Temos vindo a proceder a uma informação, para 2011 e 2021, sobre a riqueza por adulto relativa aos países europeus, asiáticos e africanos; é ocasião para se prosseguir a mesma abordagem relativa aos países do continente americano. E ainda fornecer alguma informação sobre a sua evolução nos diferentes grupos de países.
No continente americano a desigualdade entre ricos e pobres é particularmente evidente. Dois países – Canadá e EUA - apresentam indicadores de riqueza por adulto francamente distanciados dos apresentados pelos restantes países do continente. Essa polarização é única no mundo, embora também haja fortes desigualdades nas outras áreas do planeta.
Tomando os dados de 2021, nota-se que EUA e Canadá apresentam valores de riqueza por adulto da ordem dos $ 579000 e $ 409000, respetivamente. Esses indicadores só apresentam em todo o mundo valores superiores nos países-cofre (Suíça e Luxemburgo), na Europa; e, na Ásia só se apresentam valores de tal dimensão em Hong-Kong e na Austrália. No caso de África o indicador mais elevado observa-se na Maurícia ($ 65000 em 2021) um valor que, na Europa, só é ultrapassado por alguns países mais pobres, situados a Leste. A hidra capitalista tem endereços bem conhecidos. Voltaremos a este tema.
Colocando de fora o binómio EUA-Canadá, o Chile surgia, em 2011 com o indicador mais elevado ($ 47500), passando para o sexto posto, dez anos depois, com cerca de $ 55000 de riqueza por adulto. Em 2021 e, colocando de fora o referido binómio, o terceiro lugar, quanto ao índice de riqueza, cabe a Barbados que apresenta um valor de $ 70807, na sequência de um crescimento médio anual de… 30.6%, face a 2011; tendo em conta que o turismo e o paraíso fiscal instalado no país são as principais fontes de rendimentos, é de admitir que a maioria dos seus habitantes não beneficiará particularmente da riqueza contabilizada nas finanças do país.
No âmbito do continente americano, em 2011 a riqueza apresentada pelo Canadá ($ 247 M) situava-se muito próxima da revelada pelos EUA ($ 260 M). Dez anos depois a riqueza de um adulto canadiano orçava os $ 409 M enquanto o equivalente para os EUA aumentava 12.3% anuais, fixando-se em $ 579 M em 2021.
A variação média anual da riqueza por adulto, entre 2011 e 2021, nos países da América, cresce particularmente em países pequenos ou reconhecidos como pobres – Guiana ($34.7% anuais), Nicarágua ($30.5% anuais) e ainda, Bolívia, El Salvador, Trindade e Tobago e Venezuela.
Observa-se ainda uma variação anual negativa para todo o período para alguns países – e de grande relevância regional – Argentina (-4.7%), Brasil (-2.6%), Colômbia (-2.3%); para além do Surinam (-3.3%).
Em 2011 o mais elevado índice de desigualdade no contexto da riqueza por adulto observava-se na relação entre os EUA e a Guiana, com um norte-americano médio a dispor de uma riqueza 81 vezes superior a um cidadão da Guiana. Dez anos depois essa relação, entre os EUA e o detentor do mais baixo nível de riqueza (Surinam) apontava para que um património médio nos EUA correspondesse a 71 vezes riqueza de um adulto no Surinam.
Conforme se pode observar (quadro abaixo), entre 2011 e 2021 verificam-se múltiplas alterações na riqueza dos países do continente americano.
Riqueza anual por adulto ($)
|
2011 |
posição |
2021 |
posição |
var anual ( %) |
Argentina |
19533 |
12 |
10446 |
27 |
-4,7 |
Bahamas |
37426 |
5 |
60263 |
4 |
6,1 |
Barbados |
17450 |
13 |
70807 |
3 |
30,6 |
Belize |
9364 |
24 |
11295 |
26 |
2,1 |
Bolívia |
3725 |
26 |
14098 |
23 |
27,8 |
Brasil |
29045 |
7 |
21429 |
17 |
-2,6 |
Canadá |
247402 |
2 |
409297 |
2 |
6,5 |
Chile |
47513 |
3 |
54639 |
6 |
1,5 |
Colombia |
22148 |
9 |
17079 |
21 |
-2,3 |
Costa Rica |
23738 |
8 |
45677 |
11 |
9,2 |
Dominica |
19767 |
11 |
35307 |
13 |
7,9 |
El Salvador |
10811 |
20 |
38523 |
12 |
25,6 |
Equador |
11363 |
19 |
20539 |
19 |
8,1 |
EUA |
259796 |
1 |
579051 |
1 |
12,3 |
Granada |
12375 |
17 |
52618 |
7 |
32,5 |
Jamaica |
12454 |
16 |
21712 |
16 |
7,4 |
México |
35490 |
6 |
48138 |
10 |
3,6 |
Nicarágua |
3343 |
27 |
13523 |
24 |
30,5 |
Panamá |
21282 |
10 |
49935 |
8 |
13,5 |
Paraguai |
9707 |
22 |
12078 |
25 |
2,4 |
Peru |
16666 |
14 |
20940 |
18 |
2,6 |
St Lucia |
10705 |
21 |
27268 |
15 |
15,5 |
St. Vincent and the Grenadines |
8668 |
25 |
18887 |
20 |
11,8 |
Surinam |
11991 |
18 |
8060 |
28 |
-3,3 |
Trinidad e Tobago |
14010 |
15 |
49567 |
9 |
25,4 |
Uruguai |
41603 |
4 |
57726 |
5 |
3,9 |
Venezuela |
9402 |
23 |
28243 |
14 |
20,0 |
Fonte - Global Wealth Databook 2022 - Credit Suisse
Excluindo os EUA e o Canadá, quase todos os países das Américas apresentam indicadores de riqueza francamente inferiores aos observados na Europa. Em 2021, os países mais pobres da Europa (de Leste) – Bulgária, Croácia, Eslováquia, Hungria, Polónia, República Checa e Roménia – apresentavam indicadores aproximados aos menos pobres do continente americano – Bahamas, Barbados, Chile, Costa Rica, Granada, México, Panamá, Trindade e Tobago e Uruguai – todos com valores de riqueza por adulto, inferiores a $ 70000.
(continua)
Sobre esta temática:
As desigualdades da riqueza acumulada na Europa, por adulto
http://grazia-tanta.blogspot.com/2022/11/as-desigualdades-da-riqueza-acumulada.html
As desigualdades da riqueza acumulada na Ásia
http://grazia-tanta.blogspot.com/2022/11/as-desigualdades-da-riqueza-acumulada_23.html
As desigualdades da riqueza acumulada em África
http://grazia-tanta.blogspot.com/2022/12/as-desigualdades-da-riqueza-acumulada.html
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