Uma vez que o capitalismo vem dispensando as
nações, é tempo de dispensar o capitalismo, de construir redes rizomáticas globais,
com alicerces locais, assentes no conhecimento mútuo e em práticas democráticas
de decisão. Tempo de praticar a escalada que começa na indignação, passa pelo
protesto, pela mobilização, pela organização, pela desobediência até se chegar à
revolta.
Sumário
1 - Uma (des)ordem económica e política
2 - A globalização é um processo
2.1 - Como o capitalismo vem cavalgando a globalização
2.2 - A instituição de um estado de excepção generalizado
3 - Os grandes promotores do desastre
3.1 - As ameaças vindas das classes políticas
4 – A leitura do contexto.
4.1 - As alternativas possíveis e as
desejáveis
4.2 – O desenvolvimento do espirito do fascismo
4.3 – Um novo internacionalismo, precisa-se!
4 – Leitura do contexto
4.1 - As alternativas possíveis e
as desejáveis
A contestação social, dos
trabalhadores e da multidão em geral, acompanhou o desenvolvimento do
capitalismo desde o seu alvor.
Em meados do século XIX, na
Grã-Bretanha, a instalação do sistema de fábrica animou os industriais a querer
sobreviver com a desqualificação do trabalho, com reduções salariais,
utilizando de modo massivo, mulheres e crianças. O movimento cartista conduziu
à substituição no aparelho de estado, dos aristocratas pelos capitalistas
industriais, ao fim das leis protecionistas que encareciam os cereais para
benefício dos donos de terras com prejuízo para a maioria da população,
sobretudo dos trabalhadores; e conduziu ainda à proteção e regulamentação do trabalho
infantil e feminino, à instauração das dez horas de trabalho e à criação de
associações políticas.
Centrada na década de 1870, a crise
financeira e a grande depressão de 1873/86 é acompanhada com a criação de
cartéis e monopólios, divisão de mercados, protecionismo e controlo dos preços,
desencadeando-se ainda um verdadeiro assalto às regiões do mundo ainda não
colonizadas. O forte desenvolvimento da automação provoca um ataque aos
salários dos operários especializados da indústria, enquanto uma grande massa
de camponeses empobrecidos e imigrantes surgia nas cidades. Neste contexto,
geraram-se as primeiras grandes movimentações de trabalhadores, a multiplicação
de sindicatos e greves, (na Grã-Bretanha, em 1867/75 aceita-se a existência de
sindicatos e o direito à greve) e surgiu a Comuna de Paris.
Acontece ainda a criação da
Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), que acentuando o caráter
federal e a solidariedade entre os trabalhadores, viria a distinguir-se pela
demarcação total face aos sistemas políticos, pelo repúdio do Estado e da
autoridade.
Depois da I Guerra, as dificuldades
do capitalismo impuseram-se e reduziu-se a interação com o movimento sindical
nas suas adaptações; essas dificuldades apontaram mais para um aumento do papel
do Estado em geral - na URSS[1]
e na Alemanha em particular - incorporando os sindicatos nas derivas
nacionalistas e fascistas (Alemanha[2],
Itália[3],
Portugal[4]).
O abandono do padrão-ouro contribui para os encerramentos nacionalistas, as
ditaduras fascistas e promoveu a construção de infraestruturas para redução do
desemprego nos EUA (New Deal) ou na Alemanha, no âmbito do que se viria a
chamar as políticas keynesianas. A repressão salarial mostra não ser suficiente
para gerar novo ciclo ascendente, apesar das divisões entre os trabalhadores e
do recurso ao trabalho forçado na URSS, na Alemanha hitleriana[5]
e nas colónias europeias de África. Na verdade, é a preparação para a guerra
com a produção massiva de armamento, que permite um alívio na conjuntura
depressiva.
As esperanças do internacionalismo
ficaram circunscritas ao apoio militante à República espanhola enquanto as
“democracias” ocidentais olhavam para o lado, alheando-se da intervenção nazi e
fascista em Espanha, que ficou dependente do apoio soviético. Os campos de
concentração, a emigração de militantes, a extensiva repressão, anunciavam a
catástrofe iniciada em 1939.
A seguir à II Guerra, a violência
das destruições de equipamentos e vidas durante o conflito exigiu a grande
mobilização de trabalhadores para a reconstrução, criando-se nos países
desenvolvidos, como contrapartida, o estado-providência (garantias face a
desemprego, férias pagas, acesso a sistemas universais de saúde, educação
massificada), como forma de pacificação social, visando o abandono de lógicas
anticapitalistas, aceitando-se reivindicações económicas, normalmente
defensivas e conservadoras, no âmbito da ligação dos sindicatos a partidos
políticos.
Os EUA, através do plano Marshall,
financiaram as suas exportações para a Europa, procurando manter os níveis de
crescimento após a redução do esforço de guerra; como procuraram com esses
financiamentos coartar as hipóteses de reprodução do modelo soviético, então
com muitas simpatias, dado o contributo da URSS para a derrota nazi.
