O que se alterou? Os
votantes situam-se ao nível de há 35 anos. As oligarquias partidárias mantêm o
poder local sob controlo. O PS/PSD continua a dominar a cena autárquica e a chamada
esquerda regride, quer através das grandes perdas do PCP/PEV quer pela
continuidade da irrelevância autárquica do BE.
Isto resulta de haver
uma enorme maioria de ingénuos ou ignorantes que vai tolerando uma minoria de
alarves que vive regaladamente, agarrada ao pote.
É todo o modelo de
representação que necessita de uma funda remodelação para que se possam chamar
democráticos aos processos
eleitorais em Portugal.
1 - Leitura histórica
dos resultados eleitorais
2 - As eleições
autárquicas e a dinâmica demográfica
3 - As eleições autárquicas e o poder de compra
++++++++++\\\\\/////++++++++++
1 - Leitura
histórica dos resultados eleitorais
A
participação em eleições autárquicas para as câmaras revela uma relativa
estabilidade no volume dos votos partidarizados e um ligeiro aumento dos votos
em brancos e nulos nos últimos momentos eleitorais. A única variável com um
dinamismo visível nos quarenta anos de actos eleitorais relativos às câmaras é
a que corresponde à abstenção;
uma realidade que se verifica também nas eleições
para a Assembleia da República, como analisámos, em devido tempo. Sabe-se,
em ambos os casos, que nas abstenções estão incluidas centenas de milhar de pessoas
ausentes, inexistentes ou inscritas em locais onde não residem há muitos
anos; o que constitui uma situação reveladora da particular importância que a
classe política dá ao acesso ao pote, em detrimento da transparência
democrática.
No
capítulo das votações do passado dia 1 observa-se uma quebra do volume de
abstenções, porventura relacionado com a descompressão resultante do
abrandamento da austeridade e a mudança de governo em 2015. Por outro lado, o
voto partidarizado, tendo embora aumentado face ao nível de 2013 revela-se
inferior ao de todas as eleições levadas a cabo depois de 1993 e com valores
semelhantes aos registados em… 1982; o que revela a grande desafeição da plebe
face à classe política.
Quarenta
anos de eleições comportam alianças eleitorais várias, temporárias, bem como
forças políticas também temporárias, com maior ou menor relevância. Procedemos,
em seguida, a algumas agregações para que se consiga uma grande aproximação ao
que existe atualmente, para uma maior compreensão da realidade presente e do
caudal de situações que através do tempo desembocaram no momento actual; mais
precisamente, para o quadro expresso na romaria eleitoral de 1 de outubro.
As
diferenças programáticas entre os vários partidos não são vincadas mas apenas
construções conjunturais e mediáticas com o objetivo essencial de acesso à
chave do pote; as promessas eleitorais constituem bastas vezes um longo
cardápio de propostas ridículas ou afirmações redundantes. Damos como exemplo,
as comemorações do Dia da Criança ou do 25 de Abril, a promoção de projetos de
animação desportiva, a comemoração do aniversário da vila, a valorização do
espaço rural, a modernização dos cemitérios, etc; nada que atraia
particularmente a população. Qualquer autarca sabe que o que tem tem
visibilidade e gera afluência de público são as feiras de calorias e os
festivais pimba, com imensos decíbeis emitidos para o ensurdecimento dos
presentes. Nesta vacuidade e falta de reais compromissos, devido ao bloqueio da
intervenção popular – o presidente da câmara é um soba com poder absoluto - as
eleições acabam por ser uma oportunidade de revelar apenas preferências
sentimentais, clubísticas, para parte substantiva da multidão dos votantes.
A
ligação entre PSD, CDS e os pequenos PPM e MPT tem sido muito grande, existe a
ocorrência de todos os casos de combinação entre os vários emblemas a concurso,
o que legitima a consideração conjunta dos votos. Note-se que os votos neste
conjunto foram sempre superiores aos alcançados pelo PS, excepto nos dois
últimos actos eleitorais, em 2013 e 2017.
