Sumário
Introdução
1 – A
posição do IDE na União Europeia
1.1
- O papel do IDE proveniente de off-shores
2 – A
posição do IDE em Portugal
2.1
- Perfil sectorial do IDE em Portugal
Anexo
Conclusões
- Ao IDE (investimento direto estrangeiro) tem sido atribuído um caráter salvador dos povos, por parte dos mandarins, que colocam naquele a chave da inovação, da competitividade, do crescimento, do emprego, dos equilíbrios externos…
- Para que a salvação possa ocorrer, como nas escatologias religiosas, é preciso penitência e os mandarins nisso são bem mais precisos, exigindo; baixos salários, altas produtividades, mais tempo de trabalho, desemprego, qualificações, contenção nos gastos públicos, vidas dentro das possibilidades, incentivos fiscais, agravos ambientais e, porque a democracia tem custos, é preciso limitá-la ao nível da farsa, para que os “mercados” investidores nos considerem os mais atraentes na vizinhança;
- Uma vez que a amnésia em política ocorre de acordo com as conveniências, recordamos qua a UE tem sido um elemento avançado da globalização capitalista e que, como tal, comporta dinâmicas de desigualdades e de re-hierarquizações entre os povos europeus;
- A UE acha-se constituída por uma área central, dominada pela Alemanha e duas periferias – Sul e Leste - com graus diversos de desenvolvimento mas, ambas subalternas e com estruturas económicas desarticuladas porque construídas de acordo com as conveniências globais do sistema financeiro, das multinacionais e do capital mafioso;
- A área geopolítica central da UE abarca 75.4% do IDE. Por cada € 100 de IDE no Centro, há apenas € 21 na periferia Sul e € 11.7 no Leste;
- Na região dominante da UE os maiores volumes acumulados de IDE estão situados na Inglaterra, na Alemanha e na França;
- Na periferia Leste o IDE representa apenas 8.8% do total e concentra-se na Polónia e na República Checa;
- Na periferia Sul o IDE representa 15.8% do total situando-se em Espanha cerca de metade, na Irlanda 23% e em Portugal 10%;
- Em Malta, o IDE representa 182.9% do PIB e no Luxemburgo 180.1%; neste último país o valor do IDE presente, por habitante, é de € 146800;
- No seio da UE, a parcela de investimentos detidos por residentes em off-shores é apenas de 4.5% do total no Centro, onde chega a 11% no caso da Inglaterra. Outros casos de participação elevada são Chipre (17.7%) e Irlanda, situando-se Portugal com uns 7.5% do investimento total detidos por entidades off-shores;
- Em Portugal as responsabilidades face ao exterior, englobando o IDE como parcela menor, passaram de 10.3% do PIB em 1996 para 116.5% em 2012;
- Em termos de investimento estrangeiro, aquele detido por não residentes em Portugal é claramente superior (€ 88799M) ao aplicado por residentes para lá da fronteira (€ 54010M); mas, ambos, com uma evolução que explicita uma maior inserção no capitalismo global;
- No perfil setorial do IDE em Portugal avulta o peso das atividades financeiras e de seguros, certamente pouco susceptíveis de contribuir para a introdução de tecnologia ou emprego. Nesse perfil é notório o crescente desinteresse do IDE pela indústria;
- O perfil setorial do IDE é uma resultante dos interesses desconexos dos capitalistas, cada qual com os seus objetivos e, entre estes nada há de altruísta, de relativo a uma maior articulação da economia portuguesa ou, do bem estar dos residentes em Portugal;
- A existência em Portugal de um empresariato com poucos capitais próprios, endividado, que disfarça as suas vulnerabilidades no contexto global, com a privatização do aparelho de estado através da corrupção, constitui um elemento chave para a continuidade do subdesenvolvimento e da pobreza;
- A existência de um sistema político baseado numa casta, cada vez mais distanciada do povo e desprezada por ele, só contribui para o arrastamento da situação de empobrecimento galopante que, parcialmente, se deve às imposições do capital financeiro global mas, que muito deve ao aproveitamento oportunista dos capitalistas portugueses para embaratecer o preço do trabalho em Portugal;
- A burguesia portuguesa e a sua classe política, através do tempo, não só não quiseram constituir uma população com níveis globais de instrução semelhantes à maioria dos países europeus como nem sequer conseguem gerar emprego para muitos dos qualificados, empurrando-os para a emigração;
- Na sua histórica fixação pelo baixo salário como factor de diferenciação competitiva, os capitalistas portuguesas, integrando-se nos patamares mais baixos do capitalismo global, também não atraíram volumes significativos de investidores estrangeiros portadores de tecnologias capazes de melhorar o perfil produtivo do país, mesmo. E. por causa dessa subalternidade, tremem de respeito e subserviência perante a mafia do poder angolano que utiliza Portugal como lavandaria para os seus escusos negócios.
Introdução
Pretende-se
neste texto proceder a uma avaliação do investimento direto estrangeiro (IDE) em Portugal a partir da caraterização
do seu stock (designado por posição do IDE), dos fluxos anuais de entradas e
saídas de capitais classificados como IDE e ainda dos rendimentos do mesmo,
como frutos da sua atividade no país.
