1 - Compreensão da escrita
2 - Matemática
3 - Ciências
»»»»»»»»»»|||««««««««««
As dificuldades,
nos primeiros anos de escola, na aprendizagem de conhecimentos tomados como
básicos, conduz, com alta probabilidade, a uma vida adulta com garantidas
dificuldades no emprego, no rendimento obtido, no caráter mais penoso e
monótono do trabalho e na estabilidade laboral, com reflexos evidentes, na vida
pessoal, familiar, qualidade do alojamento, cuidados de saúde, capacidade de
percepção da realidade social, etc.
Como é evidente, as
grandes diferenças observadas pouco se prenderão com as capacidades cognitivas
dos alunos mas, mais com o grau de conforto no meio familiar - qualificações e
incentivos dos pais, tipo de habitação, equipamento doméstico, distância e
transporte entre casa e escola, acompanhamento no tempo diário depois das
aulas; e da qualidade dos meios de ensino, das instalações escolares, da
motivação dos professores, do grau de exigência, etc. De facto, os indicadores
reproduzem, genericamente, as marcantes desigualdades socioeconómicas no seio
da Europa, evidenciando a segmentação entre países mais pobres e mais ricos; o
que não é estranho uma vez que essas desigualdades se observam em muitos outros
indicadores[1].
Os dados fornecidos
pelo Eurostat, incidem, grosso modo, no período 2000/2015 para a vertente
“compreensão da escrita”; em 2003/2015 no caso da matemática; e, 2006/2015 para
as ciências.
1 - Compreensão da escrita
Neste âmbito, o
indicador global para toda a UE mostra-se invariante em torno dos 19.7% de
jovens com dificuldades. Como se pode observar no gráfico abaixo, os casos mais
graves, em torno dos 35/40 %, registam-se na Bulgária, na Roménia, em Malta e em
Chipre; e mantêm-se em 2000 como quinze anos depois, com pequenas alterações. É
curioso o indicador do rico Luxemburgo no princípio do período mas, com
melhoria significativa em 2015.
Os casos de menor
incidência de dificuldades, em 2000 verificam-se na Finlândia, na Holanda e na
Irlanda; e, em 2015, a ordem altera-se colocando-se na frente a Irlanda, a
Estónia e, de novo, a Finlândia. Note-se a deterioração relativa face a 2000,
tanto na Finlândia como na Holanda.
As melhorias mais
significativas observam-se na Letónia, no Luxemburgo e em Portugal, enquanto os
agravamentos mais notórios se registam na Islândia, na Eslováquia e na Holanda.
A evolução da situação em Portugal é bem positiva, situando-se o país em 2015
com um indicador melhor do que a média europeia, o que não acontecia quinze
anos antes; e agora com uma grande aproximação ao valor apresentado por Espanha[2].
No conjunto, houve
12 países em que os indicadores pioraram contra 18 casos de melhoria, ainda que
nestes últimos haja situações de variações insignificantes. Porém, só uma
análise mais aprofundada permitiria saber se os indicadores melhorados resultam
de reais esforços de suprimento das dificuldades dos alunos, através da
melhoria de métodos de ensino, de maior atenção ao seu desenvolvimento; ou, se
esses indicadores mais favoráveis resultarão de um abrandamento das exigências,
daí resultando melhorias mas à custa de uma implícita cosmética, com intuitos
eleitorais, num sistema educativo com frequentes mudanças organizativas, curriculares
e logísticas (instalações e afetação de pessoal).
Compreensão da escrita - Parcela de alunos com 15 anos que não atingiram o nível 2 de escolaridade
Nota: Croácia, Eslovénia, Estónia, Grã-Bretanha, Lituânia e
Roménia (2006 e 2015); Eslováquia e Holanda (2003 e 2015), Malta (2009, 2015),
Chipre e UE-28 (2015)
2 - Matemática
Para o conjunto dos
países considerados, a parcela de jovens com dificuldades na matemática no
período 2003/15 é um pouco superior à registada no capítulo da compreensão da escrita;
é de 22.2%, contra 19.% em 2015.
Em 2003 o volume
desses jovens ultrapassava a metade do total de estudantes na Bulgária e na
Roménia, com a Grécia no terceiro lugar mas, com uma diferença significativa
face aos primeiros. Em 2015, aqueles países mantêm-se com os piores indicadores
acompanhados por Chipre, que não apresenta dados para 2003; todos com valores
superiores a 35% no último ano referido.
