sábado, 7 de janeiro de 2023

Uma comparação dos níveis de riqueza no mundo, em 2011 e 2021

Para completar a abordagem sobre a evolução da riqueza em cada área continental evidenciaremos os vários níveis em que se inscrevem os países.

Antes, porém, observemos as brutais diferenças entre a riqueza dos adultos dos vários continentes, entre 2011 e 2021. As diferenças são enormes e espelham as imensas desigualdades que caraterizam a organização política e económica dos povos; e, por seu turno, essas desigualdades evidenciam as diferenças resultantes, não tanto dos recursos naturais como do papel dos aparelhos de estado, das oligarquias, na captura e apropriação da riqueza, bem como dos militares e das classes políticas, em manter ou acentuar essas diferenças.  

Os indicadores adiante referem-se à soma da riqueza anual por adulto dos países incluídos nos diversos continentes, como adiante referido.  

 

Europa – $ 6270 mil em 2021 contra $ 4729 mil em 2011

Ásia - $ 4124 mil euros em 2021 e $ 2312 em 2011

América - $ 1812 mil em 2021 contra $ 970 mil em 2011

África - $ 460 mil em 2021 contra $ 259 mil em 2011

1 - Europa

No caso da Europa e, nos dois momentos de apuramento de dados, a grande maioria dos países mostra situações de riqueza por adulto, superiores a $ 100000; esse número, em pouco difere nos dois anos considerados, embora o volume da riqueza aumente substancialmente no período (+37%). Note-se ainda que dois terços dos países europeus representam mais de 90% da riqueza e que, essa concentração aumenta no período considerado. Num quadro bastante estável, no intervalo de dez anos, apenas a Eslovénia se veio a enquadrar no grupo dos mais ricos - aqueles países europeus com uma riqueza por adulto superior $ 100000. Sem surpresa, regista-se que os países com valores inferiores de riqueza se situam nos Balcãs; e que Portugal se situa na cauda do elenco dos mais ricos.

No segundo escalão ($ 50000/100000), o número de países passa de três para cinco e o crescimento da riqueza é bem mais elevado (71%). Nos escalões mais baixos de riqueza mostra-se, entre os dois anos, uma evolução ascendente, apenas com a Bulgária (2011) ou a Turquia (2021) incluídos no escalão mais baixo da riqueza por adulto, inferior a $25000.

As desigualdades na riqueza por adulto - Europa (2011/21)



nº países

2011

%

nº países

2021

%

 

total ($)

27

4728702

100,0

27

6269873

100,0

 

>100000

18

4263065

90,2

19

5829296

93,0

 

50000/100000

3

195544

4,1

5

335099

5,3

 

25000/50000

5

246392

5,2

2

85982

1,4

 

10000/25000

1

23701

0,5

1

19496

0,3

 

< 10000

0

0

0

0

0

0

 

2 – Ásia

No caso da Ásia o volume total da riqueza de um leque de adultos, com vários níveis de riqueza, para cada um dos diversos países, sobe substancialmente (78%) no período considerado, mesmo com pouca alteração no número dos países mais ricos, entre os dois momentos; como aliás, acontece na Europa. Os mais ricos (acima de $100000) representam em 2021 84% do total de uma amostra representativa de todos os escalões de riqueza; e, a riqueza dos mais ricos revela um crescimento de 82% durante o período em observação.

A distribuição dos países asiáticos pelos diversos escalões de riqueza revela que no escalão de riqueza $50000/100000 se observa uma ponderação crescente (de 3.3% do total em 2011 e 7.1% dez anos depois). No conjunto de países com níveis de riqueza entre $ 10000 e 25000, a variação no período considerado tem pouco significado, quer no número de países, quer no volume da riqueza, presente na amostra.

Em 2011 os 18 países com níveis de riqueza menores do que $ 10000, correspondiam a cerca de metade de todos os países asiáticos considerados mas, com um peso diminuto na riqueza global por adulto. Dez anos depois, o seu número era bastante menor ( 11).

