A nossa intervenção vai para além de textos mais estruturados, como os que
habitualmente são publicados no blog e nos outros sites habituais. Decidimos
proceder a esta primeira coletânea de textos recentes.
A
- O ESPANADOR OU A IDA DE
MARCELO AO BRASIL
B - CONHECEM O FERRA(BRAZ) DA COSTA?
C –
A
PROPÓSITO DOS 20 ANOS DO EURO
D -
O VATE E O OXÍURO
E - COSTA, UM MECENAS
QUE USA DINHEIRO ALHEIO
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A - O ESPANADOR OU A IDA DE
MARCELO AO BRASIL
1 - Intróito
Um espanador é uma
apetrecho doméstico que sacode o pó de um local, espalhando-o para as suas
imediações. Isto é, não limpa nada, não serve para nada.
2 – Marcelo no Brasil
Marcelo tinha de ir ao
Brasil, mesmo sozinho, sem a companhia de qualquer outro chefe de estado da UE,
quebrando assim o tradicional e servil alinhamento face ao resto da turma.
Desta vez, Marcelo tinha uma razão forte, tocante mesmo, ao contrário das
habituais razões fracas que consubstanciam as suas inúmeras deslocações.
Marcelo tinha de ir ao Brasil para pagar uma dívida!
É que...foram os
militares da ditadura brasileira que durou até 1985 que acolheram nos braços o
outro Marcelo, padrinho deste Marcelo. E isso o Marcelo atual não terá
esquecido. Comovedor.
Marcelo no Brasil
teria de falar sobre qualquer coisa e, brilhantemente, lembrou-se que a CPLP
existe, para justificar a viagem. E levava preparadas duas horas de discurso
para sensibilizar Bolsonaro sobre a CPLP.
Não se sabe é se
Bolsonaro sabe o que é a CPLP; ou, se tão focado que anda na deslocação da
embaixada brasileira para Jerusalém, não terá feito confusão entre CPLP e OLP.
E não obteria esclarecimentos dos seus ilustrados ministros…
Mal Marcelo começou a
explicar a diferença, Bolsonaro já estava a dizer "Nexti" para
atender outro notável, alguém que estava na fila para lhe prestar a devida
vénia.
3 – Mais uma volta,
mais uma viagem!
Se não fosse ao Brasil
Marcelo tinha de ir a algum lado para preencher um buraco na agenda, coisa que
ele não admite possa existir. E teria colocado os seus assessores, a fazerem
serão, a vasculhar no mapa mais locais para a veneranda figura ir, com um bolo
de vacuidades polvilhado de beijos e abraços.
Quando os assessores
não descortinam convites, Marcelo inventa um local e convida-se a si próprio,
sabendo que terá um cortejo de jornalistas e cameramen atrás dele.
É uma verdade incómoda
para o regime pós-fascista que se diga que a figura do PR
é uma reminiscência monárquica e que não serve para coisa alguma de substantivo; e que se mantém 109 anos depois do fim da
monarquia!
5/1/2019
B - CONHECEM O
FERRA(BRAZ) DA COSTA?
· É um homem coerente, pois já era ultra-reacionário
quando estudante, antes de 25A e, continuou a sê-lo mas acrescentando o
ressaibo, a saudade dos bons tempos do fascismo. Como primeiro líder da CIP,
representou o entulho empresarial português cuja caraterística, única na
Europa, é ser aquele que apresenta menos habilitações do que os trabalhadores.
Daí a aposta no baixo salário, no baixo investimento (excepto quanto a carros
de luxo, como bons saloios) e a baixa produtividade… de onde resulta ser
Portugal o país mais atrasado da Europa Ocidental;
· Fala pouco mas diz sempre barbaridades.
Na Europa há muitos países com horários inferiores a 35 h e que não são ricos -
Bulgária, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Hungria, Rep. Checa, Roménia e
Croácia.
· Um patrãozeco português paga anualmente
25709 (pps) contra uma média europeia de 36221 e, 35919 em Espanha ou 49711 na
Bélgica, por exemplo… onde até se trabalham menos horas. Se em Portugal o
trabalho é mais barato e para jornadas de trabalho superiores é porque o
empresariato é um conjunto de incapazes, rascas geradores de
subdesenvolvimento.
· Não diz o Ferra(braz que, segundo inquérito da Deco, 42% dos
trabalhadores trabalha mais de 40h/semana; e que 64% do total não recebe pelas
horas extraordinárias. Nem diz que o patronato – em conluio com os governos –
deve de contribuições para a Seg Social, o equivalente a 12 meses do total das
pensões… coisa inconcebível na Europa civilizada.
Se houvesse uma imprensa
decente, tê-lo-iam confrontado com estas
questões, não?
3/1/2019
C - A PROPÓSITO DOS
20 ANOS DO
EURO
1.
