terça-feira, 12 de novembro de 2024

O CATACLISMO QUE SE APROXIMA

Tendo em conta a difusão do que se chama informação, inclui-se ali o que é despejado sobre as multidões; o produto da apropriação pelos media, em regra, surge repleto de disparates e distorções que são sorvidas pelos media, mormente pelas televisões. O importante é a continuidade desse despejo, por mais repetitivo, disparatado e idiota que seja a típica produção dos media. 

O conflito na Ucrânia e a atual situação no Médio Oriente, acompanhados pela barbaridade sionista, correspondem a uma interligação entre a manipulação da chamada “informação” e a guerra, com evidentes benefícios para a indústria militar e para os envolvidos na criação de armamentos para as novas gerações.

Pouco importa para as elites políticas se os dirigentes são ineptos, corruptos ou mentirosos. Biden ficará sempre como um inepto, remetido para um canto da História, mesmo que seja mais relevante do que um assassino como Netaniahu.

 Os media promovem os produtos televisivos que manipulam e imbecilizam as grandes massas de elementos das classes médias e baixas. Em tempos passados, a informação era tomada como uma benesse para as massas populares, que nela confiavam; hoje, os media caracterizam-se em grande parte pelos sensacionalismos mediáticos, alimentando as pugnas entre os partidos políticos, entidades repletas de corruptos e incapazes.

Os media, estabelecem, apresentam e manipulam os imperativos definidos pelo capital global e, mais especificamente, pelos grandes grupos mediáticos. Por outro lado, pretende-se garantir a segurança das multinacionais, uma função que se cruza e se incorpora com a intervenção da área da defesa, mantendo-se a plebe, espalhada pelo planeta, particularmente atenta às pouco relevantes atitudes de descontentamento e protesto.

Os grandes conglomerados económicos e populacionais, podem ou não, corresponder a conjuntos de poderes nacionais. Assim, entre aqueles aglomerados situam-se a China, a Rússia, a Índia e os EUA, evidenciando-se a UE como uma entidade essencialmente política e económica mas sem prerrogativas de caráter nacional. Essas limitações, pese embora o tempo decorrido desde a fundação da UE, mostram-se evidentes nas diferenças políticas, nas origens históricas, linguísticas e culturais.

Nesse contexto, a UE mantém-se com uma grande heterogeneidade, com um conteúdo claramente economicista, como é típico nas instâncias nacionais, a começar pela diversidade de moedas nacionais. A globalização do capital apresenta uma situação de grandes diferenças no plano económico e, a menorização da grande maioria dos estados nacionais europeus, infiltrados por grandes grupos globais, no seio de um “mercado financeiro” onde os antigos negócios nacionais ficam ultrapassados ou conquistados. Se alguém se recordar das instituições bancárias portuguesas de há uns anos, terá de se conformar com o domínio das instituições estrangeiras.

Nunca o conceito de democracia se apresentou tão vazio e manipulado como nos tempos atuais; a intervenção do poder financeiro mostra um sistema em que o poder político é um biombo onde se articulam elementos das classes políticas nacionais, para a consolidação de um poder relativamente homogéneo, mesmo se a esse poder pertencem elementos nativos, desta ou daquela área territorial. No seio da UE cruzam-se os vários sectores nacionais, a intervenção dos grandes grupos financeiros e dos poderes políticos.

Tempos atrás dizia-se que o capitalismo iria ser suplantado pelo socialismo, não sendo fácil definir o que seja o socialismo, tantas têm sido as suas versões e amálgamas que têm surgido das simbioses políticas e económicas. Na realidade, o capitalismo tem um conceito muito claro, baseado no domínio por alguns da riqueza produzida, dotando os restantes de uma redistribuição desigual do rendimento, mais ou menos susceptível de equilibrar as diversas camadas sociais.

Este e outros textos em:

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segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Exportação e população num quadro global

 Exportação e população num quadro global

Neste texto vamos observar, tendo na base um conjunto de 222 países, as mercadorias importadas, medidas em mil milhões de dólares (em regra) e, tendo presente que os dados utilizados se referem aos anos integrados no período 1995/2016. Mais à frente, proceder-se-á a uma abordagem semelhante para a exportação.