Essa
avaliação técnica e numérica tem como objetivo clarificar os aspetos positivos
e negativos do IDE, afastando-lhe a aura salvadora dos males nacionais com que
a classe política, por ação ou omissão, procura ou aceita a criação do mito.
O IDE, a
manutenção daquele que já se acha instalado ou a vinda de novo investimento,
tomados como mito salvador servem como elemento justificativo para uma
“modernidade” neoliberal de desestruturação do tecido económico no seio de uma
globalização conduzida pela tríade que governa o planeta – o sistema
financeiro, as multinacionais e os capitais mafiosos. Nesse altar, vêm-se sacrificando
os objetivos de satisfação das necessidades coletivas para que sejam os
mercados a trazer um futuro longínquo, repleto de amanhãs cantantes; aí se
pretendem queimar direitos individuais e coletivos, económicos, sociais e até
democráticos, estes cada vez mais atacados por governos, instâncias
internacionais, sempre em nome de uma mirífica modernidade que ninguém vê se
traduza em felicidade coletiva.
O IDE faz
parte dessa panóplia de instrumentos de uma felicidade que, embora, sempre
adiada para o dia seguinte ou para o ano que vem, justifica, para a sua chegada
em massa, todos os benefícios fiscais, sacrifícios ambientais, jornadas de
trabalho mais dilatadas, com menor paga horária mas, mais qualificado e com
menos dignidade social.
Consideramos
o IDE como uma face do capitalismo em que uns capitalistas se decidem a
investir fora das suas áreas de origem para aproveitamento, fora de portas, de
recursos naturais, mercados ou mão de obra, em condições de lhes propiciarem
uma rendabilidade aceitável para as normas correntes do sacrossanto mercado. E
isso, pugnando, instrumentalmente, pelas vantagens específicas oferecidas pelos
mandarins locais, privatizando estes e os seus favores, na devida medida,
através da corrupção.
Nesse
contexto, um investimento, titulado por um estrangeiro ou por um nacional não
difere especialmente e não nos vibrar no peito qualquer corda de patriotismo.
No quadro do capitalismo, o melhor investimento é o que paga melhor aos
trabalhadores, o que lhes dá maior estabilidade e direitos laborais e o que
lhes permite adquirir novos conhecimentos e valorização profissional.
Necessariamente,
serão introduzidos neste texto conceitos comuns na linguagem diária embora sem
a devida precisão. Para o efeito em ANEXO colocamos uma nota clarificadora
desses conceitos, sem prejuízo de uma ou outra passagem esclarecedora colocada
dentro do texto.
1 – A
posição do IDE na União Europeia
O
Eurostat fornece elementos sobre os valores ativos e passivos constituintes das
posições dos investimentos diretos; isto é sobre o que é detido por residentes
em cada um dos países da UE fora das suas fronteiras nacionais e o investimento
existente em cada momento, detido por não residentes, em cada pais da UE.
Vamos
ocupar-nos particularmente do investimento direto, isto é, aquele que, à
partida, pretende estabelecer uma relação estável e duradoura com o território
de destino, participando, em regra com mais de 10% no capital de uma empresa no
país de destino e intervindo na condução da atividade da empresa. Não nos
deteremos particularmente sobre os investimentos em carteira, que originam
fluxos anuais elevados a débito e a crédito da balança de pagamentos,
constituídos por transações de ações, títulos de dívida de longo ou curto prazo
e obrigações, bem como derivados financeiros, para além de uma rubrica residual
de “outros” investimentos.
Comecemos,
antes de abordar com maior detalhe a posição do IDE em Portugal, por o
considerar no contexto da UE, no sentido de uma comparação da sua relevância
com a apresentada em outros países comunitários.
Há
evidentes clivagens geopolíticas no seio da UE e que separam os 28 países em
três zonas distintas:
Um Centro
- Alemanha, Aústria, Bélgica/Luxemburgo, Dinamarca, Finlândia, França, Holanda,
Inglaterra, Itália e Suécia – designação que resulta mais da sua posição
dominante em termos demográficos, económicos, financeiros e políticos e menos
de uma acepção estritamente geográfica.
Uma Periferia
Leste – Bulgária, Eslováquia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia,
República Checa e Roménia – países de integração recente na UE e provenientes
do desmembramento da URSS e dos seus satélites a ocidente.
E
uma Periferia Sul – Chipre, Croácia, Eslovénia, Espanha, Grécia, Malta e
Portugal, tendo-se adicionado a este grupo a Irlanda, geograficamente
excêntrica e, constituída por países distribuídos por várias épocas de
integração e com níveis de rendimento, em regra superiores aos observados na
Periferia Leste.
O Centro
europeu, claramente dominado pela Alemanha, depois dos alargamentos a sul nos
anos 80 e a leste depois da chamada “reunificação” alemã (um verdadeiro início
de um drang nach Osten) tende a
formar no seio da UE as outras duas periferias referidas. Uma, separa o núcleo
duro do capitalismo europeu das culturas islâmicas a sul e sudeste enquanto a
outra, define uma fronteira a leste com o mundo russófono e ortodoxo (Rússia e
Ucrânia, essencialmente). Para isso já existe o Frontex para controlar o fluxo
de imigrantes através do Mediterrâneo, a operação Active Endeavour, da Nato, para
o combate ao terrorismo, bem como as bases militares em Espanha, Itália, Chipre
e Kosovo, para além da fortaleza avançada israelita; a leste, a fronteira é
menos clara e depende da forma como se manterá unida a Ucrânia ou o controlo
geopolítico russo sobre o Cáucaso.
