quarta-feira, 3 de maio de 2023

Riqueza e salário médio

  

1 - Riqueza por adulto

2 - Salário médio

    

1 - Riqueza por adulto

Pretende-se com este texto observar as relações entre a riqueza afeta aos adultos dos países –essencialmente europeus - para os quais foi possível apresentar os dados convenientes; e, para os mesmos países, elementos sobre os respetivos salários médios. Tudo, apresentado em euros.


 Riqueza por adulto



 

2000

2011

2021

2021/

2000 (var %)

2011/

2000

 (var %)

2021/

2011 (var %)

 

Alemanha

104388

196382

279332

167,6

88,1

42,2

 

Áustria

125042

253116

271875

117,4

102,4

7,4

 

Bélgica

153043

302592

414254

170,7

97,7

36,9

 

Bulgária

4216

25762

47425

1024,8

511,0

84,1

 

Chipre

65539

146755

162852

148,5

123,9

11,0

 

Croácia

17560

56735

74209

322,6

223,1

30,8

 

Dinamarca

120054

256002

463580

286,1

113,2

81,1

 

Eslováquia

16074

54498

69014

329,4

239,0

26,6

 

Eslovénia

36298

101315

116822

221,8

179,1

15,3

 

Espanha

83608

252046

242270

189,8

201,5

-3,9

 

Finlândia

79588

170053

202400

154,3

113,7

19,0

 

Estónia

17213

42572

84087

388,5

147,3

97,5

 

França

115916

304728

350080

202,0

162,9

14,9

 

GB

161536

257636

336277

108,2

59,5

30,5

 

Grécia

77289

151372

117717

52,3

95,9

-22,2

 

Hungria

13193

38002

76813

482,2

188,0

102,1

 

Irlanda

136811

216095

273192

99,7

58,0

26,4

 

Islândia

139040

227860

497603

257,9

63,9

118,4

 

Itália

131467

250232

251438

91,3

90,3

0,5

 

Letónia

8101

40076

94859

1070,9

394,7

136,7

 

Lituânia

8959

30633

69030

670,5

241,9

125,3

 

Luxemb.

225643

474557

714743

216,8

110,3

50,6

 

Malta

57477

110228

176718

207,5

91,8

60,3

 

Noruega

109238

297608

363513

232,8

172,4

22,1

 

P. Baixos

143083

283973

435683

204,5

98,5

53,4

 

Polónia

11237

49337

54811

387,8

339,1

11,1

 

Portugal

57477

128088

167801

191,9

122,9

31,0

 

R. Checa

12398

52883

89391

621,0

326,5

69,0

 

Roménia

4580

28848

46034

905,0

529,8

59,6

 

Suécia

83971

232993

415183

394,4

177,5

78,2

 

Suíça

251472

523303

757178

201,1

108,1

44,7

 

Turquia

15036

34984

21191

40,9

132,7

-39,4

 

EUA

233854

313168

629403

169,1

33,9

101,0

 

 Soma

2820403

5904430

8366780

196,7

109,3

41,7

 












                                                                                                    Fonte - Global Wealth Databook 2022 e 2014/5

 

No período total em presença (2000/2021) o crescimento da riqueza por adulto é particularmente elevado nos países do Leste europeu, sobressaindo nesse contexto a Letónia e a Bulgária com acréscimos superiores a 1000%, ancorados em valores de riqueza muito baixos em 2000 (€ 4200 e € 8100, para além da Roménia com uma riqueza por adulto de € 4580); para além e outros países do Leste europeu como a Lituânia, a Rep. Checa e a Turquia. Os casos de menor crescimento da riqueza por adulto nos vinte anos referidos recaem na Grécia, na Itália, na Irlanda e na Turquia.

Quanto aos acréscimos de riqueza evidenciados na primeira década (2000/2011) eles evidenciam-se na Roménia (530%) e na Bulgária (511%) para além da Letónia, da Polónia, da Lituânia e da Rep. Checa. E, com o mais baixo crescimento da riqueza por adulto a registar-se nos EUA.

Aqueles acréscimos observam-se para os referidos países, ainda que, em geral, com valores muito mais reduzidos do que no período 2011/2021; essa situação não obvia a que aqueles países apresentem baixos níveis de riqueza, no contexto geral. Todos eles mantêm, nos três momentos considerados, indicadores de riqueza inferiores a € 100000.