O
PS normalmente apresenta-se sem coligações, se se exceptuarem alianças eventais,
com a extinta UEDS em 1982, a alargada coligação vigente no Funchal desde 2013
ou as efémeras coligações com o PCP/PEV e outros no período 1989/2001, mormente
em Lisboa.
No
que concerne ao PCP/PEV, incluindo sob as fórmulas APU e FEPU foi claramente
afetada pela coligação com o PS atrás referida em 1989, mantendo desde 1985 uma
evidente decadência de votações que desemboca, em 2017, pela primeira vez,
abaixo dos 500000 votos. Quanto ao BE, mantém a sua irrelevância autárquica
desde sempre, embora em 2017 tenha recuperado do desaire de 2013.
Há
que relevar o crescimento desde 2001 dos ditos grupos de cidadãos que, na
maioria dos casos, são apenas resultantes de divergências locais no seio dos
partidos, de protagonismos de oligarcas que se sentem ungidos catalizadores de
votos e, raras vezes de grupos de pessoas sem ascendências partidárias movidas
por antagonismo face à classe política. Aliás, o modelo oligárquico e
anti-democrático exarado no artº 10º nº2 tende a concentrar a representação
política numa classe política que funciona em sintonia corporativa, ao mesmo
tempo que encena grandes diferenças entre si, para garantir as várias canteras
de habituais votantes, convencidos que isso é a democracia; embora essas mesmas
claques sejam constituidas por porta-bandeiras que não decidem coisa alguma
dentro dos partidos que apoiam.
Entre
os Outros sobressai o PAN que com cerca de 56000 votos subiu substancialmente
face a 2013, ano em que se cotou com uns 16000 votos; em sentido oposto,
observamos o célebre MRPP que se cotou com 12400 votos, contra os 23300
recolhidos em 2013, mostrando assim que o regresso à liderança por parte do seu
líder histórico, nada beneficiou a notoriedade da agremiação.
2 - As eleições
autárquicas e a dinâmica demográfica
Uma
vez que o recenseamento eleitoral não representa fielmente a população adulta,
decidimos comparar os resultados eleitorais com a população residente em 2015,
última estimativa fornecida pelo INE, começando por observar as mudanças, entre
2013 e 2017, nos dez concelhos com maior regressão populacional e naqueles outros
dez, onde a população mais aumentou de volume, no período 2004/2015.
Mudanças na força maioritária nos concelhos com maiores reduções de
população em 2004/2015
|
Mudanças na força maioritária nos concelhos com maiores aumentos de
população em 2004/2015
|
|||||||
2013
|
2017
|
Popul. 2004/15 (var %)
|
2013
|
2017
|
Popul. 2004/15 (var %)
|
|||
ALCOUTIM
|
PS
|
PS
|
-27,2
|
MONTIJO
|
PS
|
PS
|
36,3
|
|
MOURÃO
|
PS
|
PS
|
-24,5
|
SANTA CRUZ
|
PS
|
JPP
|
34,3
|
|
VILA N. PAIVA
|
PS
|
PS
|
-22,3
|
MAFRA
|
PSD
|
PSD
|
32,2
|
|
MONTALEGRE
|
PS
|
PS
|
-21,5
|
ARRUDA
VINHOS
|
PS
|
PS
|
29,1
|
|
ALIJÓ
|
PSD
|
PSD/CDS
|
-20,4
|
ALCOCHETE
|
PCP/PEV
|
PS
|
25,7
|
|
IDANHA-A-NOVA
|
PS
|
PS
|
-20,3
|