Do ponto
de vista do núcleo central da UE, os países a leste do Oder e da bacia do
Danúbio funcionam como um limes que reproduz, com contornos historicamente
aproximados, as fronteiras de Roma, do Sacro Império Romano-Germânico, dos Habsburgos-Casa
de Áustria, respetivamente, face a germanos, eslavos e turcos/russos. No
capítulo da periferia Sul, consideramos basicamente os países intervencionados
(excepto a Itália, considerada como pertencente ao núcleo duro da UE.
O gráfico
mostra claramente a principal localização do IDE acumulado na soma dos países
da UE – os países do Centro (75.4% do total em 2011). O volume da sua população
(64.1% do total), o poder de compra, o fundo científico e de qualificações [1], as
infraestruturas, o poder financeiro, a estabilidade política de que os
“mercados” tanto gostam, as empresas mais bem dotadas em termos de gestão e
capitais, constituem fatores que resultam num capitalismo desenvolvido que
atrai os capitais. Face a 1996 a soma das posições do investimento direto dos
países do Centro cresceu 5.5 vezes e isso permitiu o aumento das distâncias
face às periferias, a despeito do aumento de 17 vezes do IDE acumulado no Leste
e de 3.7 vezes a Sul, onde o processo de captação começou ainda na década de 80
do século passado.
A
desproporção reveladora do caráter periférico das zonas aqui consideradas
evidencia-se quando se apura que, por cada € 100 de IDE no Centro, há apenas €
21 na periferia Sul e € 11.7 no Leste, em 2011.
Começando
pelos países mais relevantes do Centro em termos do investimento externo
acumulado, observa-se, com o passar do tempo, um alargamento da banda em que eles
se distribuem, embora as posições relativas se mantenham relativamente
estáveis.
Entre os
países incluídos no Centro o crescimento mais marcante manifesta-se na Suécia e
em países não incluídos no gráfico – Finlândia e Áustria (mais de 8 vezes
qualquer deles) enquanto o menor dinamismo se observa na Holanda e na Itália,
para além da Bélgica. A partir de 2008 há um claro pendor para a estabilidade
do stock de IDE no Centro, com a clara excepção da Inglaterra.
A
Inglaterra, a despeito da irregularidade do seu stock de investimento direto
estrangeiro mantém-se como o principal destino daquele dentro da UE; e, em contraste,
com os países do euro, insertos no gráfico, alargou a sua diferença em relação
aos restantes após o início da crise financeira, em 2008.
Essa diferenciação resultará de vários fatores, entre os quais a manutenção de uma moeda própria com curso internacional, a presença da City como principal polo financeiro europeu, a continuidade de um elevado grau de soberania própria e não delegada em Bruxelas ou Frankfurt e ainda, à crise do euro.
Essa diferenciação resultará de vários fatores, entre os quais a manutenção de uma moeda própria com curso internacional, a presença da City como principal polo financeiro europeu, a continuidade de um elevado grau de soberania própria e não delegada em Bruxelas ou Frankfurt e ainda, à crise do euro.
No
capítulo da periferia Leste, destaca-se o crescimento observado na Polónia e na
República Checa, que constituem a fronteira leste da Alemanha e áreas de
natural expansão dos capitais alemães. No entanto, as maiores taxas de
crescimento registam-se na Bulgária, na Roménia e na Eslováquia. O stock de
capital estrangeiro investido estagna nos últimos seis anos na Hungria e
apresenta-se muito pouco dinâmico nos estados bálticos.
Este
conjunto de países, em 2011 absorvia 8.8% do stock comunitário de investimento
direto estrangeiro embora abarcasse 19.7% da população da UE.
No caso
da periferia Sul é nítida a diferença entre a Espanha e os restantes países; a
Espanha representa 49.6% do stock de investimento do conjunto em 2002 e chega
aos 56.9% em 2011. Portugal no mesmo lapso de tempo passou de 8.6% para 10% do
total, beneficiando – tal como a Espanha - da estagnação observada na Irlanda (35%
do total em 2002 e apenas 23% oito anos decorridos). A Grécia, por seu turno
reduz substancialmente o seu stock de investimento externo a partir de 2008,
mesmo que ele nunca tenha sido muito elevado; o IDE na Grécia representa em
2011, 2.7% contra 5% do total da periferia Sul em 2007 o que está certamente
associado ao seu atrofiamento económico e ao seu profundo empobrecimento.
Nos
países com menor população neste conjunto, há a registar nos últimos anos
considerados a forte ascensão verificada Malta e Chipre e uma relativa
estabilidade na Eslovénia e na Croácia.
Relativamente
ao total da UE, em 2011, o Sul, por coincidência, detinha o mesmo peso, quer na
posição do investimento do exterior, quer na população – 15.8%.
A
intensidade da presença do investimento direto estrangeiro pode medir-se
comparando o seu stock com o PIB ou com o volume da população. Apresentamos
alguns valores relativos a 2011, para as situações extremas, os indicadores
mais altos, bem como os mais baixos.
