terça-feira, 3 de janeiro de 2012


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PAGAN – Plataforma Anti-Guerra, Anti-NATO
 
Comunicado

Líbia – Nova intervenção do dispositivo militar ocidental

1. O ano de 2011 iniciou-se com manifestações populares contra os
regimes ditatoriais no Médio Oriente e no Norte de África; regimes, aliás,
com conhecidas conivências com os poderes ocidentais. A ausência de
democracia e o aumento dos preços dos bens alimentares têm tido um
papel importante naquelas manifestações;

2. Contrariamente ao acontecido na Tunísia e no Egipto, a
contestação na Líbia revestiu a forma de revolta armada, com a presença
de interferências e apoios ocidentais, que subestimaram as capacidades
de reacção de Kadhafi, no poder desde 1969 e só recentemente
“descoberto” como ditador demente e sanguinário. Tal como aconteceu
com Ben Ali ou Mubarak;

3. A Líbia é responsável por 2.2% da produção de petróleo
mas detém 3.5% das reservas mundiais, as maiores da África; quanto ao
gás produz 0.5% mas tem 0.8% das reservas. Acresce que a Líbia é um
dos principais fornecedores da Europa, particularmente do Sul (24% do
abastecimento italiano e 9/11% dos restantes) e que, sendo os recursos
energéticos pertencentes a uma companhia estatal, aguçam a cobiça das
multinacionais;

4. Nesse quadro, o CS da ONU, por proposta ocidental, declara
que os estados-membros “ajam a título individual ou no quadro de
organismos ou arranjos regionais … para tomarem as medidas
necessárias… para proteger as populações e zonas civis ameaçadas de ser
atacadas… excluindo totalmente a deslocação de uma força de ocupação
estrangeira sob qualquer forma“. Cremos que a invasão se seguirá sob
qualquer pretexto, com ou sem o aval da ONU;

5. Rapidamente, o dispositivo militar ocidental, unificado em
torno do Pentágono, com o apoio da peonagem francesa e inglesa,
corresponde à sua própria iniciativa diplomática no seio da ONU e
começa a bombardear a Líbia, gerando mais uma forma de incentivar o
ressentimento do mundo islâmico contra os países da UE e contra a
suserania norte-americana;

6. Porém, no Bahrain, a violência do governo sobre
manifestantes desarmados, com o apoio de tropas do Conselho de
Cooperação do Golfo (filial do Pentágono/Nato) não tornou proscrito o
monarca; no Iémen, a intervenção brutal sobre os manifestantes por
parte do governo, não atrai a animosidade dos ocidentais; e na Palestina
ou em Gaza, particularmente, desenrola-se uma violência quotidiana,
atropelos aos mais elementares direitos humanos, sob o olhar distraído da
UE e dos EUA. Porquê? Porque no Bahrain está sediado o comando
militar dos EUA para a região do Golfo; porque no Iémen, al Saleh é um
elemento próximo dos EUA, interessado na estabilidade em torno do Bab
el-Mandeb; e Israel é objecto da tolerância infinita dos ocidentais. Será
que o CS vai alargar a sua actuação punitiva a estes países, assumindo a
defesa das suas populações contra regimes ditatoriais e repressivos?

7. A PAGAN não aceita intervenções militares entre países
soberanos e a ingerência nos assuntos internos de cada Estado, remetendo
para os próprios povos a única legitimidade de decidir sobre as suas
formas de governo e de gerir conflitos;

8. A PAGAN recusa aos EUA e aos países da UE,
individualmente ou em conjunto, o direito de se arrogarem ao papel de
zeladores da “ordem” internacional ou internos em todo o mundo.
Sobretudo através de intervenções armadas que provocam mais
desordem que paz e desenvolvimento, como se vê no Afeganistão, no
Iraque, no Kosovo…

9. A PAGAN denuncia e recusa todas as atitudes dos governos
europeus conducentes ao aumento da animosidade dos países
muçulmanos contra as atitudes neocoloniais dos EUA e da UE;
10. E incita todas as pessoas e organizações sociais para a
necessidade de redução das desigualdades e para o aumento da
democracia na bacia do Mediterrâneo;

Fim imediato da intervenção militar ocidental na Líbia!

20 de Março de 2011


20 de Março de 2011

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