A UE tem sido uma união de oligarquias nacionais, de
estados-nação desiguais e que se desenvolveu numa tentativa de fuga a uma grande
subalternidade face ao poder dos EUA no pós-guerra. Tanto a Comissão Europeia
como as oligarquias nacionais estão ao serviço do sistema financeiro global,
das multinacionais, dos grandes grupos nacionais, numa consolidada rede de
compadrio e corrupção nas quais brilham os gangs partidários locais.
2.
Ninguém pense que a UE alguma vez vai ser democrática tal como o
não são os estados-nação componentes. Para que o sistema se vá reproduzindo,
tem de disfarçar o seu caráter oligárquico através de uma coisa designada
“democracia representativa” protagonizada por partidos de poder e outros – uns
mais à direita, outros menos à direita – todos alegres convivas na mesa do
respetivo orçamento. Democracia não é possível em capitalismo.
3.
Há 20 anos - que se cumprem a 1/1/2019 - surgiu o euro como
elemento facilitador de trocas e da movimentação de capitais e gerador de maior
entrosamento entre os estados-nação.
4.
A maioria dos portugueses, como a maioria dos europeus não vive
satisfeita com a UE; mas ou consideram-na como um mal menor ou anseiam um
encerramento nacionalista com cheiro a fascismo. Em Portugal, mais
precisamente, há saudosos do império colonial e os incapazes de perceber o
declínio dos estados-nação, mormente pequenos e médios, numa era de
globalização de mercados, de entrosamento de ideias, culturas e corpos.
5.
A questão que hoje, se deve colocar é que o desastre teria sido
muito maior sem o euro. Vejamos porquê:
- Portugal não tem um empresariato
dinâmico. Hoje, como no tempo de Salazar, os ditos empresários vivem
encostados ao favor público, pago através da corrupção da classe política
que, hoje, faz a intermediação com Bruxelas;
- Grande parte desse empresariato subsiste instalado na economia paralela, no não pagamento à Segurança Social, cujo valor acumulado corresponde a um ano de pensões;
- O sistema financeiro que numa economia capitalista procede á coesão do tecido empresarial é, em Portugal, dominado por capitais estrangeiros. Os ciclos económicos ancoram-se, ao sabor da entrada de fundos europeus ou, mais recentemente, em bolhas imobiliárias, cujo final nunca é feliz. Entretanto gerou-se uma dívida pública eterna que onera, em média, cada pessoa com 800 euros anuais de encargos;
- Portugal, em pleno século XXI é visto como um território ao lado da Espanha. A subserviência histórica para com a Inglaterra esboroou-se com a substituição daquela pelas relações com Espanha, Alemanha, França ou Itália;
- Portugal tem o mais baixo perfil educativo da Europa e mantém há décadas reestruturações inacabadas do aparelho e conflitos eternos com os professores, ao mesmo tempo financia grupos privados e pseudo-universidades que por regra, revelam atividades criminosas;
- Portugal tem uma situação periférica, na Europa e na Península com níveis salariais idênticos aos da Europa de Leste; e incompatíveis com os níveis da punção fiscal. Desde 2010 a receita de IRS e de IVA aumentou 44% contra cerca de 2% para os rendimentos do trabalho;
6
Uma saída do euro e/ou da UE – como defendem nacionalistas
dementes ou ignorantes, de direita ou de “esquerda”, corresponderia a:
- Maiores dificuldades na colocação de exportações (o caso da Grã-Bretanha será exemplar se o Brexit se verificar) e acesso a capitais. Teria efeitos desastrosos no refinanciamento da dívida, com juros mais elevados;
- A existência de moeda própria produziria inflação. A inflação promoveria a exigência de aumentos salariais, com a repressão a dar asas a dirigentes sindicais amarelados, vocacionados para garantir à cacetada, a competitividade do já referido empresariato nacional, “nosso”;
- Formar-se-ia um mercado paralelo em moeda forte (euro, porventura) como acontece nas periferias africanas, europeias e do Médio Oriente; e uma segmentação da população entre os que tivessem acesso ou não a moeda forte;
No final do século XIX Eça dizia que Portugal era um sítio, mais
relevante do que a Lapónia que nem sítio era.
O autor destas linhas costuma dizer que Portugal é, no século
XXI, um corredor atravessado pelas redes das multinacionais e do capital
mafioso.
Quanto à Europa, é preciso criar uma União dos Povos da Europa,
sem capitalismo, sem classes políticas ou exércitos. E com democracia, com
decisões tomadas diretamente pelas pessoas.
1/1/2019
D - O VATE E O OXÍURO
Há por aí um vate com voz de locutor de rádio, que tem mais tenças do que aquelas que foram concedidas a Camões.
Esse vate nunca brilhou na política; sobretudo, quando depois de uma
candidatura a PR abandonou quantos o haviam apoiado.
