sábado, 24 de dezembro de 2011


A pulsão genocida da burguesia portuguesa. A actuação da máfia socratóide
Os factos
 
Com a vulgarização dos despedimentos e da precaridade, a burguesia portuguesa acompanhou as tendências, iniciadas no mundo anglo-saxónico (Thatcher e Reagan) e tornadas essenciais para o capital, atormentado com as baixas taxas de lucro, no final dos anos 70 do século passado.
 
As deslocalizações da actividade económica e a relativa passividade da multidão, enquadrada pelas burocracias sindicais e confundida pela esquerda reformista abriram caminho à situação actual em que claramente o capital e os seus agentes referem a existência de gente a mais… onde naturalmente não incluem empresários, gestores de alto coturno e o mandarinato.
 
Tudo o mais tende a ser excedentário, inútil. Custo !
 
Os jovens não têm trabalho porque os trabalhadores mais velhos não lhes dão o lugar, ou porque têm poucas qualificações argumenta o capital ou, mesmo quando as têm em demasia, acrescentamos nós.
 
Quem não é tão jovem é sobrecarregado com trabalho não pago, é a principal vítima das reestruturações, não é adaptável a novas funções, ou novas tecnologias, segundo a mesma ladainha.
 
Os seniores estão desactualizados, apresentam baixa produtividade mas, a sua passagem à reforma onera os sistemas de segurança social. Que fazer com eles ? Chamar a todos judeus e convocar um novo Hitler seria uma boa solução…
 
Um trabalhador se está empregado é sempre apontado como um fardo porque produz pouco, não acompanha o progresso e é excedentário; e se está desempregado pesa nas contas públicas com os “enormes” e “duradouros” subsídios de desemprego que recebe (estudo recente encomendado pelo governo refere uma grande concentração de subsidiados nas Seychelles, a banhos…). O desejável é que ascendam à nobre categoria de capitalistas, que emigrem ou morram.
 
Para os funcionários públicos, apontados como sinónimos de madraços e privilegiados, a solução é a rescisão amigável ou que se reformem, de preferência sem onerar o sacrossanto deficit que já tantas dores de cabeça dá ao invertebrado Teixeira dos Santos, ao sacerdote Constâncio, ao BCE, à Comissão Europeia, etc.
 
Em relação aos reformados o problema é ainda maior. Não trabalham, oneram a segurança social com pensões, enchem os postos de saúde, gastam dinheiro em medicamentos e são fracos consumidores. Exemplos acabados da inutilidade, dirão os mais actualizados gestores.
 
Acusam-nos a nós todos da maior longevidade humana; têm saudades dos tempos medievais em que poucos chegávamos aos 40 anos e sem queixas (e gastos concernentes) de colesterol, Alzheimer, Parkinson, reumatismo… Felizes os tempos em que os patrões não descontavam para a segurança social dos trabalhadores, como diz o avô cavernoso do Van Zeller.
 
Como é evidente, um trabalhador com 35/40 anos já é velho para o patrão, este até pode ter 90 pois será, por natureza um árduo criador de “valor”. Assim quis o destino… Para nós, patrão é categoria, por inerência excedentária, com qualquer idade, a extinguir.
 
Um pouco mais de objectividade
 
Se alguém matar uma pessoa vai para a cadeia pois não tem o direito de terminar com a vida de outrem. Se, em vez dessa morte abrupta, a opção for a de um envenenamento lento e gradual que conduzirá a uma redução do tempo de vida da vítima, o criminoso também está a contas com a justiça. E, está-se a falar de um crime concretizado num só indivíduo.
 
Sócrates e Vieira da Silva não terão assassinado ninguém, como vulgares pistoleiros. Saddam, Milosevic, Hitler, Bush ou Sharon porventura também não.
 
Quando aquela dupla de facínoras aumenta o preço das consultas hospitalares, reduz as comparticipações e os direitos na doença e nos medicamentos, fecha maternidades (1), agrava o preço dos transportes e o dos bens em geral com o acréscimo do Iva, prepara despejos nos bairros populares, congela pensões, aumenta as taxas de juro, favorece a precaridade e os despedimentos, quais os efeitos na população mais pobre, mais idosa ou que não vive do roubo do trabalho alheio ?
 
Se, com essa punção global nos direitos e rendimentos piora a dieta de grandes parcelas da multidão: se as pessoas são obrigadas a restrições nos cuidados com a saúde; e se se agrava o preço da habitação, tudo isso contribui para a redução da longevidade das pessoas. E ainda se lamenta o mandarinato da baixa da natalidade! Será que as condições técnicas e os recursos existentes não chegam para dar uma vida condigna aos milhões de trabalhadores e ex-trabalhadores que vivem em Portugal e no mundo ?
 
Se a dupla mafiosa referida utiliza o governo para reduzir o tempo e as condições de vida de milhões de pessoas, então não são simples assassinos, são genocidas. A multidão que vive em Portugal é encarada pelos tais Sócrates e Vieiras da Silva como os palestinianos para Sharon, Netanyaou ou o novel Olmert.
 
Sócrates e Vieira da Silva para mais, procedem dessa maneira conscientemente, para enriquecer o capital internacional, a burguesia portuguesa e o mandarinato corrupto que encabeçam. Não são assassinos involuntários, são gangsters.
 
Para quando a punição adequada a gangsters e genocidas ? Que tal a aplicação do direito internacional e remetê-los a julgamento por um TPI (Tribunal Penal Internacional) ?
 
(1) O gangster de serviço na Saúde acaba de referir que o não fecho das maternidades traria grandes responsabilidades ao governo junto das instâncias internacionais se lá viesse a morrer uma mulher. Como é óbvio na cabecinha desgastada do catedrático, a não existência de maternidades reduz aquele risco para as parturientes !


maio 2006

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