PORTO SANTO
|
PS
|
PSD
|
18,2
|
|
MÊDA
|
PS
|
PS
|
-20
|
PORTIMÃO
|
PS
|
PS
|
17,5
|
|
AGUIAR
BEIRA
|
GRUPOS
|
GRUPOS
|
-19,6
|
CASCAIS
|
PSD/CDS
|
PSD/CDS
|
15,9
|
|
VILA FLOR
|
PS
|
PS
|
-19,3
|
BENAVENTE
|
PCP/PEV
|
PCP/PEV
|
15,6
|
|
SABUGAL
|
PSD
|
PSD
|
-19,2
|
SESIMBRA
|
PCP/PEV
|
PCP/PEV
|
15,2
|
Predomina
uma perspetiva conservadora quanto à estrutura política dominante, nos
concelhos com maior regressão populacional, onde a única alteração registada –
Alijó – não constitui propriamente uma mudança; o mesmo sucede nos concelhos de
maior pujança demográfica no âmbito dos quais se observa o ganho do PS de
Alcochete ao PCP e que, em contrapartida, cedeu o ceptro em Santa Cruz ao JPP,
um partido político com raízes locais. Fica por saber, em cada concelho, se as
pessoas ao votarem aprovam a atuação recente de um partido, assegurando-lhe a
continuidade na condução da câmara ou, se o fazem, como mal menor, por falta de
confiança nos outros concorrentes. As grandes margens de abstenção são, por
outro lado, um misto de várias atitudes. Uma, será a de desinteresse pela
gestão camarária que aliás só se revela importante na vida de cada um em áreas
muito circunscritas; outra, poderá ser o desinteresse face ao modelo de
representação oligárquico e autoritário dos eleitos que se consideram na
maioria dos casos como sobas, com direito de decidir sem a inerente obrigação
de consultar ou colocar a população a decidir. Neste último caso excepto, na fantochada
dos orçamentos participativos, no âmbito dos quais à plebe é concedido o
direito de iniciativa sobre áreas que o poder considera secundário e
financeiramente residual. Nenhuma oligarquia camarária iria colocar na decisão
coletiva, elementos relativos ao urbanismo, à política de habitação, às lesivas
práticas de outsourcing, por exemplo.
Observemos
em seguida as mudanças e as continuidades no grupo partidário dominante
registadas entre 2013 e 2017, a partir da situação registada há quatro anos e avaliando
a dimensão das populações contempladas com essas mudanças e continuidades.
Mudanças de maiorias - situação de
2013 e sua evolução em 2017
|
||||||
Câmaras
|
População - 2015
|
|||||
2013
|
2017
|
(nº)
|
%
|
(nº)
|
%
|
(a)
|
Área PSD/CDS em 2013
|
||||||
PSD/CDS
|
PSD
|
3
|
0,97
|
59674
|
0,58
|
|
PSD/CDS
|
PS
|
1
|
0,32
|
25480
|
0,25
|
|
PSD/CDS
|
LISTAS
|
1
|
0,32
|
10060
|
0,10
|
|
PSD
|
CDS
|
1
|
0,32
|
23661
|
0,23
|
1
|
PSD
|
LISTAS
|
3
|
0,97
|
23237
|
0,22
|
1
|
PSD
|
PSD/CDS
|
1
|
0,32
|
11093
|
0,11
|
|
PSD
|
PS
|
15
|
4,87
|
369672
|
3,57
|
2
|
PSD/PPM
|
L-PS
|
1
|
0,32
|
57246
|
0,55
|
|
CDS
|
CDS
|
5
|
1,62
|
101135
|
0,98
|
|
PSD/CDS/MPT/PPM
|
PSD/CDS/MPT/PPM
|
1
|
0,32
|
61019
|
0,59
|
1
|
PSD/CDS/PPM
|
PSD/CDS/PPM
|
2
|
0,65
|
258384
|
2,50
|
2
|
PSD
|
PSD
|
66
|
21,43
|
1519044
|
14,69
|
12
|
PSD/CDS
|
PSD/CDS
|
11
|
3,57
|
715969
|
6,92
|
3
|
111
|
36,04
|