1 – População com 100/200 milhões 

Começamos por considerar dois grupos especiais de países. Um, com populações na ordem dos 100 a 172 milhões de habitantes; mais concretamente, constituídos por um conjunto onde se inserem países como o Egipto, as Filipinas, o Japão, a Etiópia, o México, a Rússia e o Bangla Desh. E, um outro grupo, com populações acima de 200 milhões de pessoas, enquadrando os países mais populosos – o Brasil, a Nigéria, o Paquistão, a Indonésia, os EUA, a China e a Índia; com realce para os dois últimos, com populações mais de quatro vezes superiores a qualquer dos restantes. Observe-se também que esses países acima referidos, serão também observados tendo em conta os valores de exportação, registados para o período 1995/2016.

Assim, no período 1995/02 e, para os países incluídos naquela faixa de população, as exportações comparativamente mais baixas (assinaladas a azul nos quadros) evidenciam-se nas Filipinas, no México e no Bangla Desh (1995); na Etiópia (1996); no Egipto e no Japão (1998).

De modo mais conciso, observa-se o baixo valor (relativamente constante) apresentado pela Etiópia; e, os valores superiores do Bangladesh, face aos apresentados pelo Egipto mas mantendo-se ambos os países muito aquém do observado para os restantes.

Numa escala mais elevada situam-se as Filipinas e, regista-se que as exportações mexicanas se vêm afastando das referentes à Rússia. Finalmente, sublinhe-se o peso relativo das exportações japonesas, cujos valores no quadro superam a soma dos restantes países aqui contemplados; ainda que o crescimento não seja marcante. Comecemos pelos valores de exportação dos sete países com populações entre 100 e 172.5 milhões para o período 1995/2002.

 

 População ( (milhões)


        $ 1000 Milhões

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

102,3


Egipto

3444

3534

3908

3195

3501

5276

4825

5546

109,6


Filipinas

17447

20542

25228

29496

35037

38078

32150

35208

124,1


Japão

442937

410947

421053

388136

417610

479276

403344

416729

125,1


Etiópia

422

417

554

560

449

482

455

480

134,1


México

79541

95661

110047

117325

136263

166294

158386

160751

146,1


Rússia (Fed.)

78217

88703

85889

72276

72885

103093

99868

106692

 172,5


Bangla Desh

3407

4249

4832

5057

5497

6389

6080

6149

Se nos focarmos no período 2003/9 observamos que os níveis mais baixos de exportação dos países contemplados no quadro, se concentram no ano de 2003. A Etiópia surge, de novo com valores muito baixos enquanto as diferenças entre o Egipto e o Bangla Desh manifestam um crescimento mais notório; por seu turno, as Filipinas registam uma relativa estabilidade comercial neste período. O Japão apresenta valores muito elevados em 2007/08; o volume do México supera a exportação registada pela Rússia mas, apenas em dois anos (2003/04); a Rússia, no quadro abaixo, consolida a sua posição, mantendo-se o Japão como primeiro exportador do grupo.

População (Milhões)


$ 1000 Milhões

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

102,3


Egipto

7408

9661

12912

16728

19224

25967

24182

109,6


Filipinas

36231

39681

41255

47410

50466

49078

38436

124,1


Japão

472007

565761

594941

646725

714327

781412

580719

125,1


Etiópia

513

615

926

1043

1277

1602

1618

134,1


México

164907

187980

214207

249961

271821

291265

229712

146,1


Rússia (Fed.)

133656

181600

241452

301551

352266

467994

301796

172,5


Bangla Desh

6403

8267

9332

11697

13143

15507

15559













































































No período seguinte contido nos quadros (2010/16), observa-se a estabilidade da exportação egípcia, bem como das Filipinas ou do México. Evidencia-se uma presença dispersa quase total dos mais baixos valores (2011) para a grande maioria dos países considerados. E, 2015 é um ano de volumes elevados na exportação mas, com a situação a decair na generalidade, em 2016.

