Depois de duas semanas
de clausura, a preparar a sua pré-candidatura, Marcelo regressa ao seu habitual
mediatismo. E, desta vez, é a sério; sem o folclore de selfies,
beijinhos ou abraços mas, com Costa, nas suas costas, a aplaudir.
Marcelo, o dito supremo
magistrado da nação, lidera o processo do estado de emergência, ofertando a
Costa todas as medidas de caráter restritivo nas relações laborais, promulgadas
em nome do vírus.
Como todos sabem que o
sagrado PIB irá cair, à sombra dos efeitos do Covid 19, é fácil tornar o vírus
num bom aliado para a destruição de PME e obter uma maior concentração de
capital; esta, surge assim, caída dos céus, como uma inevitabilidade,
sabendo-se que o Covid 19 não irá reclamar pela autoria dos danos que vem
provocando. O desemprego vai aumentar? Paciência, é o funcionamento do “mercado
de trabalho”, um nebuloso chavão que permite todas as interpretações; e a causa
é o vírus, claro.
Costa aproveita porque
se está nas tintas para a eleição presidencial, garantida que tem a mansidão da
oposição ao governo, por tática (PSD) ou, porque nada têm a dizer ou a fazer,
quanto ao resto dos animadores de S. Bento. E, portanto, está de pedra e cal no
governo até 2023, deixando a chamada oposição par(a)lamentar num papel de… embrulho, o que acontece desde 2015 ou, mesmo antes. O estado pós-fascista em
todo o seu esplendor!
Costa assistirá ao
antigo leitor de contracapas fazer a sua pré-campanha eleitoral e apresentar-se
como o cobrador dos favores que o regime tem feito ao sistema financeiro;
aliás, sublinhado por Marcelo aos banqueiros, com frases tão claras quanto
oportunas, tais como:
· “A banca deve ao país, por causa das circunstâncias que todos conhecemos” - e
que todos sabemos desde a nacionalização do BPN, ao empréstimo da troika,
à estreia mundial do Fundo de Resolução ditada por Draghi a um gaguejante Costa
(o Carlos), o descalabro do chamado BES, com o abutre Lone Star… Marcelo fez
bem em lembrar pois, toda a gente já se havia esquecido!
· “Cada português contribuiu para viabilizar bancos”, € 2300, per capita, mais precisamente;
· “É uma ocasião de retribuir aos portugueses”. Ninguém vai receber os € 2300, nem
empréstimos a taxas de 1% mas… bastante acima disso;
· "Linhas de crédito e [as] faça[m] chegar às empresas, que agilize, facilite,
porque os processos bancários às vezes são demorados e difíceis". Claro que aqui os banqueiros terão concordado
com S. Exa. (como em quase tudo) porque cada concessão de crédito,
naturalmente, não deixará de ter em conta a viabilidade do negócio e as
garantias oferecidas pelo candidato a devedor; é uma questão técnica, referida
só para encher a inutilidade do encontro;
· “Como (a banca) vê as medidas
tomadas pelo governo” … claro que vê, pois governo algum toma medidas que
toquem os interesses da banca, sem previamente ter o seu aval. Que o diga
Sócrates, quando os bancos, em 6/4/2011, sob a sábia liderança do Costa
(Carlos) decidiram convocar novas eleições e mandar Sócrates estudar para Paris
com uma nutrida bolsa concedida pelo amigo Santos Silva;
· "Saio desta reunião com a sensação de
que a banca portuguesa está a acompanhar de forma atenta a situação do nosso
país,…”. Fabuloso! Ficamos sabendo que os bancos, tal como os vendedores de
gelados, estão sempre a ver novas oportunidades de negócio! O que se aprende com este PR! Mais do que com
o anterior que era um grunho, que cuspia mais do que falava.
Mas para não se pensar
que o PR diz vulgaridades, vamos referir a espantosa proposta de Rui Rio,
cujo conteúdo faz pensar é um rematado disparate e uma forma clara de defraudar
o dinheiro público. Vejamos, Rio pretende uma linha de crédito às empresas, não
de € 3000 M propostos pelo governo mas de € 10000 M… com 90% GARANTIDOS PELO
ESTADO!!! E, ao que sabemos, a fabulosa CIP pretende 30 a 35000 M, o que nos
levou a mandar uma mensagem ao primeiro-ministro a solicitar uns 40000 M para
gozarmos umas merecidas férias quando terminar a quarentena. No aproveitar é
que está o ganho…
Em termos mais
realistas, o erário público distribui pelos fabulosos empresários à portuguesa
€ 10000 M e eles podem gastar sem grandes responsabilidades porque quem
acarreta com os desvarios, os desvios e os azares é o… Estado!!! Dito de modo
mais claro, de quem paga impostos!
Onde está o risco
empresarial?
Na realidade, o
proposto insere-se numa linha de atuação muito antiga que consiste no não
cumprimento de deveres por parte das empresas e, de empresários, mais
vocacionados para a rapina, para a compra de altas cilindradas do que para o
investimento ou para um ganho de dimensão. Para o efeito, o aparelho de Estado
é desconexo, minado pela corrupção e que surge como a salvação de empresários
há muitas décadas habituados a essa prática. E Rui Rio parece inserido nessa
mesma lógica, por compadrio ou ignorância.
O caso mais gravoso e
dos mais antigos é o que se passa na Segurança Social, há muitas dezenas de
anos, com o silêncio comprometido de governos e oposições. A dívida de
médio/longo prazo – na sua esmagadora maioria devida por empresas, com prejuízo
para quem recebe pensões de merda - para com a instituição, em milhões de euros
é:
2012
|
2013
|
2014
|
2015
|
2016
|
2017
|
6791,7
|
7388,4
|
7932,9
|
8463,0
|
8944,6
|
9118,6
|
Que ninguém estranhe
que ainda não se conheça a Conta da Segurança Social para 2018; é normal haver mais
de dois anos de atraso. Aliás, há uma cultura, soprada benevolentemente pelos
governos e assumida pelos funcionários de que “temos de os (empresários) ajudar
pois são eles que financiam a Segurança Social”, numa lógica mesclada de
espírito caritativo e de imbecilidade.
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