Posição
IDE
/PIB
(%)
|
Posição
IDE
/habit
(€ 1000)
|
|
UE
|
42.3
|
10.6
|
Centro
|
40.1
|
12.5
|
Luxemburgo
|
180.1
|
146.8
|
Itália
|
16.6
|
4.3
|
Periferia Leste
|
51.0
|
4.8
|
Bulgária
|
95.5
|
5.0
|
Estónia
|
79.7
|
9.6
|
Lituânia
|
35.6
|
3.6
|
Roménia
|
42.0
|
2.6
|
Periferia Sul
|
50.0
|
10.6
|
Malta
|
182.9
|
29.2
|
Irlanda
|
119.6
|
42.6
|
Grécia
|
10.8
|
2.0
|
Portugal
|
49.3
|
8.0
|
É bem
evidente o papel de Malta e do Luxemburgo como centros acolhedores de sedes de
empresas, bem como o atração que a Irlanda tem exercido sobre os capitais
externos. Portugal apresenta indicadores pouco distanciados das médias
comunitárias e regionais, sendo de admitir que com baixos índices de formação
de riqueza e sem recursos naturais ímpares, o investimento estrangeiro procure
outras latitudes. Historicamente, a indigência cultural das classes dominantes
em Portugal não encontrou outras formas de acumular uma (fugaz) riqueza que não
através do roubo colonial ou da exportação de trabalho por baixo preço.
Comparativamente a outros países, a capitação do investimento é relativamente
baixa em Portugal.
1.1
- O papel do IDE proveniente de off-shores
No
conjunto da UE, a parcela da posição do IDE oriundo de off-shores não é
elevada.
Nos
países do Centro essa parcela passa de 2.9% em 2001 para 4.5% em 2011.
Destacam-se neste conjunto, a Inglaterra que aumenta a quota de presença dos off-shores,
constantemente, desde 2003 (3.4%) para 11% em 2011; e a Holanda que, em sentido
inverso, reduz a quota dos investidores sediados em off-shores de 11.8% em 2005
para 8% dois anos atrás… provavelmente porque a própria Holanda, ao criar
vantagens fiscais aliciantes para as empresas, se converteu num género de
off-shore.
É na
Itália (0.5%), na Alemanha e na Finlândia (1.1%) em 2011, onde menos presente está
o capital proveniente de off-shores.
Na
periferia Leste, a presença de off-shores, embora ligeiramente crescente nos
últimos anos, não passa de 3% do total em 2011. Destaca-se, neste último ano, a
Hungria com 8.1%, num contexto de alguma irregularidade nos anos seguintes. Na
República Checa o capital proveniente de off-shores representa apenas 0.6% do
stock total.
Na
globalidade dos países do Sul, a presença de off-shores é de 4.6% da totalidade
do investimento direito estrangeiro, em 2011, num quadro de uma variação entre
3.4% e 6.7% desde 2001.
Em Chipre
e na Irlanda a presença de off-shores é relativamente elevada – 17.7% e 15.6%,
respetivamente, em 2011, ambos os países com quebras nesse ano, não sendo ainda
visíveis os impactos das intervenções da troika no sentido da procura de superação
de crises financeiras oriundas do sistema bancário.
Em
Portugal os off-shores detêm 7.5% da posição do investimento direto em 2010.
Depois de 2001, assinala-se o indicador mais elevado em 2004 (10.6%) e o mais
baixo em 2007 (6.4%).
2– A
posição do IDE em Portugal
Antes de
se avançar para a abordagem do investimento direto estrangeiro em Portugal
referiremos alguns elementos numéricos sobre a totalidade da posição do
investimento internacional em finais de 2012 e que representa como que um balanço
entre ativos e passivos ou entre direitos e compromissos face ao exterior.
€ Milhões
Investimento
directo
|
-
34789
|
·
Investimento
directo de Portugal no exterior
|
54010
|
·
Investimento
directo do exterior em Portugal
|
-88799
|
Investimento
de carteira
|
-25280
|
Derivados
financeiros
|
-3642
|
Outro
investimento
|
-146244
|
Ativos
de reserva
|
17174
|
Posição global
|
-192780
|
Esta
posição global representa, no caso concreto, um volume líquido de
responsabilidades para com o exterior (116.5% do PIB), valor que se tem
agravado paulatinamente desde 1996, quando correspondia apenas a – € 9625 M (10.3%
do PIB).
Esta
situação reflete o endividamento global de Portugal face ao exterior, embora o
grau de exigibilidade no sentido de um maior equilíbrio seja distinto daquele
que é mais conhecido através das exigências dos “mercados”, da troika e fielmente
executados pelos governos do partido-estado (PSD/PS), com ou sem a participação
do submarino chamado Portas como apêndice. Recentemente, procedemos a uma
análise desses desequilíbrios por setor institucional – sociedades não
financeiras, sociedades financeiras, administrações públicas e particulares [2].
O gráfico
anterior ilustra a evolução da posição do investimento direto - português no
exterior e de residentes estrangeiros em Portugal – tomado o primeiro como um
ativo, um crédito de Portugal sobre o exterior e o segundo, pelo contrário, um
passivo, um débito para com empresas ou particulares estrangeiros que colocaram
em Portugal os seus cabedais. A designação de posição deriva de serem valores
acumulados referidos ao final de cada ano.