Para o período, 2011/2021, as variações são claramente inferiores às dos períodos anteriores, ao contrário do que acontece com os EUA. E, por outro lado, no último período, os indicadores de riqueza regridem face ao período anterior, nos casos da Grécia, da Turquia e da Espanha.

Em 2000 como em 2021, os três valores mais elevados de riqueza registam-se na Suíça, no Luxemburgo e nos EUA, com o primeiro país a manter-se inamovível no primeiro posto; os dois primeiros países são verdadeiros cofres, gestores das grandes fortunas e, o último é a potência suserana, ainda que em evidente queda, sobretudo perante o binómio euro-asiático China/Rússia, ao qual se estão a aglutinar países fora do cenário NATO. Em 2021 as disparidades são enormes, evidenciando-se, entre outros, os valores muito baixos revelados para a Turquia, a Bulgária, a Roménia e a Polónia.

Ocupando a Suíça, nos três momentos, a posição cimeira na riqueza, a sua relação relativamente ao mais pobre (Bulgária) é 59 vezes em 2000; mas reduz-se para 20 vezes em 2011: certamente, por redução da … riqueza suíça, dirão os mais crédulos. Em 2021, a Suíça mantém a posição cimeira; mas na cauda, a Bulgária suplantou a Turquia e a Roménia, uma vez que, nesse contexto, a riqueza suíça se mostra, apenas 36 vezes, superior à apresentada pela Turquia.

Algumas variações na tabela exigem destaques, no capítulo da riqueza por adulto:

·       A velha Albion (Grã-Bretanha) detinha o quarto posto quanto a riqueza, em 2000, passou para o 8º em 2011 e para 11º em 2021. Para a Irlanda, observa-se situação semelhante;

·       A Noruega passou do 13º lugar em 2000 para o 6º e o 9º nos outros anos considerados, observando-se uma situação paralela para a Suécia; a Islândia (7º lugar em 2000) regride para o 14º em 2010 mas alcança o 4º posto em 2021. A Dinamarca, por seu turno, sobe do 11º para o 9º lugar, atingindo o 5º posto em 2021;

·       Inversamente, a Itália passa do 9º lugar em 2000 para o 12º e o 15º; a Áustria, por seu turno, decai do 10º lugar em 2001/2010 para o 14º em 2021. Quanto a Portugal, situa-se no meio da tabela, onde se situam também Eslovénia, Grécia ou Chipre.

2 - Salário médio

Os quantitativos do salário médio crescem, em geral, para todos os países mas, com acréscimos tendencialmente decrescentes.

 

2000/01

2011

2021

2021/

2000 (var %)

2011/

2000

(var %)

2021/

2011 (var %)

 

Alemanha

34400

43300

52800

53,5

25,9

21,9

 

Áustria 

30280

39693

50658

67,3

31,1

27,6

 

Bélgica

31644

44636

51328

62,2

41,1

15,0

 

Bulgária

1357

4333

9372

590,6

219,3

116,3

 

Chipre

 

9882

23424

 

 

137,0

 

Croácia

 

11222

14539

 

 

29,6

 

Dinamarca

37793

51869

60750

60,7

37,2

17,1

 

Eslováquia

5256

9931

14438

174,7

88,9

45,4

 

Eslovénia

8894

17373

22276

150,5

95,3

28,2

 

Espanha

17319

25515

27570

59,2

47,3

8,1

 

Finlândia

26362

40243

47915

81,8

52,7

19,1

 

Estónia

3931

3931

18489

370,3

0,0

370,3

 

França

26712

35489

39971

49,6

32,9

12,6

 

GB

41637

39272

51161

22,9

-5,7

30,3

 

Grécia

15459

23929

19614

26,9

54,8

-18,0

 

Hungria

6134

9470

15150

147,0

54,4

60,0

 

Irlanda

28924

41721

51750

78,9

44,2

24,0

 

Islândia

37366

34866

68980

84,6

-6,7

97,8

 

Itália

21550

28872

32058

48,8

34,0

11,0

 

Letónia

2316

7632

15276

559,6

229,5

100,2

 

Lituânia

3187

6735

18560

482,4

111,3

175,6

 

Luxemburgo

35875

50674

65517

82,6

41,3

29,3

 

Malta

14638

19705

23950

63,6

34,6

21,5

 

Noruega

36779

63011

62830

70,8

71,3

-0,3

 