Neste contexto de potencial
concórdia e concertação social, no chamado mundo ocidental, a realidade foi
entendida como imutável, com altas taxas de crescimento, ancoradas em aparelhos
de estado seguidoras de políticas keynesianas, de produção de infraestruturas e
gastos sociais.
A fragilidade política e económica
das velhas potências coloniais promoveu a descolonização e o desmembramento dos
impérios coloniais, com o surgimento de numerosos países “não alinhados”, fora
dos sistemas de alianças que aglutinavam os ocidentais (NATO) e os países de
regime soviético (Pacto de Varsóvia); e entre os quais figuravam países de
enorme população (China, Índia ou Indonésia) e figuras de relevo, como
Chu-en-Lai, Nehru, Nasser ou Tito.
A reabertura do comércio
internacional, a regularização do mercado monetário (Bretton Woods), o impacto
da reconstrução do pós-guerra, com um grande crescimento dos rendimentos do trabalho, permitiu o
auge do keynesianismo, o período dos “trinta gloriosos anos”, findos em 1973.
A primeira experiência neoliberal aconteceu no Chile, com Pinochet ao
volante, parecendo uma ditadura militar, típica do Terceiro Mundo e da América
Latina em particular. Mas não era. Pinochet não era um general latino-americano
tradicional, cabeça de um grupo de oligarcas agrupados como uma pequena minoria
de ricos, tendo do outro lado, enormes massas de pobres e classes médias muito
reduzidas. O Chile em 1973 era uma sociedade com uma já longa tradição de
democracia de mercado, com eleições e partidos, incluindo um PC e partidos de
extrema-esquerda, como acontecia na Europa. Pinochet era o executante da
aplicação de uma nova forma de capitalismo, o neoliberal, com o empenhado
aconselhamento dos Chicago Boys e do seu chefe de fila, Milton Friedman[6]; este, que pelo seu
desempenho recebeu o “nobel da economia”, em 1976. O neoliberalismo estreou-se
através de uma ditadura fascista.
É a partir de Thatcher e Reagan, no início da década de 80 que o modelo
neoliberal tomou o poder, se consolidou, espalhando-se como mancha de óleo, quebrando
a relativa concertação entre o patronato e os trabalhadores – o chamado pacto
social-democrata – através da total intolerância para com as reivindicações dos
mineiros britânicos e dos controladores aéreos norte-americanos.
Os instrumentos do neoliberalismo podem resumir-se assim:
· O caráter antissocial do neoliberalismo conduz à domesticação das
organizações de trabalhadores, já muito marcadas pela burocracia, pela rotina
reivindicativa e sem perspetivas políticas; essa domesticação visa o embaratecimento
dos custos do trabalho e a adequada atomização dos trabalhadores que os torne
como manejável custo empresarial, essencial no âmbito de uma concorrência
globalizada;
· A segmentação da produção, a distribuição da produção dos seus componentes
por vários pontos do planeta (deslocalização), tem como principal objetivo a
minimização dos custos do trabalho; dentro desta lógica, sobressaem as
dificuldades dos trabalhadores em se concertarem, uma vez dispersos pelo
planeta e como produtores de componentes que, isolados não colocam em causa a
continuidade do processo produtivo;
·
Por outro lado, promove-se a desregulamentação dos movimentos de capital, o
primado do capital financeiro, protagonizado pelos grandes fundos de pensões,
pouco interessados na tradicional existência de grupos económicos com ligações
consolidadas a instituições financeiras (herdadas do último quartel do século
XIX) e, bastante mais, em atividades especulativas, downsizings, segmentação de ativos, com simples perspetivas de
rendabilidade a curto prazo.
·
Daqui resulta uma internacionalização do capital, coexistindo, colaborando
ou competindo, dentro da cada fronteira, empresas e capitais de origem nacional
com capitais das mais variadas origens, perdendo-se, sobretudo nos pequenos ou
médios países, a relevância organizativa das burguesias autóctones, tornando-se
as fronteiras, simples pontos de passagem, irrelevantes, para as redes globais
de capitais, de mercadorias e trabalhadores;
· O neoliberalismo investe também na universidade, inserindo fórmulas de
mercado no seu funcionamento, favorecendo as áreas mais ligadas aos negócios,
incutindo a ideia do empreendedorismo e da concorrência, como elementos de
vulgarização da autoridade (praticada pelos emplumados
catedráticos), da precariedade, da tecnocracia e da anomia política; sem
que se prescinda, contudo, da mobilização de fundos públicos, onde os níveis
gerais de riqueza não permitam propinas de valor astronómico;
·
Os grandes setores públicos tradicionais, nas áreas da saúde, da educação,
dos transportes, da energia, são privatizados ou constituídos como elementos de
canalização de fundos públicos para a viabilização de grupos privadas. Como as
taxas de lucro, numa lógica de mercado são baixas, o Estado institui crescentes
impostos sobre o trabalho e o consumo, para as elevar;
· Finalmente, refiram-se os enormes impactos ambientais desta gestão da
produção global, dominada pelas multinacionais; negados pelos mais
fundamentalistas neoliberais que, no âmbito das ciências só conhecem o mercado.