Existe
algum paralelismo nas respetivas evoluções, do stock de investimento
estrangeiro em Portugal (IDE) e do investimento português no exterior (IPE),
com um abrandamento visível a partir de 2007, como produto das perturbações
motivadas pela crise dos “subprimes”, do euro e, particularmente, da ausência
de perspetivas de desenvolvimento ou, simplesmente, de crescimento em Portugal.
Por esse motivo, tem-se mantido relativamente estável – em cerca de € 30000 M -
o nível da posição do investimento direto que se apresenta como um “saldo” em
caso de um hipotético encontro de contas entre o património no exterior, por um
lado e, dos haveres dos não residentes em Portugal, por outro.
No período
considerado, o stock de IDE cresceu 5.4 vezes enquanto o IPE aumentou 16.7
vezes, resultado da existência de valores muito baixos no final da década de
90. A adopção do euro, associado à estagnação verificada na economia
portuguesa, neste século promoveram uma maior saída de capitais para o
exterior, para o investimento no estrangeiro.
O gráfico
que se segue inclui a medida da relação entre o IDE e o IPE. O rápido
crescimento do IPE nos anos iniciais explica a abrupta redução do indicador até
2000, depois de o IDE se apresentar com um valor cinco vezes superior ao IPE; a
partir daí, observa-se uma estabilização entre as duas grandezas, em torno de
1.5/1.7 vezes, mesmo com o sobressalto de 2002, ano da adopção do euro.
Finalmente,
observe-se que a relação IDE/IPE tende a estabilizar a partir de 2004,
revelando a partir daí o grande paralelismo que se regista na evolução dos
stocks de ambos os investimentos, no exterior e do exterior.
A
comparação com o PIB é uma forma de apresentar a relevância do IDE ou do IPE na
economia portuguesa; é um índice de aferição da inserção no capitalismo global.
Assim, o
stock de IDE que pouco ultrapassava o correspondente a dois meses do produto
nacional em 1996, alcança mais de metade de um ano (6.4 meses) em 2012. Por seu
turno, o IPE, revela a mesma inserção quando passa do equivalente a uns 12 dias
do PIB anual em 1996 para mais de três meses em 2012, revelando, por parte dos
capitalistas portugueses a passagem de uma lógica totalmente centrada no
território, para outra que comporta níveis muito mais elevados de investimento
no exterior. Isso resulta das facilidades inerentes à disponibilidade imediata
de uma moeda de curso internacional (euro) a partir de 2002 como também da
crise sistémica e regressão do mercado interno a que se vem assistindo em
Portugal. Convém que se tenha em consideração que a evolução crescente
evidenciada no gráfico resulta tanto da estagnação da economia portuguesa –
materializada no PIB – como do crescimento do investimento.
2.1
- Perfil sectorial do IDE em Portugal
Tem
particular relevância a observação da evolução do perfil setorial do stock do
investimento estrangeiro em Portugal, pelo que esse perfil possa revelar do
contributo dos capitais estrangeiros investidos em Portugal para o seu desenvolvimento,
para o bem-estar social, para a harmonia do sistema produtivo e para a criação
de riqueza.
A
indústria transformadora que constituía o principal interesse dos capitais
estrangeiros em 1996 – 31.2% do total - perdeu gradualmente a sua relevância
para se situar em torno dos 7.5% no último triénio – 2009/11. Essa realidade
enquadra-se no processo acelerado de desindustrialização dos países da
periferia europeia, preteridos pela deslocação dos capitais para países onde a
relação custo da mão de obra/qualificação lhes é mais favorável – China,
Turquia, Brasil, Tunísia… E enquadra-se também na lógica capitalista de guardar
em solo das metrópoles as atividades estratégicas, de bens de equipamento, de
forte incorporação de capital e de trabalho altamente qualificado, sem esquecer
a indústria de armamento[3],
vector essencial para eventual utilização punitiva contra os povos dominados
mas, também como área crítica de experimentação tecnológica com investimento
público.
A lógica atrás
referida, inerente ao capitalismo, tende a fomentar e a acentuar as
desigualdades de desenvolvimento económico, transformando-as em clivagens; e é
esse o processo a que se assiste hoje, na UE, com a identificação de um Centro
capitalista altamente desenvolvido, com meios financeiros e tecnológicos
superiores e de periferias vocacionadas a produzir bens de consumo em massa ou
bens intermédios, num contexto de estruturas produtivas nacionais
desarticuladas de per si mas, articuladas no âmbito das multinacionais e do sistema
financeiro instalado no Centro.
Esse
processo de estabelecimento de profundas clivagens entre os países da UE impede
a existência de política industrial, de política tecnológica autónoma ou mesmo
de qualquer elemento de política económica nos países periféricos. Para o
efeito o Centro capitalista europeu, conduzido pelo capital financeiro, instrói os seus mandarins para aplicar essa estratégia; e estes últimos, nomeadamente os
instalados em Bruxelas, Berlim ou Frankfurt recebem o mandato de essa estratégia
ser aplicada, nos países periféricos, na parte (menor e subalterna) que lhes
diz respeito. No final da cadeia de comando, nos países periféricos, situam-se
os estratos menores do capitalismo global e os partidos-estado, vocacionalmente
totalitários, mesmo com o recurso a eleições periódicas, como o nosso bem
conhecido PSD/PS ou PS/PSD, cuja diferença se assemelha à de referir terem as
zebras, riscas brancas e pretas ou pretas e brancas.