3235674
|
31,29
|
22
|
||
Área PS em 2013
|
||||||
PS
|
LISTAS
|
3
|
0,97
|
150026
|
1,45
|
2
|
PS-BE-PND-MPT-PTP-PAN
|
PS-BE-JPP-PDR-NC
|
1
|
0,32
|
105562
|
1,02
|
1
|
PS
|
PSD
|
11
|
3,57
|
117610
|
1,14
|
1
|
PS
|
PSD/CDS
|
3
|
0,97
|
77889
|
0,75
|
|
PS
|
PS
|
132
|
42,86
|
4649156
|
44,96
|
32
|
150
|
48,70
|
5100243
|
49,32
|
36
|
||
Área PCP 2013
|
||||||
PCP/PEV
|
PS
|
9
|
2,92
|
437745
|
4,23
|
3
|
PCP/PEV
|
LISTAS
|
1
|
0,32
|
5357
|
0,05
|
|
PCP/PEV
|
PCP/PEV
|
24
|
7,79
|
848583
|
8,21
|
7
|
34
|
11,04
|
1291685
|
12,49
|
10
|
||
Area LISTAS 2013
|
||||||
LISTAS
|
PS
|
1
|
0,32
|
173451
|
1,68
|
1
|
LISTAS
|
PSD
|
1
|
0,32
|
11052
|
0,11
|
|
LISTAS
|
jpp
|
1
|
0,32
|
43925
|
0,42
|
1
|
LISTAS
|
LISTAS
|
10
|
3,25
|
485300
|
4,69
|
2
|
13
|
4,22
|
713728
|
6,90
|
4
|
||
total
|
308
|
100
|
10341330
|
100
|
72
|
|
(a) casos de aumento de população
|
No
caso das câmaras em 2013 na área PSD/CDS (111, correspondentes a 36% do total e
representando 31.3% da população), quatro passaram para os grupos de cidadãos
(Listas) e 16 transferiram-se para a área PS, não se registando caso algum de
mudança para o PCP/PEV; assim, 20 câmaras sairam da órbita do PSD/CDS,
mantendo-se 91 fiéis às diversas combinações dos partidos integrantes. Em
termos de população, 6.5% do total deixou a gestão camarária do PSD/CDS.
A
área PS, em 2013, abrangia 150 câmaras (48.9% do total abrangendo 49.3% da
população), das quais 17 sairam da sua órbita em 2017, das quais 14 para a área
PSD/CDS e 3 para as Listas. Em termos demográficos, as câmaras saídas da área
PS abrangem 5.5% da população global.
A
área PCP/PEV que em 2013 era composta por 34 câmaras (11% do total com 12.5% da
população), reduziu-se para 24 em 2017 com perdas essencialmente para o PS e
abrangendo essas perdas, 4.3% da população total.
Finalmente,
no total das 13 autarquias dirigidas por Listas e abrangendo 6.9% da população,
há três que passaram a controlo partidário expresso, correspondendo no total a
2.2% da população.
Em
resumo, 18.5% da população assistiu à mudança nos comandos das suas autarquias,
sendo de admitir que nada venha a mudar com isso; excepto para o Medina que
cuja continuidade perdeu solidez uma vez que deixando de ter maioria absoluta,
que fica dependente do mosqueteiro de Louçã eleito para a conseguir.
A
proporção em 2013 e para cada área política, de autarquias com aumentos populacionais no período 2004/15 é
muito diversa. Para a área PSD/CDS é de 20%, cresce para 24% nas câmaras PS mas
atinge 29 e 31% nas áreas PCP/PEV e das Listas, o que pode ser interpretado
como um maior pendor nas áreas com regresssão demográfica e maior pobreza para
preferirem PSD/CDS ou PS na gestão camarária.
Tomando
a situação em 2017, no quadro que se segue, pode registar-se quais as
proveniências, da distribuição de câmaras em 2013; isto é, os ganhos perante
outras forças políticas.