O neoliberalismo foi sendo adoptado gradualmente pelas duas alas dos
partidos-estado. Os primeiros foram os partidos ditos conservadores e liberais,
seguidores de Thatcher e Reagan; depois, por duvidosos sociais-democratas ou
socialistas como Blair, Schroeder ou os sucessivos chefes do PS português,
depois de descobrirem o lado de onde sopra o dinheiro. Essa adesão foi
particularmente notória, radical e mesmo divertida se se observar o fervor da
reconversão dos apparatchiks do Leste
em dedicados neoliberais.
A implosão da URSS deu um grande impulso ao domínio do neoliberalismo. Esse
facto foi apresentado, durante algum tempo, como produto das vantagens do
capitalismo neoliberal sobre o capitalismo de estado. O entusiasmo foi grande,
defendendo-se a chegada ao fim da História, com a vitória do neoliberalismo e
da democracia de mercado; a chegada do modelo perfeito, entretanto desembocou
na crise financeira de 2008 e anos seguintes, que apresenta taxas de
crescimento anémicas e guerras em várias frentes, calamidades climáticas,
milhões de deslocados e refugiados e… Trump.
Por outro lado, o impacto da atuação das multinacionais, do sistema
financeiro conluiados com oligarcas do finado modelo soviético, consistiu na
privatização e saque dos setores públicos naqueles países do Leste, lançando
uma ideia de modernidade que disfarçava mal as quedas de nível de vida, a
precariedade e o desemprego. Em Portugal, sucedeu um processo semelhante ao
aplicado sobre os despojos da URSS, se bem que o saque dos bens públicos se
tivesse iniciado com Cavaco como primeiro-ministro, não tivesse estancado
durante os governos PS, tendo pelo contrário, acelerado com Passos, o mainato
da troika.
Na realidade, o modelo neoliberal gerado no Ocidente, abriu uma nova
fronteira de desenvolvimento, alargou e densificou o chamado mercado global. No
leste da Europa, gerou-se uma nova periferia que veio a concorrer com a única
periferia europeia então existente - a periferia Sul - no seio de uma UE
substancialmente alargada. E a Rússia voltou, depois do consulado de Ieltsin, a
restabelecer com Putin, um regime autoritário, nacionalista, com uma coroa de
estados em seu redor – os que não foram integrados na UE e na NATO –
construindo com muitos desses, com a China e outras potências asiáticas a
Organização para a Cooperação de Xangai, de onde está a surgir o adversário
geopolítico do Ocidente.
Porém, a deslocalização das indústrias e depois, de muitos dos serviços,
assim como a precarização e a quebra dos salários reais - mesmo que em paralelo
com aumentos de produtividade trazidos por novas tecnologias - não alicerçam,
naturalmente, o conveniente crescimento económico e o consumo de massas. O
crescimento de que o capitalismo se nutre fica cativo, por um lado, das
cascatas de dívida, pública ou privada, como formas expeditas de valorização do
capital-dinheiro; e, por outro, da produção material que se concentra na China
e nos “tigres asiáticos”, com capacidades tecnológicas, financeiras e de
competências laborais próprias, a que se devem juntar a Alemanha e o Japão,
como grandes potências exportadoras.
Há uns vinte anos o comércio na bacia do Pacífico superou as transações no
Atlântico no que foi um primeiro marco na perda da hegemonia ocidental. Hoje,
com a evidente decadência política e económica dos EUA e da Europa, num
contexto de fraca dinâmica global, continua a Ásia a mostrar-se mais dinâmica.
O mapa (mais acima) sobre as posições da China e dos EUA no campo das
exportações mostra bem a dinâmica chinesa em regiões como a África e o Leste
europeu ou mesmo, da América Latina.
A despeito da crise financeira que rebentou em 2008, reveladora dos limites
intrínsecos do capitalismo de hoje, não se observam, nas últimas décadas,
movimentos relevantes e continuados de trabalhadores e da multidão em geral,
com uma perspetiva antissistémica. A segmentação da produção e a precariedade
desligaram os trabalhadores uns dos outros e dos seus camaradas já reformados e
não se constituíram redes de apoio aos desempregados; estes, relegados à
condição de números estatísticos e às humilhações vindas dos IEFP’s nacionais.
Os sindicatos são burocracias fechadas e alheias às alterações no âmbito da
prestação de trabalho. Por seu turno, as redes sociais criam enormes matrizes
de contactos mas, são impessoais e só raramente conduzem a movimentos efetivos,
como aconteceu no caso do 15 M espanhol; que parcialmente foi adulterado com o
surgimento do institucionalista Podemos e da sua estrela, o iluminado Iglésias.