Compete,
em Portugal, ao partido-estado PSD/PS cumprir duas tarefas essenciais para a
“estabilidade” dos mercados. Uma, é manter o preço do trabalho em Portugal tão
baixo quanto possível, embora isso não seja fácil pois há muitos concorrentes
igualmente submetidos à mesma lógica de repressão salarial e de direitos. Outra,
é a manutenção do nível de corrupção necessário para que o empresariato luso
possa sobreviver nas arenas mercantis (geográficas e de produto) onde pode
estar presente; recordando-se, a propósito, que a corrupção consiste numa
continuidade de acumulação capitalista primitiva e de privatização, à medida,
dos favores do estado nacional, devidamente municiado através da punção fiscal
sobre os trabalhadores[4].
No
capítulo da atração do IDE, o nível de qualificações em Portugal é baixo no
contexto europeu[5]
e, tem sido descurado pelo partido-estado que prefere viabilizar e financiar
empresas privadas vendedoras de diplomas, a promover níveis de instrução de
qualidade, para todos. Por outro lado, os recursos naturais ou o poder de
compra em Portugal nada têm de único ou particularmente valioso no contexto
global, pelo que o investimento estrangeiro tenderá apenas a aproveitar os
incentivos oferecidos à custa de uma carga fiscal diminuta (caso da AutoEuropa
ou do projeto atual de redução do IRC) e a exploração de uma ou outra vantagem
localizada.
O segundo
setor quanto ao peso do IDE - actividades financeiras e de seguros – apresenta
um crescimento acelerado até 2001, que se mostra também após 2006, depois de
alguns anos de menor ponderação no total. No entanto, logo a partir de 1997
passou a constituir a área dominante no total do IDE em Portugal, representando
o domínio do sistema financeiro global e da lógica financeira como veículo para
a criação artificial de riqueza; como a crise financeira tem demonstrado, em
Portugal, nem a riqueza se tem acumulado no país – pelo menos no conjunto de
trabalhadores e ex-trabalhadores – como resultado dessa polarização do IDE na
área financeira e, pelo contrário, a esmagadora maioria da população apenas tem
sofrido danos com a apropriação do partido-estado por parte do sistema
financeiro.
A
colonização do aparelho de estado pelos agentes do poder financeiro tem
conduzido à subordinação de toda a política e do bem estar social aos
interesses do capital financeiro, global e nacional, com a insana insistência
no (in) cumprimento de metas orçamentais impossíveis. Essa colonização é bem
clara com a presença de Carlos Moedas no governo, com a forma fácil como os
funcionários do sistema financeiro têm orientado e obtido a subserviência dos
escalões mais elevados do mandarinato, nos vários casos relativos a swaps.
Resta saber se há apenas incompetência, leviandade ou se houve lugar a
pagamentos corruptos aos intervenientes diretos ou aos seus partidos; mas isso
nunca se saberá com as instituições atuais, montadas de forma a garantir as impunidade
da corrupção, fórmula privilegiada de capitalização em países económica e
socialmente atrasados e politicamente não democráticos.
O
comércio apresenta um relevo crescente até 2002, reduzindo-se desde então,
provavelmente porque os capitais estrangeiros adivinharam ou mediram a retração
do poder de compra da população ou das importações de matérias-primas, bens
intermédios ou equipamentos, como inerências ao processo de
desindustrialização. Constituía o terceiro setor no conjunto do IDE em 1996
(15.6% do total), apresentando, em 2001/03 um período de grande relevância mas,
apesar do seu pouco dinamismo posterior, retoma essa posição em 2011.
É
particularmente acentuado o crescimento em 2003/2004 do peso no total do IDE da
atividade de consultadoria e que estabiliza até 2009; porém, nos últimos anos,
há uma redução do IDE nestas atividades, com retorno aos níveis de 2003. Tudo
se relacionará com a ausência de perspetiva de negócios, de grandes projetos de
infraestruturas e de encomendas públicas, produtos da crise que redundou na
colonização pelo capital financeiro global. Esta última justificação deverá
aplicar-se também às actividades de informação e de comunicação cuja
representatividade decai, quase sem excepções, depois de um período de elevado
investimento, entre 1998 e 2003.
Torna-se
muito curioso observar o desinteresse relativo do IDE nos segmentos da
construção e do imobiliário, sectores particularmente acarinhados pelo
empresariato luso nos últimos vinte anos[6]. O
dito empresariato indígena afadigou-se a canalizar capitais próprios - e, sobretudo,
aqueles, alegremente disponibilizados pela banca - para a
construção/imobiliário, gerando o afunilamento da atividade económica em betão
e telha e nessa outra argamassa que mescla especulação com corrupção. Daí resultaram escassas hipóteses de transação
no exterior, susceptíveis de viabilizar o pagamento do financiamento externo
mediatizado pelos bancos portugueses.