Assim,
na área PSD/CDS apura-se o ganho de 14 câmaras ao PS e uma ao conjunto das
Listas e que, no capítulo da população envolvida corresponde apenas a 2% do
total. No caso da área PS, há um ganho de 17 autarquias do universo PSD/CDS de
2013, de 9 ao PCP/PEV e uma ao conjunto das Listas, o que significa um alastrar
da sua influência a mais 10.28% da população (1.06 M de pessoas). No caso do
PCP/PEV não há qualquer ganho junto da concorrência. Finalmente quanto aos
grupos de cidadãos, as Listas, estas apresentam 4 câmaras arrebanhadas ao
conjunto PSD/CDS, 3 ao PS e uma ao PCP/PEV que, produzem um aumento de 1.25% na
população abrangida, que passou a cerca de 6.9% do total.
Sintéticamente,
- O PSD/CDS passou de 111 câmaras, envolvendo uma população de 3.23 M de pessoas, para 105 com 2.96 M
- O PS passou de 150 câmaras, envolvendo uma população de 5.1 M de pessoas, para 160 com 5.8 M
- O PCP/PEV passou de 34 câmaras, envolvendo uma população de 1.29 M de pessoas, para 24 com 0.85 M
- O conjunto das Listas passou de 13 para 19 câmaras mas a população envolvida pouco se alterou – 714 m em 2013 e 718 m atualmente, embora em todos os casos estejamos a considerar a população de 2015.
Mudanças de maiorias - situação em de
2017 face a 2013
|
||||||
Câmaras
|
População - 2015
|
|||||
2017
|
2013
|
(nº)
|
%
|
(nº)
|
%
|
(a)
|
Área PSD/CDS em 2017
|
||||||
PSD/CDS
|
PSD
|
1
|
0,32
|
11093
|
0,11
|
|
PSD/CDS
|
PSD/CDS
|
11
|
3,57
|
715969
|
6,92
|
3
|
PSD/CDS
|
PS
|
3
|
0,97
|
77889
|
0,75
|
|
PSD
|
PSD/CDS
|
3
|
0,97
|
59674
|
0,58
|
|
PSD
|
PSD
|
66
|
21,43
|
1519044
|
14,69
|
12
|
PSD
|
PS
|
11
|
3,57
|
117610
|
1,14
|
1
|
PSD
|
LISTAS
|
1
|
0,32
|
11052
|
0,11
|
|
CDS
|
PSD
|
1
|
0,32
|
23661
|
0,23
|
1
|
CDS
|
CDS
|
5
|
1,62
|
101135
|
0,98
|
|
PSD/CDS/MPT/PPM
|
PSD/CDS/MPT/PPM
|
1
|
0,32
|
61019
|
0,59
|
1
|
PSD/CDS/PPM
|
PSD/CDS/PPM
|
2
|
0,65
|
258384
|
2,50
|
2
|
105
|
34,09
|
2956530
|
28,59
|
20
|
||
Área PS em 2017
|
||||||
PS
|
PSD/CDS
|
1
|
0,32
|
25480
|
0,25
|
|
PS
|
PSD
|
15
|
4,87
|
369672
|
3,57
|
2
|
PS
|
PS
|
132
|
42,86
|
4649156
|
44,96
|
32
|
PS
|
PCP/PEV
|
9
|
2,92
|
437745
|
4,23
|
3
|
ps
|
LISTAS
|
1
|
0,32
|
173451
|
1,68
|
1
|
L-PS
|
PSD/PPM
|
1
|
0,32
|
57246
|
0,55
|
|
PS-BE-JPP-PDR-NC
|
PS-BE-PND-MPT-PTP-PAN
|
1
|
0,32
|
105562
|
1,02
|
1
|
160
|
51,95
|
5818312
|
56,26
|
39
|
||
Área PCP 2017
|
||||||
PCP/PEV
|
PCP/PEV
|
24
|
7,79
|
848583
|
8,21
|
7
|
Área LISTAS 2017
|
||||||
