terça-feira, 7 de abril de 2020

A inspiração de Marcelo depois de ver os tomates em Vila Franca



Depois de duas semanas de clausura, a preparar a sua pré-candidatura, Marcelo regressa ao seu habitual mediatismo. E, desta vez, é a sério; sem o folclore de selfies, beijinhos ou abraços mas, com Costa, nas suas costas, a aplaudir.
 
Marcelo, o dito supremo magistrado da nação, lidera o processo do estado de emergência, ofertando a Costa todas as medidas de caráter restritivo nas relações laborais, promulgadas em nome do vírus.
Como todos sabem que o sagrado PIB irá cair, à sombra dos efeitos do Covid 19, é fácil tornar o vírus num bom aliado para a destruição de PME e obter uma maior concentração de capital; esta, surge assim, caída dos céus, como uma inevitabilidade, sabendo-se que o Covid 19 não irá reclamar pela autoria dos danos que vem provocando. O desemprego vai aumentar? Paciência, é o funcionamento do “mercado de trabalho”, um nebuloso chavão que permite todas as interpretações; e a causa é o vírus, claro.
Costa aproveita porque se está nas tintas para a eleição presidencial, garantida que tem a mansidão da oposição ao governo, por tática (PSD) ou, porque nada têm a dizer ou a fazer, quanto ao resto dos animadores de S. Bento. E, portanto, está de pedra e cal no governo até 2023, deixando a chamada oposição par(a)lamentar num papel de… embrulho, o que acontece desde 2015 ou, mesmo antes. O estado pós-fascista em todo o seu esplendor!
Costa assistirá ao antigo leitor de contracapas fazer a sua pré-campanha eleitoral e apresentar-se como o cobrador dos favores que o regime tem feito ao sistema financeiro; aliás, sublinhado por Marcelo aos banqueiros, com frases tão claras quanto oportunas, tais como:
·      “A banca deve ao país, por causa das circunstâncias que todos conhecemos”  - e que todos sabemos desde a nacionalização do BPN, ao empréstimo da troika, à estreia mundial do Fundo de Resolução ditada por Draghi a um gaguejante Costa (o Carlos), o descalabro do chamado BES, com o abutre Lone Star… Marcelo fez bem em lembrar pois, toda a gente já se havia esquecido!
·      “Cada português contribuiu para viabilizar bancos”, € 2300, per capita, mais precisamente;
·      “É uma ocasião de retribuir aos portugueses”. Ninguém vai receber os € 2300, nem empréstimos a taxas de 1% mas… bastante acima disso;
·      "Linhas de crédito e [as] faça[m] chegar às empresas, que agilize, facilite, porque os processos bancários às vezes são demorados e difíceis". Claro que aqui os banqueiros terão concordado com S. Exa. (como em quase tudo) porque cada concessão de crédito, naturalmente, não deixará de ter em conta a viabilidade do negócio e as garantias oferecidas pelo candidato a devedor; é uma questão técnica, referida só para encher a inutilidade do encontro;
·      “Como (a banca) vê as medidas tomadas pelo governo” … claro que vê, pois governo algum toma medidas que toquem os interesses da banca, sem previamente ter o seu aval. Que o diga Sócrates, quando os bancos, em 6/4/2011, sob a sábia liderança do Costa (Carlos) decidiram convocar novas eleições e mandar Sócrates estudar para Paris com uma nutrida bolsa concedida pelo amigo Santos Silva;
·      "Saio desta reunião com a sensação de que a banca portuguesa está a acompanhar de forma atenta a situação do nosso país,…”. Fabuloso! Ficamos sabendo que os bancos, tal como os vendedores de gelados, estão sempre a ver novas oportunidades de negócio!  O que se aprende com este PR! Mais do que com o anterior que era um grunho, que cuspia mais do que falava.
Mas para não se pensar que o PR diz vulgaridades, vamos referir a espantosa proposta de Rui Rio, cujo conteúdo faz pensar é um rematado disparate e uma forma clara de defraudar o dinheiro público. Vejamos, Rio pretende uma linha de crédito às empresas, não de € 3000 M propostos pelo governo mas de € 10000 M… com 90% GARANTIDOS PELO ESTADO!!! E, ao que sabemos, a fabulosa CIP pretende 30 a 35000 M, o que nos levou a mandar uma mensagem ao primeiro-ministro a solicitar uns 40000 M para gozarmos umas merecidas férias quando terminar a quarentena. No aproveitar é que está o ganho…
Em termos mais realistas, o erário público distribui pelos fabulosos empresários à portuguesa € 10000 M e eles podem gastar sem grandes responsabilidades porque quem acarreta com os desvarios, os desvios e os azares é o… Estado!!! Dito de modo mais claro, de quem paga impostos!
Onde está o risco empresarial?
Na realidade, o proposto insere-se numa linha de atuação muito antiga que consiste no não cumprimento de deveres por parte das empresas e, de empresários, mais vocacionados para a rapina, para a compra de altas cilindradas do que para o investimento ou para um ganho de dimensão. Para o efeito, o aparelho de Estado é desconexo, minado pela corrupção e que surge como a salvação de empresários há muitas décadas habituados a essa prática. E Rui Rio parece inserido nessa mesma lógica, por compadrio ou ignorância.
O caso mais gravoso e dos mais antigos é o que se passa na Segurança Social, há muitas dezenas de anos, com o silêncio comprometido de governos e oposições. A dívida de médio/longo prazo – na sua esmagadora maioria devida por empresas, com prejuízo para quem recebe pensões de merda - para com a instituição, em milhões de euros é:
2012
2013
2014
2015
2016
2017
6791,7
7388,4
7932,9
8463,0
8944,6
9118,6

Que ninguém estranhe que ainda não se conheça a Conta da Segurança Social para 2018; é normal haver mais de dois anos de atraso. Aliás, há uma cultura, soprada benevolentemente pelos governos e assumida pelos funcionários de que “temos de os (empresários) ajudar pois são eles que financiam a Segurança Social”, numa lógica mesclada de espírito caritativo e de imbecilidade.


Este e outros textos em: 

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