantanamo) para a vigilância dos Balcãs. Participaram nesse desmantelamento, não só a força militar dos EUA (com dois meses e meio de bombardeamento de Belgrado) mas também o papel expansionista do capital alemão e o proselitismo do papa fascista Wojtyla, desejoso que os católicos eslovenos e croatas lhe viessem beijar o anel; como aliás aconteceu com um certo chefe de estado que colocou a sua religiosidade acima dos seus deveres públicos, num acto de vassalagem perante o chefe do Estado do Vaticano.

[6] Não se observou então o alarme da “comunidade internacional” (em regra entendida por EUA+UE+Austrália e, pouco mais); como a mesma “comunidade internacional” também não se incomodou, com as invasões e desestabilizações levadas a cabo no Afeganistão, no Iraque, na Síria, na Líbia ou no Yémen (nestes casos com todo o desprezo racista face a árabes e islâmicos. Nada que se possa comparar com a histeria e as diabolizações a propósito da guerra na Ucrânia protagonizadas por media sempre atentos na procura de sensacionalismos e do que vem da voz do dono.

 

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