1 – Aqui, intramuros, na paróquia socratóide, o
ministro dito da saúde teve mais um acesso do seu delírio fascizante. E, eles
são tantos que o energúmeno se vem afirmando como um verdadeiro incontinente,
justificando que se lhe chame Diarreia de Campos.
Ficámos
sabendo que os médicos poderão aumentar os seus honorários no SNS se derem mais
consultas e fizerem mais cirurgias pois o Diarreia está disposto a abrir os
cordões à bolsa.
Dito de
outra forma, se se aumentar a cadência das consultas passando de, suponhamos,
três por hora, para seis, o médico ganha mais e mais doentes são vistos, numa
contabilidade em que todos ganham. E, se em vez de seis doentes, forem
atendidos doze, ainda melhor !!
Para as
coisas correrem melhor, o médico coloca uma ampulheta na secretária e
interrompe as queixas do doente para ter tempo de passar a receita. E, para
aumentar a produtividade reduzindo as esperas por consulta, o médico entrega as
receitas sem que o doente abra a boca.
Para
reduzir as esperas por cirurgias, Diarreia de Campos pensa em realizá-las, pela
Internet, integradas no programa Simplex; a um doente com apendicite, retira-se
uma verruga que é mais rápido; se o doente vier anestesiado ao entrar no
hospital e sair mal lhe fechem a incisão, quanto se poupa em tempo das equipas
médicas, quanto aumentará a rotação das camas hospitalares ! Fabuloso, como
nunca ninguém se havia lembrado disto !
No seu
entusiasmo economicista e deslumbrado com o seu brilhantismo, cremos que
Diarreia se esqueceu dos doentes.
A
metástase Campos brilhará no firmamento comunitário e uma das estrelas da
bandeira da UE será substituída pela sua carantonha. E, quando for criado um
Nobel para a gestão, o sacripanta não tem concorrência.
Já neste
blog referimos a actuação do Campos, como intelectual pouco recomendável (ver
Dois catedráticos nocivos de 11/1/2007) e lembramos que em Maio do ano passado,
o Diarreia de Campos decretou em
plena AR a inexistência da palavra economicismo, que nem nos dicionários
virá, disse o sacripanta.
Não
queremos perder a oportunidade de referir que concordamos com o ministro quando
pretende obrigar a bafienta Ordem dos Médicos a alterar os seus estatutos em
consonância com a nova lei que permite a IVG. Se fosse outra instituição,
decerto o poder socratóide não teria dúvidas em a ilegalizar.
2 – O segundo caso recente envolve o papa do sector
financeiro, o presidente do BCE, sua santidade Trichet, que afirmou a sua
hostilidade aos salários mínimos obrigatórios.
Disse o
ente que um SMN trava a criação de emprego, uma vez que as empresas podem
perder competitividade ao empregar trabalhadores com salários tão… elevados!
Como neoliberal fascista, defende a livre concorrência do mercado de trabalho e
que sejam os trabalhadores a competir pelo baixo preço do seu trabalho, para
mais em regime de precariedade. Assim, um trabalhador que aceite o salário
equivalente ao preço de uma perna de frango será preterido, por outro, mais
competitivo, que faz o mesmo trabalho por uma rodela de chouriço…
Prosseguiu
sua santidade, dizendo que um SMN reduz as possibilidades dos trabalhadores
menos qualificados ou desempregados de encontrarem emprego. Pois, na economia
de miséria que vem preparando, Trichet considera que pelo mesmo valor do SMN
podem concorrer a um mesmo posto de trabalho, por exemplo, de varredor
camarário, um licenciado e um trabalhador com a escolaridade obrigatória,
ficando este, naturalmente, prejudicado. Este exemplo, da boa gestão dos
“recursos humanos” a que se arroga o capitalismo está, como sabemos, bem
presente na realidade social.
Os
modelos econométricos costumam considerar que o limite mínimo para o salário é
o que se cinge a permitir a sobrevivência do trabalhador, a reproduzir a força
de trabalho. Ora, no capitalismo genocida de hoje, com a superabundância de
trabalhadores disponíveis para o trabalho, a real mobilidade da multidão, a
cooptação dos sindicatos, sabem os patrões que, em muitos casos, a morte de um
trabalhador, mesmo que de fome ou doença, não altera a produtividade da
empresa, pois logo outro irá ocupar o seu lugar, eventualmente, por menos
dinheiro.
Tão
elevados ideais são fortes incentivos ideológicos para o tosco empresariato
luso e para o mandarinato PS/PSD. Estes criam as condições para que haja
salários, de facto inferiores ao SMN, gerando a existência de trabalhadores,
mormente imigrantes não documentados, dispostos a aceitá-los. E, esperar uma
actuação da Inspecção de Trabalho quando esta é dirigida pelo miserável Vieira
da Silva é esperar que Fevereiro tenha trinta dias.
Na boa
tradição burocrática portuguesa, emitem-se leis, promove-se o produto no
telejornal mas, a caravana do capital passa, calma e sem alardes oratórios ao
lado delas. Já em tempos referimos aqui (O novo valor do SMN é um logro, em
31/12/2006) que o SMN visa oferecer mediaticamente uma imagem de preocupação
social dos governos e, mais recatadamente, acrescer o financiamento público dos
partidos com representação no parlatório de S. Bento. Se não existissem mais motivos
esse já seria suficiente para que se não participe nesse carnaval que são as
eleições para a AR.
Dezembro 2007
Trichet
manifesta-se contra o SMN obrigatório
pois trava a criação de emprego, o seu nível pode não garantir o aumento
da produtividade, reduz as possibilidades dos trabalhadores menos qualificados
e dos desempregados arranjarem emprego
Dezembro 2007
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