As sequelas das falências e burlas bancárias, as recapitalizações de bancos
à custa do erário público, a dívida que compromete várias gerações, o
rearmamento, o caráter invasivo de leis restritivas dos movimentos e da
privacidade, a espionagem global das nossas vidas, tudo isso sucede, sem
polarizar em seu torno a animosidade adequada à gravidade da situação. As
dificuldades marcadas por perdas de poder de compra, pelo desemprego, pela
precariedade de vida, de guerras e terrorismo, são demasiadas vezes
transfiguradas como resultantes da presença de imigrantes, de refugiados, da coexistência
com grupos étnicos ou religiosos distintos, tomados como ameaçadores,
desrespeitadores da identidade grupal, comunitária ou nacional. Desta cultura
dominante na Europa resulta a relativa estabilidade e aceitação do sistema
capitalista e das suas instituições políticas, com repetidas promessas de
crescimento e mais emprego a que se sucedem, por rotina, parcos resultados.
Desse enquadramento resultou o referendo favorável ao Brexit, contra as
posições dos tories, próximos da City
ou do Labour, protagonizada por gente assustada perante a constante chegada de
novos imigrantes ou com o receio de esvaziamento dos fundos públicos de
pensões. A incerteza quanto ao futuro, a descrença face aos burocratas
europeus, demagogos, ineptos e autoritários, desenvolveu uma pulsão xenófoba
encabeçada por Nigel Farage e Boris Johnson. A concretizar-se e em moldes que
se mantêm muito nebulosos, não parece que a Grã-Bretanha, no seio de um novo
enquadramento, receba facilidades da UE-27, que quererá aproveitar o ensejo
para avisar quaisquer novos candidatos à utilização do artº 50º.
Também nos EUA, a desvalorização interna e a entrada de imigrantes alimenta
as posições de ultra-direita, nacionalistas, xenófobas e economicamente
delirantes pouco inclinada a apoiar o duopólio político entre democratas e
republicanos; mas a aceitar um outsider
Trump, que se impôs ao aparelho republicano e derrotou o establishment democrata, prometendo um (pouco provável) retorno da
indústria, entretanto deslocalizada, às cidades norte-americanas, com o
ressurgimento de empregos estáveis e bem pagos. O mesmo vem sucedendo com Orban
na Hungria que colocou barreiras na fronteira com a Sérvia e promulgou
legislação genocida contra os sem-abrigo ou os ciganos. Na Europa Ocidental o
nacionalismo e o fascismo (as classes políticas e os media preferem usar a
branda designação de “populistas”) recolhe os seus apoios nas cinturas das
grandes cidades, preenchidas por desempregados, trabalhadores pobres e
precários, pensionistas em dificuldades, que encontram em imigrantes ou nos
seus descendentes, igualmente desprezados, catalisadores dos seus medos e
dificuldades. Por seu turno, a continuidade de Rajoy deve-se ao apoio dos
assustados com o desmembramento de uma Espanha imperial e descrentes de que o
PSOE seja eficaz nesse desiderato, se voltar a ser o vértice do regime.
Na Europa, cada atentado cometido ou cada refugiado que chega, não são
factos encarados como essencialmente resultantes das intervenções militares
ocidentais, em África ou no Médio
Oriente; aqui, na continuidade da desestruturação e da partilha desenhada
por Sykes e Picot, há quase cem anos. Na Líbia,
as destruições promovidas pelo nobel da paz Barack Obama visaram a libertação
ds líbios e não a apropriação dos seus recursos energéticos, como é… óbvio para
quem acredite no pai natal.
Os povos daquelas regiões, em grande maioria muçulmanos, são apresentados
como portadores de uma violência própria, endémica, crescendo o medo e a
irracionalidade em quantos compram a ideia idiota de que aqueles se tornarão
maioria na Europa. Curiosamente, há duas décadas, no contexto da campanha de
desmembramento da Jugoslávia e de diabolização dos sérvios, os bons do filme,
os protegidos do Ocidente, na Bósnia[7], eram… os muçulmanos. Quem
também beneficia disto é a entidade israelita, genocida e racista,
visceralmente anti-árabe, que assiste deliciada às lutas e destruições no Médio
Oriente, intervindo discretamente nas mesmas, para manter o fogo vivo; e agora
confortada pelo demente Trump.
Em todas essas derivas nacionalistas parece ficar esquecido que não há
memória de tratamento preferencial e amigável dos trabalhadores e do povo às
mãos das burguesias nacionais acantonadas atrás das suas fronteiras. Os
fascismos ocidentais como o capitalismo de estado soviético souberam
arregimentar os sindicatos nacionais, anular os que mantinham uma perspetiva de
classe, independente ou adversa ao poder, com o auxílio das polícias políticas.
Os trabalhadores isolados e desorganizados, fechados dentro das fronteiras,
submetidos às necessidades dos seus capitalistas não podem esperar nada de bom.