LISTAS
|
PSD/CDS
|
1
|
0,32
|
10060
|
0,10
|
|
LISTAS
|
PSD
|
3
|
0,97
|
23237
|
0,22
|
1
|
LISTAS
|
PS
|
3
|
0,97
|
150026
|
1,45
|
2
|
LISTAS
|
PCP/PEV
|
1
|
0,32
|
5357
|
0,05
|
|
LISTAS
|
LISTAS
|
10
|
3,25
|
485300
|
4,69
|
2
|
JPP
|
LISTAS
|
1
|
0,32
|
43925
|
0,42
|
1
|
19
|
6,17
|
717905
|
6,94
|
6
|
||
total
|
308
|
100
|
10341330
|
100
|
72
|
|
(a) casos de aumento de população em 2004/15
|
Quanto a mudanças em concelhos onde se
registam aumentos demográficos, as variações são pouco significativas; cinco
casos de passagem das órbitas do PSD/CDS e do PCP/PEV para as do PS e das
Listas
3 - As eleições autárquicas e o poder de compra
No quadro que se segue agregámos as câmaras
de acordo com a força política dominante – em 2013 e 2017 - apontando as
respetivas populações e ainda o resultado da ponderação do índice de poder de
compra (IPC) em cada concelho, para que se possa avaliar esse IPC para cada
grupo de concelhos. Convém que se tenha em conta que cada IPC concelhio se
insere numa escala em que o indicador para o total do país é 100.
2013
|
2017
|
||||||
Câma-ras
|
População
|
IPC pon-derado*
|
Câma-ras
|
População
|
IPC pon-derado*
|
||
CDS
|
5
|
101135
|
77,26
|
CDS
|
6
|
124796
|
78,2
|
JPP
|
-
|
-
|
-
|
-
|
1
|
43925
|
74,34
|
L-PS
|
-
|
-
|
-
|
-
|
1
|
57246
|
80,3
|
LISTAS
|
13
|
705988
|
142,44
|
LISTAS
|
18
|
703357
|
134,72
|
PCP/PEV
|
34
|
1291685
|
95,16
|
PCP/PEV
|
24
|
933170
|
92,48
|
PS
|
149
|
4994681
|
101,5
|
PS
|
158
|
5549280
|
102,03
|
PS-BE-PND-MPT-PTP-PAN
|
1
|
105562
|
111,92
|
PS-BE-JPP-PDR-NC
|
1
|
105562
|
111,92
|
PSD
|
86
|
1954447
|
83,48
|
PSD
|
81
|
1699640
|
83,91
|
PSD/CDS
|
16
|
811183
|
98,56
|
PSD/CDS
|
15
|
804951
|
97,45
|
PSD/CDS/MPT/PPM
|
1
|
61019
|
132,31
|
PSD/CDS/MPT/PPM
|
1
|
61019
|
132,31
|
PSD/CDS/PPM
|
2
|
258384
|
109,8
|
PSD/CDS/PPM
|
2
|
258384
|
109,8
|
PSD/PPM
|
1
|
57246
|
80,3
|
-
|
-
|
-
|
-
|
total
|
308
|
10341330
|
100
|
total
|
308
|
10341330
|
100
|
* Indice de Poder de Compra ponderado pela população
|
Naturalmente que o significado sistémico
recai sobre os grupos de concelhos constituídos e assinalados no quadro acima,
embora não seja de descurar o significado dos casos em que surgem situações
únicas; como também merecem alguma atenção os casos onde existem disparidades
devidas à presença de um ou outro concelho que introduza enviesamentos
susceptíveis, por si só, de retirar algum significado ao indicador do conjunto.
