quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

OE 2009 - Incentivo ao não pagamento de dívidas

De acordo com a proposta de OE para 2009 e fiel ao seu lema de “tudo para as empresas” o governo socratóide vai isentar, os devedores da Segurança Social de pagar as suas dívidas. Vejamos como.

Até aqui, uma empresa que deva mais de 48000 euros de contribuições, pode fazer o pagamento em 5 anos, com prestações constantes, no âmbito de um processo executivo e com a oferta da garantia que lhe seja possível apresentar.

Com a habitual compreensão perante as dificuldades dos chamados empresários, o governo irá permitir, a partir de 2009, que a mesma empresa possa pagar o seu débito em 8 anos com entregas no valor que mais lhe for conveniente! Chama-se a isto o benefício do infractor e surge-nos a imagem do sorriso carinhoso do beato Sócrates em vésperas de passagem a santo.

Historicamente, em muitos casos, a Segurança Social não tem, de facto, garantia alguma, pois o património das empresas nada representa em relação à dívida que deveria garantir ou, já está comprometido perante os bancos. E daí uma elevada taxa de incumprimento com consequentes dívidas incobráveis por falência ou por existência meramente virtual da empresa.

Depois de três anos a gritar por rigor, a anunciar campanhas de assalto a contas bancárias e penhoras de automóveis o governo muda de agulha. Seria interessante que entretanto, indicassem resultados dessas campanhas com dados inteligíveis ou transparentes, o que nunca fizeram, não sendo por acaso que há vários anos o Tribunal de Contas não valida as contas da Segurança Social. Nomeadamente, que indicassem, para nos rirmos todos, quantos automóveis tentaram penhorar e quantos actos falhados tiveram, por os mesmos pertencerem a empresas de leasing e não aos devedores. Os valentes empresários são ignorantes, cúpidos e vigaristas mas, não são estúpidos!

Curiosamente, o comissário das Finanças vai anunciando por aí mais possibilidades nas visualizações das contas bancárias.

Os nossos queridos empresários o que irão fazer? Como não são estúpidos em tudo o que se refira a trafulhice, vão sentir-se aliviados, irão postergar o pagamento da dívida para as calendas gregas esperando que entretanto a empresa desapareça ou que saia amnistia. Com os prejuízos evidentes para as contas da Segurança Social que, pelo menos a curto prazo, irá reduzir a sua receita por cobrança de dívidas.

Talvez o governo ainda venha a propor um fundo para que os empresários com dívida vendam as suas empresas a preços de mercado, continuando lá a trabalhar como assalariados… se souberem fazer alguma coisa para além de curtir o carrinho e o cartão de crédito da empresa.

Depois disto, os desgovernantes ainda aparecerão à frente das pessoas, de focinho carrancudo, a ameaçar com rigor contra o incumprimento fiscal?

Rigor, reservam-no eles, todinho, para desempregados, trabalhadores com baixa ou beneficiários do RSI, aposentados, funcionários públicos e trabalhadores em geral. Como bons genocidas que são.

  16/10/2008

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