Ao candidato à Presidência da República
A pedido da autora inserimos este texto:
Ao candidato à Presidência da República, Prof. Aníbal
Cavaco Silva, incomoda sobremaneira que outros candidatos, e não é só o
candidato Manuel Alegre, lhe dirijam uma pergunta por sinal bem simples e clara
sobre a sua ligação ao BPN/SLN.
O candidato Prof. Cavaco Silva, com o espírito
«democrático» que se lhe conhece desde que foi Primeiro-Ministro, não gosta de
ser interpelado seja por que motivo for…
Não é só ele … é apanágio de todos os governos que nos
têm desgovernado ao longo de mais de duas décadas.
Considera, pois, o candidato Prof. Cavaco Silva que a
dita pergunta se insere numa campanha infame, de baixo nível, que
apenas visa denegrir a sua imagem… Pois é pena que jamais se tenha ouvido tal
adjectivo para qualificar as acções de amigos e correligionários, ex-ministros
e até … pasme-se!... um Conselheiro de Estado com fortunas dúbias e
vertiginosas acumuladas em poucos anos de vida pública…
A Factura, essa sim, infame e vergonhosa, é para nós,
ignotos cidadãos que se querem amorfos, obedientes e cumpridores, capachos de
desgovernos e negociatas abjectas que não têm cabimento em nenhum regime
democrático.
A pergunta, senhor Professor, tem toda a razão de ser
e é clara como água: A quem vendeu V. Exa. as acções do BPN um ano depois de as
ter comprado, com um lucro fabuloso, tratando-se de acções não cotadas em
Bolsa?
Onde está a ofensa, Senhor Professor?
A transparência nas verdadeiras Democracias é um
imperativo que os cidadãos exigem, não apenas uma figura de estilo para
encobrir escândalos, corrupção e desmandos.
Já agora, senhor candidato Prof. Cavaco Silva,
poupe-nos a nós cidadãos que ainda temos uns lampejos de memória, o seu
discurso lacrimejante, a sua preocupação «chorosa» com a pobreza, o desemprego,
etc. Terá V. Exa. esquecido o desemprego, a pobreza, a fome que grassava em
vários pontos do país e, nomeadamente, na Península de Setúbal, quando V. Exa.
foi Primeiro-Ministro, apesar de todo o dinheiro que entrava a rodos no nosso
país vindo da Comunidade Europeia? Terá V. Exa. esquecido as várias interpelações
de que foi alvo pelo então Bispo de Setúbal, D. Manuel Martins, uma das várias
figuras que V. Exa. apelidava de forças de bloqueio? Terá V. Exa. esquecido a
favor de quem e para quem governou? A estas simples perguntas não precisa de
responder, senhor Professor. A resposta é por demais conhecida.
Uma cidadã anónima, mas não amorfa
Maria José Morais Isidro Aragonez
Janeiro 2011
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