O CDS, em 2017, surge maioritário em três
camaras do distrito de Aveiro, uma no de Viana do Castelo e as restantes duas, repartidas
pelas duas Regiões Autónomas. Em cinco desses casos trata-se de territórios com
quebra populacional, todos com um IPC inferior à média nacional, entre 86.7
(Vale de Cambra) e 60.6 (Santana).
Os concelhos agrupados nas Listas
apresentam, no seu conjunto, o mais elevado valor médio de IPC. Isso, porém,
deve-se à inclusão no grupo, de Oeiras e Porto que representam mais de metade
da população do conjunto com valores de IPC muito superiores à média nacional (180.7
e 169.9, respetivamente). Todos os outros apresentam valores inferiores à média
global, entre 95.3 (Vila do Conde) e 61.1 (S. Vicente).
No caso das autarquias onde o PCP/PEV é
dominante, os valores médios de IPC para o conjunto situam-se um pouco aquém do
valor global de 100. Os únicos casos, em 2017 superiores à média nacional, são
Évora (111) e Setúbal (105.9), apresentando-se Alvito com o indicador mais
baixo do conjunto (66.6). Note-se que entre as nove câmaras que transitaram do
PCP/PEV para o PS em 2017, quatro têm valores de IPC (leia-se níveis de
riqueza) superiores à média nacional – Alcochete com 115.3, Beja com 104,
Castro Verde 101.9 e Barreiro com 100.5.
No caso das autarquias PS, o seu aumento em
nove unidades não introduziu alterações no IPC agregado, entre os dois anos de
eleições, muito próximo da média nacional. Porém, se se excluir Lisboa que tem
um IPC mais que duplo da média nacional (207.9), o indicador médio para os
concelhos dominados pelo PS situa-se claramente abaixo do valor global (100);
isto é. 89.5 e 91.4, respetivamente em 2013 e 2017. E, nesse contexto, o IPC
ponderado não se afasta substancialmente dos indicadores apurados para os
concelhos de maioria PCP/PEV ou PSD, este último, com ou sem o seu atrelado
CDS. Ainda na área PS sublinha-se o baixo valor de IPC onde ganhou vantagem uma
coligação L-PS (Felgueiras) e a continuidade de uma coligação alargada
(PS-BE-JPP-PDR-NC) em 2017 e que em 2013 se apresentava como
PS-BE-PND-MPT-PTP-PAN) no Funchal, onde o IPC se mostra acima da média global.
No universo de concelhos onde o PSD
predomina, a sós (a grande maioria) ou com os seus atrelados CDS, PPM e MPT, as
variações não são grandes embora se apurem indicadores de poder de compra
relativamente mais elevados onde existem coligações PSD/CDS – próximos da média
nacional. Cascais e Maia com valores de 125.6 e 111.1 destacam-se dos outros
concelhos do conjunto onde os valores do IPC se situam entre 56.6 (Tabuaço) e
89.7 (Trofa). Nas coligações mais alargadas, os valores situam-se acima da
média porque se referem a cidades importantes como Aveiro, Braga ou Faro.
Não há diferenciações notórias entre as
preferências partidárias reveladas e os índices de poder de compra. A média
global resulta, no essencial da constituição de dois grupos; um, onde cabe a
grande maioria dos concelhos (276) onde habitam 7.1 M de pessoas e outro com
indicadores acima de 100 que engloba apenas 32 concelhos com 3.2 M de pessoas.
Se se destacarem entre aqueles 32 os três mais destacados em valores de IPC -
169.9 (Porto), Oeiras (180.7) e Lisboa (207.9) - as desigualdades tornam-se
mais evidentes. Para além da desertificação
do interior, há um problema grave de desigualdades territoriais e sociais
que se colocam ou acumulam com aquela desertificação e que se resumem quando se
realça que há quatro regiões portuguesas entre as cinco mais
pobres da Península Ibérica; num contexto de desastre
periférico no seio da Europa.
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