quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

As desigualdades da riqueza acumulada na América, por adulto  

Temos vindo a proceder a uma informação, para 2011 e 2021, sobre a riqueza por adulto relativa aos países europeus, asiáticos e africanos; é ocasião para se prosseguir a mesma abordagem relativa aos países do continente americano. E ainda fornecer alguma informação sobre a sua evolução nos diferentes grupos de países.

No continente americano a desigualdade entre ricos e pobres é particularmente evidente. Dois países – Canadá e EUA - apresentam indicadores de riqueza por adulto francamente distanciados dos apresentados pelos restantes países do continente. Essa polarização é única no mundo, embora também haja fortes desigualdades nas outras áreas do planeta.

Tomando os dados de 2021, nota-se que EUA e Canadá apresentam valores de riqueza por adulto da ordem dos $ 579000 e $ 409000, respetivamente. Esses indicadores só apresentam em todo o mundo valores superiores nos países-cofre (Suíça e Luxemburgo), na Europa; e, na Ásia só se apresentam valores de tal dimensão em Hong-Kong e na Austrália. No caso de África o indicador mais elevado observa-se na Maurícia ($ 65000 em 2021) um valor que, na Europa, só é ultrapassado por alguns países mais pobres, situados a Leste. A hidra capitalista tem endereços bem conhecidos. Voltaremos a este tema.

Colocando de fora o binómio EUA-Canadá, o Chile surgia, em 2011 com o indicador mais elevado ($ 47500), passando para o sexto posto, dez anos depois, com cerca de $ 55000 de riqueza por adulto. Em 2021 e, colocando de fora o referido binómio, o terceiro lugar, quanto ao índice de riqueza, cabe a Barbados que apresenta um valor de $ 70807, na sequência de um crescimento médio anual de… 30.6%, face a 2011; tendo em conta que o turismo e o paraíso fiscal instalado no país são as principais fontes de rendimentos, é de admitir que a maioria dos seus habitantes não beneficiará particularmente da riqueza contabilizada nas finanças do país.

No âmbito do continente americano, em 2011 a riqueza apresentada pelo Canadá ($ 247 M) situava-se muito próxima da revelada pelos EUA ($ 260 M). Dez anos depois a riqueza de um adulto canadiano orçava os $ 409 M enquanto o equivalente para os EUA aumentava 12.3% anuais, fixando-se em $ 579 M em 2021.

A variação média anual da riqueza por adulto, entre 2011 e 2021, nos países da América, cresce particularmente em países pequenos ou reconhecidos como pobres – Guiana ($34.7% anuais), Nicarágua ($30.5% anuais) e ainda, Bolívia, El Salvador, Trindade e Tobago e Venezuela.

Observa-se ainda uma variação anual negativa para todo o período para alguns países – e de grande relevância regional – Argentina (-4.7%), Brasil (-2.6%), Colômbia (-2.3%); para além do Surinam (-3.3%).

Em 2011 o mais elevado índice de desigualdade no contexto da riqueza por adulto observava-se na relação entre os EUA e a Guiana, com um norte-americano médio a dispor de uma riqueza 81 vezes superior a um cidadão da Guiana. Dez anos depois essa relação, entre os EUA e o detentor do mais baixo nível de riqueza (Surinam) apontava para que um património médio nos EUA correspondesse a 71 vezes riqueza de um adulto no Surinam. 

Conforme se pode observar (quadro abaixo), entre 2011 e 2021 verificam-se múltiplas alterações na riqueza dos países do continente americano.

Riqueza anual por adulto ($)

 

2011

posição

2021

posição

var anual ( %)

Argentina

19533

12

10446

27

-4,7

Bahamas

37426

5

60263

4

6,1

Barbados

17450

13

70807

3

30,6

Belize

9364

24

11295

26

2,1

Bolívia

3725

26

14098

23

27,8

Brasil

29045

7

21429

17

-2,6

Canadá

247402

2

409297

2

6,5

Chile

47513

3

54639

6

1,5

Colombia

22148

9

17079

21

-2,3

Costa Rica

23738

8

45677

11

9,2

Dominica

19767

11

35307

13

7,9

El Salvador

10811

20

38523

12

25,6

Equador

11363

19

20539

19

8,1

EUA

259796

1

579051

1

12,3

Granada

12375

17

52618

7

32,5

Jamaica

12454

16

21712

16

7,4

México

35490

6

48138

10

3,6

Nicarágua

3343

27

13523

24

30,5

Panamá

21282

10

49935

8

13,5

Paraguai

9707

22

12078

25

2,4

Peru

16666

14

20940

18

2,6

St Lucia

10705

21

27268

15

15,5

St. Vincent and the Grenadines

8668

25

18887

20

11,8

Surinam

11991

18

8060

28

-3,3

 

Trinidad e Tobago

14010

15

49567

9

25,4

Uruguai

41603

4

57726

5

3,9

Venezuela

9402

23

28243

14

20,0

Fonte -  Global Wealth Databook 2022 - Credit Suisse

 

Excluindo os EUA e o Canadá, quase todos os países das Américas apresentam indicadores de riqueza francamente inferiores aos observados na Europa. Em 2021, os países mais pobres da Europa (de Leste) – Bulgária, Croácia, Eslováquia, Hungria, Polónia, República Checa e Roménia – apresentavam indicadores aproximados aos menos pobres do continente americano – Bahamas, Barbados, Chile, Costa Rica, Granada, México, Panamá, Trindade e Tobago e Uruguai – todos com valores de riqueza por adulto, inferiores a $ 70000.

(continua)

             Sobre esta temática:

As desigualdades da riqueza acumulada na Europa, por adulto

http://grazia-tanta.blogspot.com/2022/11/as-desigualdades-da-riqueza-acumulada.html

As desigualdades da riqueza acumulada na Ásia

http://grazia-tanta.blogspot.com/2022/11/as-desigualdades-da-riqueza-acumulada_23.html

As desigualdades da riqueza acumulada em África

http://grazia-tanta.blogspot.com/2022/12/as-desigualdades-da-riqueza-acumulada.html

 

Este texto em:

http://grazia-tanta.blogspot.com/

e outros textos em:

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