Em 2003, os mais
baixos índices observam-se na Finlândia (6.8%), seguida da Holanda e da Estónia
com valores um pouco acima de 10%. Em 2015, a Finlândia resvala para o segundo
lugar, a seguir à Estónia e, a par com a Dinamarca. O espaço de dispersão dos indicadores
relativos aos jovens com dificuldades no campo da matemática estreita-se
significativamente no período 2003/2015, ao contrário do observado para os
estudantes com problemas quanto à compreensão da língua (2000/2015), que pouco
se alterou. Portugal, em 2003 apresentava o quinto mais elevado indicador mas
melhorou bastante colocando-se, no final do período, com um valor pouco acima
da média da UE.
Em 15 dos países
considerados o indicador piorou, com realce para a Islândia, a Eslováquia, a
França e a Finlândia. No capítulo dos indicadores mais elevados, as principais
melhorias observam-se na Roménia e na Bulgária, seguidos pela Itália e Portugal
(este, com uma redução 6.3 pontos percentuais).
Matemática - Parcela de
alunos com 15 anos que não atingiram o nível 2 de escolaridade
Nota: Bulgária, Croácia, Eslovénia, Estónia, Grã-Bretanha,
Lituânia e Roménia (2006 e 2015); Malta (2009, 2015), Chipre e UE-28 (2015)
3 - Ciências
Para o conjunto da
UE, em 2015, é de 20.6% a parcela de alunos com 15 anos que não atingiram o
nível 2 de escolaridade no âmbito das ciências; um número dentro da ordem de
grandezas atrás referidas para a compreensão da língua e da matemática.
Com muitas
semelhanças face ao atrás observado, os casos de mais dramáticas dificuldades
no âmbito das ciências, registam-se em Chipre (2015), Roménia, Bulgária,
seguidos de Malta e, em 2015, da Grécia e da Eslováquia, ambos em franco
retrocesso face a 2006.
Como observado no
contexto das outras disciplinas, a Finlândia e a Estónia destacam-se pelos seus
baixos níveis de alunos com deficiências no capítulo das ciências, com inversão
nas suas posições relativas em 2015, face a 2006.
As melhorias
verificam-se apenas em 10 situações, com relevo para a Roménia (8.4 pontos
percentuais a menos) e Portugal (7.1 pontos percentuais também, a menos).
Quanto a situações de acrescida deterioração registam-se 19 casos,
destacando-se a Hungria, com um acréscimo de 11 pontos percentuais, seguida
pela Eslováquia (mais 10.5 pp) e a Grécia (mais 8.7 pp).
Relativamente ao
caso português, em 2006, o indicador só era pior na Roménia, na Bulgária, em
Malta e Itália. Em 2015 Portugal apresentava uma parcela de 17.4% de alunos com
conhecimentos insuficientes em ciências, uma marca que só tinha oito países em
melhor situação; o indicador português era igual ao inglês e ligeiramente
superior ao espanhol.
Ciências - Parcela de
alunos com 15 anos que não atingiram o nível 2 de escolaridade
Nota: Malta (2009, 2015), Chipre e UE-28 (2015)
4 - Algumas notas
Ao que sabemos, em
Portugal, a introdução do estudo acompanhado e a disponibilidade de equipamento
informático para os jovens procederem a pesquizas terão contribuído decisivamente
para a melhoria do desempenho dos alunos. Nesse contexto, apesar da quebra na
parcela de retenções e desistências no ensino básico, entre 2015 e 2018, de
7.9% para 5.1%, o actual gang governamental considera que cada caso de retenção
(vocábulo que substituiu o termo popular de chumbo) custa 5000 euros por aluno[3].
Como se aponta para
cerca de 50000 chumbos, o custo para o erário público orça os € 250 M, o que
será certamente muito inferior aos custos da plebe com a manutenção de 70
mandarins com cargos governamentais, seus secretários, assessores, motoristas e
mordomias.
Para a anulação
radical das taxas de retenção melhor seria uma maior atenção dada aos jovens,
nomeadamente aqueles que terão dificuldades inerentes ao seu enquadramento
familiar e socioeconómico ou às insuficiências das escolas que todos os anos se
mantêm.
Por ação dos gangs
governamentais, em regra, compostos por gente eticamente indigente, terá de se reproduzir,
nos primeiros anos de escolaridade, a importância de se ser competitivo e dotado
de empreendedorismo; assumido esse catecismo, os jovens mais facilmente terão
acesso a um salário mínimo, tendencialmente assimptótico face ao salário médio
e auferido no que se chama empregos de merda; e terão de ficar eternamente agradecidos.
Este e outros textos em:
Sem comentários:
Enviar um comentário