Por exemplo, no Portugal salazarista, nem sequer aos trabalhadores era
concedido o direito de emigrar, tinham de o fazer a “salto” pagando a
passadores e não isentos de riscos até cruzarem dos Pirinéus; o seu dever era o
de servir os toscos capitalistas nacionais. Recentemente, pelo contrário, o
famoso Passos – implicitamente reconhecendo a tosquice do empresariato luso,
aconselhou os portugueses a emigrar para ganharem empreendedorismo fora,
regressando depois para desenvolverem a madrasta Pátria; para quem trabalha em
hospitais ingleses ou na construção civil na Suiça, o desejo de
empreendedorismo claramente se… sobrepõe ao da sobrevivência.
No atrasado capitalismo português de Salazar entendia-se não ser necessária
grande escolaridade para as mulheres, pois aproveitar-se-iam desses
conhecimentos para “escreverem bilhetinhos aos namorados” (Salazar dixit).
Assim, em 1970[8],
31% das mulheres eram analfabetas e só 0.5% tinham formação superior (20% e
1.4% para os homens, respetivamente). A situação melhorou bastante desde então,
como evoluiu também nos outros países da Europa o que, contudo, não coloca
Portugal melhor do que ostentar o mais baixo
perfil educacional da UE.
Os EUA, como a maioria dos países europeias pouco ou nada fizeram para
criar ou manter uma matriz de relações inter-industriais densa, como aconteceu
com a Alemanha, o Japão, a Coreia do Sul e, mais recentemente a China; perderam
a sua base industrial - excepto no complexo militar-industrial - e criaram
empregos pouco qualificados na Walmart e na restauração, nos centros degradados
das cidades onde antes havia uma classe média que…votava no burro (Partido
Democrata).
A vitória de Trump com a sua promessa de América para os americanos, com
repúdio ou expulsão de latinos ou muçulmanos, para garantir o emprego e
salários compensadores aos brancos pobres, é uma verdadeira burla política. Os
capitalistas americanos, mormente as suas grandes multinacionais que
transferiram indústrias para a Ásia, mormente para a China, não vão voltar
atrás só porque Trump incluiu esse retorno na campanha eleitoral; e as
multinacionais tecnológicas também não estão dispostas a perder os imigrados de
alta qualificação que trabalham nos EUA, só porque são latinos, muçulmanos...
Trump, como os nacionalistas europeus, ainda não percebeu que a produção
mundial está globalizada e já não repartida por países; e que o regresso dos
EUA ao modelo antigo, corresponderia a grandes aumentos de preços dos bens,
tornando-os inacessíveis para os salários americanos de hoje, estagnados em
termos reais há longos anos. Admitindo que Trump saiba o que é o keynesianismo
não saberá que num mundo globalizado, os efeitos de multiplicador, visíveis no
tempo do New Deal, têm uma eficácia muito menor porque se esvaem
substancialmente através de fronteiras porosas, sob a forma de importações de
bens, serviços, juros, lucros, royalties. Os fãs lusos da LePen ignoram isto ou
ocultam essa realidade para manterem a sua clientela; tal como Salazar precisam
de se rodear de ignorância para se sentirem os sábios da aldeia.
4.2
– O desenvolvimento do espirito do fascismo
Há alguns anos atrás debruçámo-nos sobre uma nova era fascista e
genocida que estaria em curso, com incidência inscrita no terreno da paróquia
lusa e ainda antes da crise da dívida e da intervenção da troika. Esse renovado fascismo não tem
forçosamente de apresentar o aspeto sinistro da figura seguinte. A História só
se repete enquanto farsa[9].
Essa nova escala da produção de bens e serviços inerente à globalização
tende a reduzir o papel das pequenas e médias potências, uma vez que não mais
será possível o estabelecimento de protecionismos nacionais a favor dos
capitalistas autóctones, sobretudo dos de menor gabarito, conhecidos por PME’s;
a Comissão Europeia zela para que isso não aconteça. Estas empresas,
encontram-se submetidas a uma pressão financeira asfixiante ou, pura e
simplesmente com crédito inacessível, seja para procederem a investimentos,
seja para fazerem face aos ciclos dos gastos correntes. Por outro lado, têm
dificuldades para sobreviver face ao poder das multinacionais e dos grandes
grupos nacionais, estes, maiores beneficiários das deslocalizações, de
economias de escala, subvenções
públicas e fiscalidade mais doce, dadas as suas fortes ligações às classes
políticas. Em países mais desestruturados, como Portugal, o não pagamento de
impostos ou de encargos
sociais constitui um recurso muito utilizado, “normal” que, depaupera o
orçamento, alimentando maior agressividade fiscal sobre o trabalho e o consumo.
Nesse contexto, as tais PME’s incidem os seus esforços em tudo o que pode
baratear os custos do trabalho, como horas de labor não pagas, horários
extensos, baixos salários, fórmulas de obviarem a descontos para a segurança
social e a precariedade conveniente que facilite o despedimento e a sujeição.