Em 2011 a riqueza integrada na Ásia era cerca de metade da contabilizada na Europa mas, em 2021 mostra uma evolução que aproxima para dois terços, as duas amostras. Não é nada de estranho que, em poucos anos, a Ásia volte a ser o coração económico da Humanidade, perante a evidente redução do peso político e económico da Europa. 

As desigualdades na riqueza por adulto - Ásia (2011/21)



 

nº países

2011

%

nº países

2021

%

total ($)

37

2312158

100

37

4124159

100

>100000

10

1900525

82.2

11

3464855

84.0

50000/100000

1

75437

3.3

4

294199

7.1

25000/50000

5

193447

8.4

6

207546

5.0

10000/25000 

3

46550

2.0

5

87455

2.1

< 10000

18

96199

4.2

11

70104

1.7

O conjunto dos países do escalão mais baixo (inferior a $ 10000) é elevado na Ásia, mesmo que o seu número se reduza bastante no período 2011/20 (de 18 passaram a 11). Esta redução é compensada pelo aumento de países incluídos nos escalões intermédios de riqueza. Se os mais ricos aumentam ligeiramente o seu peso no total (84% em 2021), maior crescimento relativo é o que se observa no segundo escalão que, em 2011, só incluía a Coreia do Sul.

Na Ásia, os casos mais notórios de crescimento da riqueza individual, na década considerada (2011/21) são o Casaquistão (5.6 vezes), o Bangla Desh (5.2 vezes) e ainda, o Sri Lanka e o Irão (4.8 e 4.5 vezes, respetivamente). Inversamente, evidenciam-se alguns países com quebra no indicador anual da riqueza por adulto – Japão (-0.8%), Oman (-1%), Malásia (-1.8%), Mongólia (-2.4%) e Síria (-7.6%).

No caso da América, é evidente a preponderância do binómio EUA-Canadá no total dos países do continente, quanto à riqueza por adulto; e, pior que isso, é que o peso daqueles dois países no total, aumenta entre 2011 e 2021.

Entre os dois anos cotejados nota-se o surgimento, em 2021, de cinco países no segundo escalão de riqueza ($50000/100000). Dois desses países pertencem ao cone sul da América (Chile e Uruguai) e, os restantes são três pequenos estados insulares – Barbados, Bahamas e Granada. Particularmente relevante é a redução de 21 para 12 do número dos países com os mais baixos níveis de riqueza (inferiores a $25000). E, sublinha-se, em 2021, o caso do Surinam, com um nível de riqueza particularmente baixo, inferior mesmo ao registado em 2011.

As desigualdades na riqueza por adulto - América (2011/21)


 

nº países

2011

%

nº países

2021

%

total ($)

28

969995

100

28

1811534

100

>100000

2

507198

52,3

2

988348

54,6

50000/100000

0

0

0,0

5

296053

16,3

25000/50000

5

191077

19,7

9

322658

17,8

10000/25000 

14

204526

21,1

11

174986

9,7

<10000

7

67194

6,9

1

8060

0,8

No que se refere à África, é patente a diferença entre a riqueza dos africanos em geral, comparativamente a países dos outros continentes, com valores mais elevados. A medida da riqueza por adulto é muito mais baixa do que nos outros continentes e, não se regista nenhuma situação acima dos $ 65000 apontados para as Maurícias ou, das Seychelles em 2021 ($ 57600). Pelo contrário, sobressaem 38 países africanos com uma riqueza inferior a $ 10000 em 2011 e, quase tantos em 2021. As Maurícias e as Seychelles sobem de escalão de 2011 para 2021; porém, todos os outros países africanos mantêm níveis de riqueza por adulto abaixo dos $ 25000. 

As desigualdades na riqueza por adulto – África (2011/21)



 

nº países

2011

%

nº países

2021

%

total ($)

49

258665

100

49

460245

100

>100000

0

0

0

0

0

0

50000/100000

0

0

0

2

122650

26,6

25000/50000

2

65730

25,4

0

0

0

10000/25000 

9

93973

45,2

11

213640

46,4

< 10000

38

75962

29,4

36

123955

26,9

Este texto em:

http://grazia-tanta.blogspot.com/

e outros textos em:

http://www.slideshare.net/durgarrai/documents

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