Criativo, inventou uma nova rima, entre dois arrotos de caviar; conjugou
democracia com toiros feridos a saltar de alegria.
Tal nobre figura entendeu equiparar a carga fiscal sobre um espetáculo
taurino à que incide sobre o leite, a carne ou os livros. Mais dois arrotos de
caviar!
Numa próxima campanha, o alegre pateta, defenderá o aumento do IVA sobre o
leite com a coleta a financiar as fatiotas dos artistas da tourada.
Mas, nâo esteve só…
Teve a seu lado um oxiúro da Sophia, um idiota encartado, cujos livros
adornam as prateleiras dos supermercados
O oxiúro tem um ódio particular para com os professores; talvez porque nas
aulas os profs. não lhe concedem a honra de ensinar o que é um Enterobius vermicularis
Mas tem uns milhares de toscos que se dignam ouvir as suas
vulgaridades, os seus ódios de estimação e assim permitir ao oxiúro uma vida
confortável
Estes dois e o apoio dos avatares da AR
revelam a contínua decadência económica e cultural dos portugueses
- - - - -
·
As
toscas alegrias que enchem a vida do alegre
Um poeta, à partida, é alguém com uma sensibilidade apurada.
Um poeta que goza com o martírio de um touro, mostra sofrer de
uma bipolaridade que, dada a idade do Alegre, será incurável
Alegre, o silêncio é um bom recato a intercalar com frequentes e
paliativas consultas de psicologia
Sensibilidade, na realidade, não rima com bestialidade
Requiescat in pace!
16/11/2018
E - COSTA, UM MECENAS QUE USA DINHEIRO ALHEIO
1 – Na governação, em vez de terem algo a que se possa chamar
política de habitação, deixam as rendas entregues ao sacrossanto mercado e
subsidiam inquilinos em vez de eliminarem os especuladores, antes alimentando o
parasitismo imobiliário e contribuindo assim para o próximo rebentamento da
bolha.
2 – Incentivos fiscais para o regresso dos imigrantes? Algum
emigrante vai deixar o trabalho que tiver para vir ocupar um lugar precário em
Portugal? Os incentivos não são eternos e nenhum regressado gostará de ser
precário ou despedido, depois de mais uma medida da corporativa Concertação
Social para agilizar o “mercado de trabalho”; e vir a arrepender-se de ter voltado
à paróquia lusa.
3 – Gostam muito de acenar com a criação de postos de trabalho
para embalar os idiotas mas nunca referem os níveis salariais e a precariedade
que está por detrás dessa propaganda. O número de trabalhadores a termo passou
de 681,8 m em 2011 para 728.7 m em 2016 e a remuneração base média, geral, no
mesmo período teve um assombroso aumento de 905.1 para 924.9 euros
4 – Para quem serão os “ incentivos” benevolamente dados a essa
falsa figura, na maioria dos casos, dos “trabalhadores independentes” quando
são estes a arcar com os 23% de descontos para a Segurança Social que caberiam
ao patrão se fossem considerados trabalhadores por conta de outrem, como de
facto, na sua maioria são?
5 – Quem são os incentivados através do não pagamento de
contribuições para a segurança social, quando a dívida das empresas passou de
7721.5 M em 2011 para 11566.9 M em 2016? Uma prática que já vem de longe, do
tempo do Cavaco; portanto transversal a todos os gangs no governo.
6 – Se em 2011 o IRS cobrado foi de 9831 M e passou para 12230.1
M e se no mesmo período a cobrança de IVA passou de 13051.6 M para 16001.4 M
certamente que isto NÃO foi um incentivo para quem paga esses impostos –
trabalhadores, reformados ou consumidores. Porém, os valentes capitalistas que
haviam pago em 2011 5167.6 M (em plena crise) tiveram, coitados, em 2017, um
aumento insuportável para …5751.7 M - quando a propaganda refere um país em
franco progresso (?)
7 – Em contrapartida, mantêm-se os “incentivos” inseridos nas
criminosas parcerias público-privadas, sob a forma de rendas, tal como na
energia; numa jogada de propaganda que mais parece caridadezinha, baixam os
preços das botijas de gás em concelhos do interior.
8 – Para participar, manso, na deriva militarista do Pentágono,
o governo manda militares para a Finlândia, a Estónia… e pensa voltar ao
serviço militar obrigatório, para alimentar o parasitismo militarista e
permitir a existência de mais uns quantos “generais sentados”.
A verdadeira questão não é o partido que tem a mão no pote. A
verdadeira questão é o regime cleptocrático e oligárquico que coloca a
esmagadora maioria das pessoas afastada das decisões sobre as suas vidas,
monopolizadas pela classe política amancebada com um empresariato
tradicionalmente alapado ao subsídio e ao incentivo público, como garantia de
existência.
1/9/2018
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