Como muitas dessas empresas dependem, para sobreviver, dos níveis de
consumo da população remediada ou pobre, não tendo poder para influenciar o
partido-estado, ao serviço dos altos escalões do capital, mostram-se desavindos
com a democracia dita representativa que, de facto, não as têm na devida
consideração. Assim, entendem-se melhor defendidos com o regresso de
fronteiras, barreiras alfandegárias, desvalorizações de moeda, maior disciplina
no trabalho, favorecendo o nacionalismo, o etnicismo, a cultura pátria, as
identidades, elementos que funcionam como excelentes antecâmaras do fascismo.
Não admira pois que, na Europa, a existência de liberdade de comércio, com a
anemia económica persistente, promova o surgimento e a relevância de partidos
nacionalistas, xenófobos e fascistas.
Como é evidente, estes capitalistas pequenos e médios, que não se ancorem
em capacidades tecnológicas, financeiras ou da dimensão adequada, não querem o
fim do capitalismo; querem a sua continuidade, assente na continuidade da
existência de trabalhadores atomizados, precários e mal pagos. Muitos sonham
tornar-se grandes capitalistas, realizar a conhecida lenda do self-made man que, em geral repousa em
desenfreada exploração laboral e vigarices, embora isso não seja evidenciado
naquele romance. Por detrás de uma grande fortuna há sempre um grande roubo.
No fundo da escala social, apresenta-se um vasto leque de trabalhadores,
alternando períodos de desemprego com funções laborais precárias, com casas por
pagar ou com salários há longo tempo congelados, gente com trabalho mas, no
limiar da sobrevivência, submetida a uma punção fiscal agressiva, confrontando
serviços públicos degradados ou restringidos, preços de bens essenciais
elevados, com filhos adultos ou progenitores a seu cargo, abandonados ou
estranhos à ação sindical, atomizados, entregues à incerteza do dia seguinte.
Há também a contar com pensionistas com retribuições parcas ou congeladas,
muitas vezes depois de uma saída antecipada do trabalho, aliciados por patrões
e governos, competindo depois na procura de biscatos. E ainda, jovens, pouco
crentes nas virtudes da escola como forma de atingir uma habilitação conducente
a um emprego digno e que se entregam à situação de nem-nem (nem escola, nem
trabalho), com passagens, mais ou menos regulares, pelo consumo de drogas.
Muita desta gente é enormemente despolitizada; mesmo os mais jovens,
habilidosos utilizadores de telemóveis, tablets
e computadores. As televisões – o entretenimento dos pobres – intercalam-lhes
novelas com futebol, opinion-makers,
publicidade e espetáculo político, um conjunto que é mais tóxico que uma dieta
de Big Mac’s. Querem atenção, contentam-se de afetos e sorrisos de um qualquer
mandarim de verbo fácil e, portanto, são facilmente manipuláveis, aderindo a
qualquer ladainha que lhes reconstitua um passado idílico, onde o capitalismo
era mais suave. Querem ser explorados, ma
non tropo.
Como vítimas do neoliberalismo, das grandes empresas globalizadas e dos
bancos, aqueles pequenos e médios empresários tornam-se aliados próximos e
objetivos das vítimas do desemprego, da redução dos salários reais, das
deslocalizações, coincidindo na defesa da soberania nacional, dos capitais
nacionais, do retorno a mercados nacionais protegidos da concorrência, como
aconteceu nos anos 30 do século passado, com a retração das relações comerciais
globais. No chamado mundo ocidental e neste contexto de potencial concórdia e
concertação implícita, a realidade é desejável se imutável, com altas taxas de
crescimento, ancoradas na intervenção de aparelhos de estado como ativos
executantes de políticas keynesianas de construção de infraestruturas e de
elevados gastos sociais.
É o tipo de pessoas que votou no Brexit, pensando na segurança vivida nos
tempos vitorianos em que no império britânico o sol nunca se punha e incapaz de
perceber que a Grã-Bretanha é apenas uma potência de médio gabarito, cuja moeda
esteve presente em 12.8% das transações cambiais em 2016, num total de 200%, uma
vez que cada transação envolve um par de divisas. Resta saber se, a
concretizar-se o Brexit, a saída ou a redução da atividade financeira a partir
de Londres permitirá à libra manter essa posição. E a posse da bomba atómica de
pouco lhes serve sobretudo quando se enganam na direção em que enviam os seus
mísseis nos treinos dos submarinos
Trident.
Algumas gerações atrás, na Europa foi encorajada a imigração de
trabalhadores da periferia, da margem sul do Mediterrâneo e da África profunda,
para as funções tomadas como menos nobres que os trabalhadores de raiz europeia
não preenchiam devido à desfavorável relação entre penosidade e remuneração.