População

(Milhões)


$ 1000 Milhões

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

102,3


Egipto

26332

31582

29417

28779

26812

21967

25468

109,6


Filipinas

51498

48042

51995

56698

61810

58648

56313

124,1


Japão

769774

823184

798620

715097

690217

624874

644932

125,1


Etiópia

2330

2615

2891

3112

3427

3050

2919

134,1


México

298305

349327

370707

379949

396882

380601

373883

146,1


Rússia (Fed.)

397068

516993

524766

527266

497834

3439084

285491

172,5


Bangla Desh

19231

24314

24514

29114

30103

32734

34275














Sinteticamente, a consideração dos valores nacionais de exportação e a dimensão das populações permitem uma síntese repartida em quatro momentos considerados (1995, 2003, 2010, 2016). Assim, as capitações da exportação calculadas nesse período, pelas populações entre 100 e 200 milhões de habitantes, revelam as enormes diferenças entre os vários países do conjunto.

 

10^6  hab

$1000 M

 

1995

2003

2010

2016

Egipto

102

3444

7408

26332

25468

Filipinas

110

17447

36231

51498

56313

Japão

124

442937

472007

769774

644932

Etiópia

125

422

513

2330

2919

México

134

79541

164907

298305

373883

Rússia (Fed.)

146

78217

133656

397068

285491

Bangla Desh

173

3407

6403

19231

34275

A Etiópia apresenta os valores mais baixos dos países considerados em todo o período e o Bangla Desh mostra valores inferiores aos revelados pelo Egipto, excepto no último ano considerado. Por seu lado, as Filipinas mantêm a sua posição relativa, mais do que triplicando o volume das exportações. O México mostra-se como o segundo país presente na tabela (entre todos os que têm uma população de 100/200 milhões de habitantes), só ultrapassado uma vez, na tabela apresentada, em benefício da Federação Russa, excepto em 2010. Finalmente, o Japão mostra-se um grande exportador, numa escala global, como é sabido. As estruturas comerciais mostram diversidades enormes. O Japão em 1995 comercializava $ 442937 mil milhões contra $ 157758 mil milhões do binómio México/Rússia. Em 2016 a situação alterou-se substancialmente, uma vez que o binómio referido revela um volume comercial de $ 659374 mil milhões colocando-se a par com o valor apresentado pelo Japão ($ 644932 mil milhões) no mesmo ano. O Pacífico alterou muito o volume do seu comércio num período de vinte e um anos…

2 -  População acima de 200 M milhões

Passaremos, em seguida, a observar o conjunto de países com populações superiores a 200 milhões de pessoas e que agregam um total de 4150 M, com o predomínio evidente da China e da Índia, cujo volume se situa em cerca de 2856 M de seres humanos. Note-se a grande diferença face ao topo dos países com população entre os 100 e os 200 M, cujo total de 914 M é pouco comparável com os sete países mais populosos.

Quanto aos sete países mais populosos do mundo no período 1995/2002, é patente o volume da exportação apresentada pelos EUA que, no período, representa cerca de 70% do conjunto em 1995/99 mas que decai, nos anos seguintes, até se cifrar nos 60% do total, em 2002. Se em 1995 a exportação chinesa era apenas equivalente a ¼ da correspondente norte-americana, em 2002 atingia 47%. Os outros países, mesmo considerando o seu peso demográfico, apresentam valores comerciais muito diversos dos dados referentes à China. A Índia aumenta as suas exportações neste período em 58% e a Nigéria alcança cresce 50.8 %, com os EUA a apresentarem um crescimento comercial em torno dos 18.9%.