Os
capitais estrangeiros envolvidos no IDE só marginalmente entraram em Portugal e
se dedicaram a isso. Aparentemente, limitaram-se a colaborar na reprodução da
especulação/corrupção, a montante, concentrando as seus investimentos no setor
financeiro. A corrupção autárquica para efeitos de loteamentos e urbanizações foi
deixada a ex-industriais e outros “empreendedores” com boas ligações na classe
política e no âmbito do funcionamento corrupto típico de um capitalismo pouco
evoluído e subalterno. Por seu turno, a execução das obras físicas foi entregue
a uma vasta camada de trolhas nativos, reciclados em empresários,
especializados na arregimentação de trabalhadores imigrados e mal pagos e
objeto de subempreitadas por parte de empresas de regime (Mota-Engil, Soares da
Costa…) ou outras de menor gabarito, dentro da secular tradição portuguesa do
intermediarismo negreiro.
Voltando
aos dados oficiais, é praticamente constante, em todo o período, o peso
relativo da construção no stock de IDE, que nunca ultrapassou os 2.1%
alcançados no ano inicial da série. Por seu turno, o IDE concentrado no
imobiliário, estável até 2004, aquém de 3% do total, só nos anos posteriores
ultrapassou aquela marca até atingir um máximo de 5.2% em 2010.
Um dos argumentos
mais utilizados na propaganda política do poder em Portugal consiste na
apresentação do investimento externo como factor essencial para a modernidade
do aparelho produtivo ou, de modo mais genérico, para o “pugresso” no contexto
do impagável papaguear de Cavaco que, na verdade, pouco evoluiu com as
esforçadas aulas de dicção ministradas por uma excelente artista de teatro, nos
anos noventa.
Já se viu
atrás que o perfil setorial do IDE instalado em Portugal não evidencia um papel
relevante para as atividades susceptíveis da introdução de novas tecnologias ou
de contagiar o pouco qualificado empresariato luso a investir em tecnologia,
para além da incorporada em Audi ou BMW cujos custos são catapultados para
dedução no apuramento do IRC, no âmbito do conhecido laxismo fiscal para com
ricos e empresas.
Observe-se
em seguida a relação entre o IDE acumulado em Portugal e o emprego, para se
observar até que ponto os tão cantados capitais externos geram “postos de
trabalho”, para utilizar a linguagem de governantes e mandarins, incluindo
nestes a sub-espécie dos sindicalistas. Excluíram-se para este cálculo os
empregos incluídos nas CAE N a U, que comportam atividades públicas ou não
atraentes para o capital estrangeiro até ao momento, como a saúde ou a
educação.
Distribuição
sectorial do stock de IDE e do emprego
- 2011 (%)
|
||
IDE
|
Emprego
|
|
Indústria
|
7,6
|
24,7
|
Construção
|
2,0
|
13,1
|
Electricid,
gás, vapor, água e ar frio
|
0,9
|
0,0
|
Comércio
grosso/retalho; reparação de veículos
|
11,2
|
21,1
|
Actividades
de informação e de comunicação
|
1,3
|
2,5
|
Actividades
financeiras e de seguros
|
48,7
|
3,1
|
Actividades
imobiliárias
|
4,8
|
0,8
|
Activid.
consultoria, científicas, técnicas e similares
|
8,5
|
5,2
|
Desconhecido/Outro
|
15,0
|
13,8
|
Total
|
100,0
|
100,0
|
Como se
observa no quadro, os setores de atividade mais representados no IDE acumulado
– financeiro, imobiliário, consultadoria e eletricidade – correspondem a 62.9% do total; e, esses mesmo setores apenas
absorvem 9.1% do emprego. Inversamente, a indústria, a construção e o comércio
onde, em conjunto, trabalha 58.9% dos trabalhadores somente atrai 20.8% do IDE
estabelecido em Portugal. Torna-se, pois uma evidência que o IDE não constitui
um factor de equilíbrio estrutural da economia portuguesa, como nem sequer está
particularmente representado nas atividades que empregam mais pessoas.
Naturalmente,
a estrutura setorial do emprego em Portugal está longe de ser virtuosa. Na
indústria, o seu perfil orientado para a produção de bens de consumo e com uma
forte componente importada evidencia dificuldades que não são, certamente resolvidas
tomando a exportação como origem quase única de viabilidade, tendo em conta a
atrofia do consumo interno. E, a não existência de qualquer preferência do IDE
pela indústria nada tem de positivo.
Por outro
lado, a agricultura, apesar de algum investimento espanhol, sobretudo no
Alentejo, continua muito dependente do consumo interno e permanece asfixiado
pela política de preços e condições de pagamento impostos pelas grandes
superfícies que, precisamente, porque dominadas pelas conhecidos grão-merceeiros
– Belmiro e Soares dos Santos, as duas principais fortunas em Portugal –
conseguem a neutralização de qualquer intervenção dos governos que obvie a essa
situação.