Milhões dessas pessoas constituíram famílias, os seus filhos e netos nasceram
na Europa, receberam uma cultura europeia e sofrem do anátema que surge a
propósito da cor da pele ou do apelido, reveladores das suas origens. Em tempos
de escassez de trabalho e de condições saudáveis de vida, a concentração dessas
pessoas em áreas guetizadas torna-os alvos fáceis de repúdio e ódio, sobretudo
quando há atentados. Quando, por razões completamente estúpidas, se gera
concorrência e divisões entre os pobres, está bem de ver que são os ricos e os
poderosos a beneficiar.
O neoliberalismo gerou todo este quadro de desintegração social, de
individualismo e concorrência entre as pessoas, menosprezando atitudes
solidárias ou coletivas o que, frequentemente as leva ostracizar o Outro, seja
pela cor da pele, pela origem nacional, pela cultura, porque é muito novo ou
demasiado velho; porque sim. Assim se forma um quadro de decadência e abandono,
com poucos vencedores e uma grande maioria de vencidos que se digladiam entre
si; um espetáculo que diverte capitalistas e mandarins. Um caldo de desespero,
pobreza e insegurança propício ao pulular de demagogos, gurus e fascistas que,
com rótulos de direita ou de esquerda, defendem o retorno ao encerramento
patriótico, à preferência pelos capitalistas nacionais, unidos todos, patrões e
trabalhadores na contemplação da bandeira, a cantar o hino e a contar as notas
de moeda nacional que faltam na carteira. Arbeit
macht frei.
4.3 – Um novo internacionalismo, precisa-se !
A globalização,
cavalgada pelo capitalismo, com as suas formas de domínio da multidão, pelas
armas, pela repressão, pelo estado de excepção, alargados muito para além dos
vários espaços nacionais, em evidente e acelerada perda de poderes, exigem uma
forma de luta dos povos num patamar bem acima do plano nacional. O que recoloca
a questão do internacionalismo, popular há uns cem anos.
No passado, essas pulsões de libertação promoveram entre os trabalhadores o
internacionalismo como arma de defesa contra as rivalidades entre as potências
e as suas classes dominantes e que os mobilizavam para as guerras, sem os
isentarem das destruições provocadas pelas mesmas. O internacionalismo estava,
no primeiro quartel do século XX, intimamente ligado à construção de sociedades
igualitárias, sem capitalistas, sem autoridade, sem Estado; o que se designou
por anarquismo.
A revolução russa de 1917 que inicialmente gerou muitas esperanças de
libertação dos trabalhadores face ao domínio do capital, rapidamente evoluiu
para uma oligarquia de partido único, de gestores, militarizada e repressiva,
que construiu um capitalismo de estado, com forte recurso a trabalho forçado.
As réplicas à revolução de 1917 que surgiram por todo o lado, tenderam a
constituir-se sob a forma de partidos comunistas como produtos derivados da
URSS, vocacionados para a defesa dos seus interesses estratégicos nacionais,
enquanto “pátria do socialismo”. Esta designação, no seu âmago, contempla uma
contradição, pois o socialismo ainda era encarado como algo de credível e
antagónico face às pátrias, como prisões de povos. Quando sobreveio a II Guerra,
o internacionalismo que teve forte presença nos campos de batalha na guerra
anterior, de 1914/18 e, mais tarde, na defesa da República espanhola contra o
fascismo, estava diluído na luta antifascista desenvolvida em planos nacionais
e dirigida de Moscovo, na qual também se dissolvia a luta contra o capitalismo.
Herdeiras da tradição de ligação à URSS como farol e exemplo do que se
designou por socialismo, as esquerdas europeias após o final da II Guerra
apostaram num gradualismo político e em práticas burocráticas de apoio à
reconstrução dos capitalismos nacionais, integrando-se completamente no jogo
partidário, sem perspetivas de mobilização popular e de ruptura sistémica.
Sofreram um abalo forte na sua hegemonia ideológica nos finais dos anos 60,
quando lutas sociais em França, Itália e Alemanha colocaram no terreno
abordagens anticapitalistas e críticas do modelo soviético, com o seu
economicismo e autoritarismo, tal como o modelo ocidental, produtivista,
repressivo e puritano. Quando o derrube do Muro e a desagregação da URSS
evidenciaram o fracasso do chamado socialismo, os partidos comunistas
afundaram-se, assumiram-se, na menos má das hipóteses em formações
sociais-democratas, quando não assumidamente neoliberais, com a verve típica
dos conversos recentes. Cederam o lugar a outras formações sociais-democratas
ou ecologistas identicamente sem teoria ou práticas de ruptura, com apoios
sociais próximos dos apoiantes dos partidos-estado (como nos casos do BE, do
Die Linke e, recentemente do Podemos); mas, mantêm-se num figurino tradicional,
fechado, autoritário e nacionalista, nos casos de Portugal, Grécia, Chipre ou
República Checa.
