De repente, duas das antigas
colónias passaram a ganhar um peso inusitado na agenda do governo socratóide e
nas demais agências de mandarins.
a) José
Eduardo dos Santos (JES)
O estalajadeiro Cavaco recebeu o
“empresário” José Eduardo dos Santos (JES), incontestado chefe de um gang
chamado MPLA mas, envergando a casaca de presidente de Angola, país de petróleo
e diamantes, onde se morre aos 41 anos, onde 70% da população sobrevive com um
dólar diário e colocado como o 162ª país na escala da pobreza. O que não é
causa dos cabelos brancos do facínora.
A comunidade angolana em Portugal
não manifestou qualquer vibração patriótica com a presença do JES nas
proximidades; distanciou-se do corrupto que, aliás, também a ignorou. Os
negócios do JES e da sua clique não
passam pelos angolanos que cá vivem.
Mesmo em Angola há quem se
interrogue sobre a razão deste interesse por Portugal, país atrasado, que nada
mais tem para lhes oferecer, que não empreiteiros que vão para lá contratar
trolhas. Estes críticos estão mal informados pois Portugal, para além de
negreiros, tem … o magalhães!!!
De facto, a China (que tem em
Angola 15000 trabalhadores contra 6000 portugueses) e a Espanha têm um papel
bem mais relevante e, no âmbito da lusofonia, o Brasil tem outra dimensão. JES
sabe disso muito bem, como sabe que para guardar em beom recato o seu pecúlio e
o de outros meliantes, trafulhas e traficantes, Portugal é quase um off-shore,
onde se detêm longas amizades e conivências no PS/PSD, o partido do poder.
Portugal é importante para os
negócios de JES e da filhota e utiliza o nome de Angola para isso, embora não
seja pioneiro pois, o seu ex-vizinho, o defunto Mobutu, fez o mesmo. Portugal é
um vazadouro para aquilo que a África tem de pior.
JES partilha com Amorim uma
participação na Galp e, por outro lado, tem parcerias com as mafias
portuguesas; com o PS através do BCP e da CGD, com o PSD no BIC, com Mira
Amaral e no BAI - Banco Africano de Investimentos (Europa) com ligações ao BPN,
onde acampou uma estrela chamada Tavares Moreira.
É divertido e revelador ver os
partidos elogiarem o papel do JES para a consolidação da democracia (?) em
Angola. O PS, que passou à frente do PSD quanto à influência junto do corrupto MPLA,
enterrou a sua antiga ligação à Unita, se nos recordarmos da visita à Jamba do
chanato de Soares, (perdão, do seu filho João), com queda de avião e tudo.
Hilariante é mesmo ver a Unita ser ludibriada por um célebre burlão, de
sucesso, um tal Vale e Azevedo, morador, impune, numa mansão de Londres. Tudo
boa gente.
Curiosa (ou escandalosa, na
opinião dos ingénuos) foi a participação do PC na missa de acção de graças ao
JES. Não sabemos se tal acção de inscreve na solidariedade própria do tempo em
que o MPLA era um partido irmão e uma filial soviética (JES até tirou o curso
na Lomonosov, a expensas do Estado soviético, que apesar dos seus detratores,
se demonstra ter funcionado como boa escola de … gestão). Ou, se o gosto pelo
JES se deve aos investimentos chineses em Angola, uma vez que o PCC é um
partido irmão.
Referimos ainda a segunda figura
do Estado português, o Jaime Gama, verdadeiro monte de gelatina que esteve ao
seu nível, no beija-mão ao JES, coerente com a consideração manifestada meses
atrás pelo Alberto João, definido como incontornável pilar da democracia (será
que se referiu à Madeira?). Bem longe do tempo em que o AJJ era equiparado ao
Bokassa, anedótico sargento, presidente, imperador e ditador da República
Centro-Africana, que oferecia diamantes ao presidente francês, Giscard
d’Estaing.
Saudamos aqui a posição do BE,
que se demarcou daquela litúrgica palhaçada, reveladora da qualidade do
mandarinato nacional.
E, para terminar imaginem o nome
que os convivas vão dar à parceria estratégica entre Angola e Portugal, de
acordo com uma nossa infiltração no gabinete do primeiro-ministro. Vai
chamar-se JESUS – José Eduardo dos Santos Unido a Sócrates.
b) A Guiné-Bissau e o abate do
Nino
Depois do anunciado abate do
general Tagmé Na, chefe da tropa, de imediato Nino Vieira foi abatido à
catanada, ecologicamente, revelando-se assim a preocupação dos africanos pela
salvaguarda do ambiente.
O mandarinato português, ficou
alarmado com a violência, com todo aquele cheiro a ajuste de contas entre bandos
mafiosos rivais; acordou a CPLP, organizou uma expedição e lá foram em
excursão, de urgência para Bissau, lembrando os seus antepassados quando
desembarcavam de capacete colonial, calção de caqui e pingalim na mão à procura
do soba. Mesmo que fossemos firmes devotos da sensibilidade humana dos
mandarins lusos, não acreditamos que tenham ido a Bissau fazer turismo, nem com
vocação missionária ou humanitária, nem ensinar a democracia aos gentios,
indígenas ou nativos, como antes eram chamados os povos colonizados.
De repente, parece que se
lembraram que a Guiné-Bissau está no mapa, que lá vivem 1,5 M pessoas pobres,
num país sem estruturas, com uma economia devastada, uma conveniente ausência
de aparelho de justiça mas, muitos sinais de rápido enriquecimento nos bairros
periféricos da capital e nos carros de luxo que circulam, naquilo que se revela
ser um plágio descarado da cultura empresarial portuguesa. Com ou sem essa
coisa chamada CPLP (também ela anos atrás atravessada por um caso de corrupção
de quadros executivos), o país mais anedótico da Europa Ocidental (pelo menos…)
lá mandou a tal delegação.
Sabia-se, antes do ajuste de contas ser a Guiné-Bissau placa giratória do
tráfico de droga que, proveniente da América do Sul, passa por ali e outros países
da África Ocidental, pasto da miséria e da corrupção, sem rei nem roque, com
destino à Europa; a Galiza foi
subalternizada como destino da conhecida “rota dos veleiros”, que circulavam a
partir das Caraíbas com a droga a bordo.
Sabia-se, antes do ajuste de contas, (relatório de 2005 do PNUE, Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente) que a Guiné-Bissau tem sido um destino de dejectos
tóxicos e radioactivos da “civilização” europeia, dada a abertura de alguém
para ganhar uns bons cobres com a infestação do seu território e da sua
população.
E isto é e era conhecido por
quem, como nós, nunca foi à
Guiné-Bissau. Quanto mais pelos especialistas em diplomacia do croquete do MNE,
chefiados pelo execrável Amado.
Regularmente, sabe-se que as
polícias apanham por cá quantidades bem descritas de droga, que há gente presa
mas, curiosamente, nunca se revelou nenhum nome sonante. No entanto, os
off-shores engordam, as urbanizações de luxo nascem e os seus fogos vendem-se,
apesar da crise.
Foi preciso haver abate de caça
grossa para haver reacção oficial do governo português. Parece que antes, os
tráfegos citados decorriam em boa ordem com dinheiro abundante, sem
sobressaltos, nem publicidade mediática. Afinal tudo parece simples; tudo se
resolverá com a reestruturação das forças armadas guineenses e uns euros para a
eleição do sucessor do Nino.
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