Poderá a
governança atual argumentar que assim, os preços no consumidor se mantêm
baixos, colocando o setor agrícola num papel semelhante ao dos senhorios no
tempo de Salazar, quando os rendimentos dos últimos foram objeto de uma
política de congelamento das rendas. Na realidade, a anterior ditadura tinha apenas
o objetivo pouco nobre da manutenção de baixos salários nas zonas urbanas;
hoje, o PSD/PS pretende favorecer grupos capitalistas – a grande distribuição e
as empresas de celulose - mesmo que daí
resulte a desertificação agrícola e populacional do território com o
subsequente preenchimento pelo ambientalmente desaconselhado eucalipto.
Por seu
turno, o comércio constitui o terceiro setor quanto à relevância do IDE e isso
dever-se-á à presença de intermediários estrangeiros vocacionados para a venda
de bens ou serviços das suas casas-mãe estabelecidas fora de Portugal. Num
contexto de atrofiamento das capacidades de consumo, produto do empobrecimento
dos que que aqui residem e pela emigração dos jovens, certamente, o comércio
não será uma área de grande continuidade do investimento estrangeiro, à
semelhança do que se observa na área da informação e comunicação. Finalmente, o
comércio está longe de propiciar bons salários, estabilidade no emprego e
necessidade de trabalhadores particularmente qualificados e portanto, um IDE
nesta área nada trará de interessante.
(continua)
ANEXO
De acordo
com Documento Metodológico sobre as estatísticas de Balança de Pagamento, de abril/2007
produzido pelo Banco de Portugal.
“O
investimento directo estrangeiro em Portugal tem por objectivo a obtenção de
laços económicos estáveis e duradouros dos quais resulte, directa ou
indirectamente, a existência de efectivo poder de decisão por parte do
investidor directo numa empresa a constituir ou já constituída em Portugal.
Considera-se
como indicador da existência de uma relação de investimento directo estrangeiro
a detenção, por parte de cada investidor directo não residente de, pelo menos,
10% do capital social da empresa de investimento directo residente. Esta
indicação não exclui a possibilidade de existência de relações de investimento
directo em casos em que a participação no capital da empresa de investimento
directo seja inferior a 10%.”
As razões
para a existência de investimento estrangeiro são muito variadas. Há razões de
ordem comercial (venda ou aquisição de bens ou serviços), financeira
(realização de vantagens financeiras), penetração num território, aproximação
face a recursos naturais ou a mão de obra barata e/ou qualificada, etc
No
contexto do investimento estrangeiro em Portugal, considera-se, em geral:
- entradas de capitais:
- constituição de uma empresa ou
abertura de filiais em Portugal, por não residentes.
- aquisição total ou parcial de
uma empresa já constituída em Portugal, por não residentes
- reforço do capital social de
empresa residente, por parte de empresa diretamente participante no seu
capital e não residente;
- incorporação de resultados
(lucros e dividendos) em reservas ou no capital social de empresa
residente, por parte de empresa diretamente participante no seu capital e
não residente;
- as prestações suplementares ao
capital social da empresa residente ou empréstimos e outros créditos -
tais como suprimentos, créditos comerciais, subscrição de obrigações,
garantia de empréstimos, operações de leasing financeiro, acordos de
recompra e empréstimos de títulos), bem como os respectivos reembolsos
- concedidos à mesma, por parte de
empresa diretamente participante no seu capital e não residente;
- saídas de capitais:
- liquidação de uma empresa ou
filial em Portugal, por parte dos seus detentores, não residentes
- alienação total ou parcial de
uma empresa já constituída em Portugal, por não residentes
- redução do capital social de
empresa residente, por parte de empresa diretamente participante no seu
capital e não residente;
- incorporação de resultados
(lucros e dividendos) em reservas ou no capital social de empresa não
residente, por parte de empresa residente, participada por aquela
(participação cruzada)
- as prestações suplementares ao
capital social da empresa não residente ou, os empréstimos e outros créditos - tais
como suprimentos, créditos comerciais, subscrição de obrigações, garantia
de empréstimos, operações de leasing financeiro, acordos de recompra e
empréstimos de títulos), bem como os respectivos reembolsos - concedidos à mesma, por parte de empresa
residente, diretamente participada no seu capital pela primeira.
Todos os
dados utilizados têm origem no Eurostat ou no Banco de Portugal.
Este e outros textos em:
http://grazia-tanta.blogspot.com/
http://pt.scribd.com/profiles/documents/index/2821310
http://www.slideshare.net/durgarrai/documents
http://pt.scribd.com/profiles/documents/index/2821310
http://www.slideshare.net/durgarrai/documents
[1] http://grazia-tanta.blogspot.pt/2013/03/a-instrucao-e-o-modelo-economico-para-o.html
[2] http://grazia-tanta.blogspot.pt/2012/05/divida-portuguesa-total-canibalizacao.html
[3] http://grazia-tanta.blogspot.pt/2012/01/opentagono-e-nato.html
[4] http://grazia-tanta.blogspot.pt/2013/09/porque-corrupcao-porque-em-portugal.html
[5] http://grazia-tanta.blogspot.pt/2013/03/a-instrucao-e-o-modelo-economico-para-o.html
[6] http://www.slideshare.net/durgarrai/a-dvida-dvida-de-pessoas-e-empresasa-dvida-de-pessoas-e-empresas-a-dependncia-eterna-a-dependncia-eternaa-de-pessoas-e-empresas-a-dependncia-eterna
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