A globalização, acelerada pela ideologia neoliberal iniciada nos anos 70,
depois do fim da convertibilidade do dólar, da grande subida do preço dos
combustíveis e atingidos os limites do keynesianismo, correspondeu a um género
de internacionalismo do capital, disposto a anular as barreiras nacionais e a
integrar ou a destruir as burguesias nacionais, que não tivessem capacidade
para se imporem como atores nessas redes que enformam a globalização, para
agirem numa escala muito mais vasta do que os seus estritos territórios e
populações. Dessa situação, na Europa surgiram os diversos alargamentos da
então CEE, com a agregação de pequenas e médias nações, num quadro subalterno
adequado à valia dos respetivos e autóctones conjuntos de capitalistas.
À internacionalização do capital globalizado, à mundialização da produção
de bens e serviços, à dominância de um sistema financeiro predador, à acelerada
destruição do planeta, tem de corresponder uma imprescindível oposição que
atualmente não existe no seio dos regimes políticos instituídos. É obrigatório
dar-lhe resposta através do desenho e da construção de uma lógica integrada de
atuação dos povos, sob a forma de redes rizomáticas, sem chefias carismáticas e
imunes à repressão, por essas mesmas caraterísticas, tirando partido das
tecnologias que, hoje, já integram os trabalhadores, os despojados, os
abandonados. É preciso construir um internacionalismo do século XXI, como
instrumento para a destruição do capitalismo.
Carlos Taibo sintetiza a questão que se nos coloca, hoje. Ou ganhamos a
consciência de que temos de sair urgentemente do capitalismo, regressando a
lógicas de cooperação, solidariedade e apoio mútuo; ou entra-se num caminho de
salve-se quem puder, com guerras, pobreza acentuada, desdém para com as
alterações climáticas (como anunciado por Trump) e regimes fascistas e
genocidas.
Este e outros textos em:
[1] Mesmo sem atribuir dignidade ao patronato e à iniciativa privada, na URSS,
o modelo corporativo de subordinação dos trabalhadores aos interesses do Estado
(o grande patrão, de facto) já havia sido aplicado, antes da sua formalização
na Itália fascista. Na realidade se o “socialismo” correspondia ao controlo
estatal da economia, os trabalhadores e todos os cidadãos deveriam funcionar
como contratados pelo Estado, não sendo concebíveis conflitos entre esse sui generis patrão e os trabalhadores ou
a população em geral.
[2] Em maio de 1933, Hitler, já chanceler, apropria-se dos fundos sindicais e
cria o DAF – Deutsche Arbeitsfront, no qual todos os trabalhadores eram
obrigados a pertencer e que fornecia apoios significativos no lazer, no
desporto, na cultura, na educação, no sentido de gerar uma unidade entre os
alemães baseada na raça, na luta e no… führer ( a Volksgemeinschaft).
[3] Em 1925/26 surge a organização sindical fascista baseada na colaboração de
classes e dirigida por fascistas, sob controlo estatal, sendo proibidas as
greves e qualquer agitação social,. A Carta del Lavoro surgiu em 1927 para
regular as relações entre Estado, patronato e trabalhadores, num modelo que se
veio chamar de corporativismo.
[4] Em Portugal, o Estatuto do Trabalho Nacional publicado em 1933 é uma cópia
muito fiel da Carta del Lavoro italiana havendo também réplicas da mesma no
Brasil de Getúlio Vargas e na Turquia de Ataturk. Em Portugal a sua publicação
implicou a ilegalização dos sindicatos existentes, cujo esmagamento tem como
símbolo de resistência, a revolta dos trabalhadores na Marinha Grande, em 18
janeiro de 1934, entre outros lugares.
[5] Na Alemanha, para além de 15 campos de
concentração principais havia mais 400 e os gastarbeiter
(imigrantes) - cerca de 9 milhões
em 1942 - acabaram por ser trabalhadores forçados, tal como os prisioneiros de
guerra. Em Portugal, felizmente, o ruralismo saloio de Salazar evitou aos
presos políticos o trabalho forçado.
[6] Friedman foi dos primeiros neoliberais a ser
premiado com o “nobel”; não porque introduzem aprofundamentos teóricos de
compreensão da realidade mas porque contribuem para o apuro da lógica
neoliberal ou apresentam meras técnicas que interessam aos “mercados”, mormente
financeiros; e que muitas vezes se revelam como perfeitas falsidades. Sobre
este tema, veja-se:
[7] A
Bósnia foi o primeiro cenário europeu para o jihadismo, abençoado pelos EUA e
pela NATO
[8]
Visão, 17/4/2014
[9] Embora o apoio de Trump na deslocação da
representação dos EUA na sua fortaleza sionista, de Tel-Aviv para Jerusalém,
possa constituir um sinal de um regresso ao passado; tal como o retomar da
diabolização do Irão ou a cruzada anti-imigrantes e anti-muçulmanos,
provavelmente inspirada pelo genro Jared, sionista encartado.
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