 

População (milhões)

 

 

 

 

 

 

 

 

 $ 1000 Milhões

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

212,6

Brasil

46505

47746

52986

51120

48011

55119

58287

60439

223,9

Nigéria

12342

16154

15207

9855

13856

20975

18046

18607

240,2

Paquistão

8158

9322

8717

8498

8383

9201

9246

9900

277,2

Indonésia

`-

`-

`-

`-

`-

`-

`-

`-

340,0

EUA

582965

622784

687533

680435

692784

780332

731006

693222

1426,4

China

148779

151047

182792

183809

194931

249203

266098

325596

1429,9

Índia

31699

33469

34794

33207

36672

42358

43878

50098

Observemos, de seguida, os elementos referentes ao período 2003/09 com a maior relevância, uma vez mais, dos EUA e da China, com esta última a ultrapassar a exportação dos EUA a partir de 2007. Quanto ao dinamismo e ao volume comercial, a China e a Índia destacam-se com níveis muito elevados de crescimento de 119 e 58%, seguindo-se-lhes a Nigéria e o Brasil com um volume de comércio relativamente baixo. O Paquistão e os EUA apresentam um dinamismo comercial mais fraco, entre os estados mais populosos, ainda que em escalas de exportação muito diferenciadas; face a 2003, a crescimento comercial do Paquistão cresce 47% e, os EUA, 46%, pese embora a diferença no volume transacionável. Note-se a quebra por todos os países do grupo, dos valores de exportação em 2009, face aos anos anteriores.

População (milhões)

 

 

 

 

 

 

 

 

 $ 1000 Milhões

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009


212,6

Brasil

73203

96677

118529

137806

160649

197942

152994


223,9

Nigéria

24078

38631

45789

59215

66606

81821

56742


240,2

Paquistão

11930

13379

16050

16933

17838

20279

17555


277,2

Indonésia

61058

71582

85660

100799

114100

137020

116510


340,0

EUA

723609

817906

904339

1037009

1162538

1299999

1056712


1426,4

China

438228

593326

761953

968936

1220060

1430693

1201647


1429,9

Índia

59361

75904

100353

121201

145898

181861

176765


Quanto ao período mais recente (2010/2016), observa-se uma quebra generalizada, expressa no quadro que se segue, para os países com população superior a 200 M. Os dados relacionados com os EUA mantêm em 2016 valores equiparados aos observados em 2011; a China apresenta os melhores resultados em 2013/15 e, uma quebra evidente em 2016. No Brasil, a quebra na exportação observa-se no período 2012/16; o mesmo é observado para a Nigéria e para o Paquistão.  O período 2011/16 apresenta as mesmas caraterísticas, já referidas, para o Paquistão.

População (milhões)

 

 

 

 

 

 

 

 

 $ 1000 Milhões

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016


212,6

Brasil

201915

256039

242578

242033

225098

191127

185235


223,9

Nigéria

86568

125641

114700

102400

102879

56135

35822


240,2

Paquistão

21413

25344

24614

25121

24722

22089

20534


277,2

Indonésia

  157779

-

-

-

-

-

-


340,0

EUA

1278099

1481682

1544932

1577687

1619743

1501846

1453167


1426,4

China

1577763

1898388

2048782

2209007

2342293

2273468

2097637


1429,9

Índia

220408

301483

289565

336511

317645

264381

260327


                                                                                                                 Não dispomos de dados para a Indonésia a partir de 2011

Finalmente, observemos um quadro sintético sobre o comércio em 1995/2016, para os países de maior população. No caso do Brasil, da Nigéria e do Paquistão, o crescimento do valor é grande nos três primeiros momentos mas há uma evidente decadência em 2016. No caso da Indonésia, o crescimento entre 2003 e 2010 é notório.

No caso dos EUA, o comércio cresce regularmente, cerca de 2.5 vezes, entre 1995 e 2016.. E, finalmente, para o caso da China o crescimento é de 14.1 vezes e o da Índia de 8.2 vezes. 

 

10^6  hab

$1000 M

 

1995

2003

2010

2016

Brasil

  201.2

46505

73203

201915

185235


Nigéria

223,9

12342

24078

86568

35822

Paquistão

240,2

8158

11930

21413

20534

Indonésia

277,2

-

61058

157779

-

EUA

340,1

582965

723609

1278099

1453167

China

1426,4

148779

438228

1577763

2097637

Índia

     1429,9

31699

59361

  220408

  260327

 Estudo elaborado por     Grazia.Tanta@gmail.com                           outubro/2024