P.Baixos

31901

46287

55681

74,5

45,1

20,3

 

Polónia

6749

9399

14227

110,8

39,3

51,4

 

Portugal

11544

16208

20714

79,4

40,4

27,8

 

Rep. Checa

4520

12008

17230

281,2

165,7

43,5

 

Roménia

1993

5741

13435

574,1

188,1

134,0

 

Suécia

30059

41674

46940

56,2

38,6

12,6

 

Suíça

49567

69465

89987

81,5

40,1

29,5

 

Turquia

7855

8430

8275

5,3

7,3

-1,8

 

EUA

35870

33689

52568

46,6

-6,1

56,0

 

 

647871

906205

1177433

81,7

39,9

29,9










 

Perante as variações registadas no período dos vinte anos neste texto incluídos, pode observar-se a classificação dos países mais ricos; logo se destacando a Suíça, como possuidora do salário médio mais elevado, com uma diferenciação acrescida em 2021. No capítulo dos dez países mais ricos assinala-se a presença constante, para além da Suíça, a Dinamarca, a Noruega, o Luxemburgo, os Países Baixos, a Bélgica e a Alemanha. Neste elenco dos mais ricos, num segundo plano, registam-se duas presenças da Islândia, dos EUA e da Irlanda.

Assinala-se também, a forte quebra posicional da Grã-Bretanha em 2011 e 2021, depois de o país se evidenciar, em 2000, como o segundo país com salário médio mais elevado; um império do passado…

No segundo lote de países, no que respeita ao salário médio, cabem a Eslovénia e Portugal, com este último sempre no 21º lugar nos três anos em que se desenharam as diversas hierarquias, em regra com cerca de 30 países. Entre estes dois países o mais elevado valor do salário médio, em 2011 e 2021, cabe à Eslovénia… num plano em que Portugal se acha no lugar mais pobre de toda a Europa Ocidental.     

A Grécia, por seu turno, evidencia salários mais elevados que Portugal em 2000 e 2010 mas já não em 2021, por razões bem conhecidas. Chipre apresenta salários médios claramente mais baixos do que Portugal em 2011, uma situação que se inverte em 2021.

Quanto ao leque dos salários mais reduzidos, a Bulgária e a Roménia mostram-se com os mais baixos valores em todos os períodos considerados. A Letónia e a Lituânia posicionam-se num lugar imediato relativamente aos anteriores mas melhoram claramente a sua posição em 2021. A Polónia, por seu turno, vem-se claramente aproximando dos lugares dos mais pobres (24º, 27º e 30º), nos três momentos considerados.

A relação entre os salários médios em 2021, tendo como base de comparação os observados em 2000/01, apresenta os perfis mais desiguais, como se evidencia no gráfico seguinte. Os valores mais baixos, reveladores de um elevado conservadorismo salarial, revelam-se, essencialmente na pobre Turquia, na decadente GB e ainda na Grécia, vítima do esmagamento da evolução dos rendimentos, na sequência da atuação da chamada troika. No conjunto de países, no gráfico contidos entre os EUA e a Islândia, está o grosso dos países mais ricos da UE, para além de alguns não integrados no cartel, como a Noruega e a Islândia. O terceiro grupo, evidenciado no lado direito do gráfico, contempla os países mais a Leste da Europa, com a sua diversidade bem espelhada; uns, claramente mais pobres e, com uma evolução salarial mais acentuada (no Báltico e nos Balcãs) e os outros, mais próximos da Alemanha, na Europa central.

Após o final da guerra fria, a Europa mantém-se muito desigual, com os países ricos bem destacados dos níveis de vida dos povos do Leste, que fizeram parte do Comecon (bálticos e balcânicos), para além dos colocados na Europa central, tendencialmente orbitando a potência alemã.

A ocidente, mantém-se a bolsa de pobreza portuguesa que, mesmo no quadro ibérico, se mostra muito aquém da pujança espanhola - em 2000, a diferença salarial anual portuguesa era cerca de € 5800 face ao equivalente espanhol; €9 300 em 2011; e € 6900 em 2021. A classe política e o empresariato português mostram claramente a sua indigência cultural e política.

Este e outros textos em:        

http://grazia-tanta.blogspot.com/                               
Outros em:  

https://pt.scribd.com/uploads

http://www.slideshare.net/durgarrai/documents     

Sem comentários:

Enviar um comentário