segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Europa - Dificuldades escolares de jovens com menos de 15 anos



1 - Compreensão da escrita
2 - Matemática
3 - Ciências
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As dificuldades, nos primeiros anos de escola, na aprendizagem de conhecimentos tomados como básicos, conduz, com alta probabilidade, a uma vida adulta com garantidas dificuldades no emprego, no rendimento obtido, no caráter mais penoso e monótono do trabalho e na estabilidade laboral, com reflexos evidentes, na vida pessoal, familiar, qualidade do alojamento, cuidados de saúde, capacidade de percepção da realidade social, etc.

Como é evidente, as grandes diferenças observadas pouco se prenderão com as capacidades cognitivas dos alunos mas, mais com o grau de conforto no meio familiar - qualificações e incentivos dos pais, tipo de habitação, equipamento doméstico, distância e transporte entre casa e escola, acompanhamento no tempo diário depois das aulas; e da qualidade dos meios de ensino, das instalações escolares, da motivação dos professores, do grau de exigência, etc. De facto, os indicadores reproduzem, genericamente, as marcantes desigualdades socioeconómicas no seio da Europa, evidenciando a segmentação entre países mais pobres e mais ricos; o que não é estranho uma vez que essas desigualdades se observam em muitos outros indicadores[1].

Os dados fornecidos pelo Eurostat, incidem, grosso modo, no período 2000/2015 para a vertente “compreensão da escrita”; em 2003/2015 no caso da matemática; e, 2006/2015 para as ciências.

1 - Compreensão da escrita

Neste âmbito, o indicador global para toda a UE mostra-se invariante em torno dos 19.7% de jovens com dificuldades. Como se pode observar no gráfico abaixo, os casos mais graves, em torno dos 35/40 %, registam-se na Bulgária, na Roménia, em Malta e em Chipre; e mantêm-se em 2000 como quinze anos depois, com pequenas alterações. É curioso o indicador do rico Luxemburgo no princípio do período mas, com melhoria significativa em 2015.

Os casos de menor incidência de dificuldades, em 2000 verificam-se na Finlândia, na Holanda e na Irlanda; e, em 2015, a ordem altera-se colocando-se na frente a Irlanda, a Estónia e, de novo, a Finlândia. Note-se a deterioração relativa face a 2000, tanto na Finlândia como na Holanda.

As melhorias mais significativas observam-se na Letónia, no Luxemburgo e em Portugal, enquanto os agravamentos mais notórios se registam na Islândia, na Eslováquia e na Holanda. A evolução da situação em Portugal é bem positiva, situando-se o país em 2015 com um indicador melhor do que a média europeia, o que não acontecia quinze anos antes; e agora com uma grande aproximação ao valor apresentado por Espanha[2].

No conjunto, houve 12 países em que os indicadores pioraram contra 18 casos de melhoria, ainda que nestes últimos haja situações de variações insignificantes. Porém, só uma análise mais aprofundada permitiria saber se os indicadores melhorados resultam de reais esforços de suprimento das dificuldades dos alunos, através da melhoria de métodos de ensino, de maior atenção ao seu desenvolvimento; ou, se esses indicadores mais favoráveis resultarão de um abrandamento das exigências, daí resultando melhorias mas à custa de uma implícita cosmética, com intuitos eleitorais, num sistema educativo com frequentes mudanças organizativas, curriculares e logísticas (instalações e afetação de pessoal). 

Compreensão da escrita - Parcela de alunos com 15 anos que não atingiram o nível 2 de escolaridade

Nota: Croácia, Eslovénia, Estónia, Grã-Bretanha, Lituânia e Roménia (2006 e 2015); Eslováquia e Holanda (2003 e 2015), Malta (2009, 2015), Chipre e UE-28 (2015)

2 - Matemática

Para o conjunto dos países considerados, a parcela de jovens com dificuldades na matemática no período 2003/15 é um pouco superior à registada no capítulo da compreensão da escrita; é de 22.2%, contra 19.% em 2015.

Em 2003 o volume desses jovens ultrapassava a metade do total de estudantes na Bulgária e na Roménia, com a Grécia no terceiro lugar mas, com uma diferença significativa face aos primeiros. Em 2015, aqueles países mantêm-se com os piores indicadores acompanhados por Chipre, que não apresenta dados para 2003; todos com valores superiores a 35% no último ano referido.

Em 2003, os mais baixos índices observam-se na Finlândia (6.8%), seguida da Holanda e da Estónia com valores um pouco acima de 10%. Em 2015, a Finlândia resvala para o segundo lugar, a seguir à Estónia e, a par com a Dinamarca. O espaço de dispersão dos indicadores relativos aos jovens com dificuldades no campo da matemática estreita-se significativamente no período 2003/2015, ao contrário do observado para os estudantes com problemas quanto à compreensão da língua (2000/2015), que pouco se alterou. Portugal, em 2003 apresentava o quinto mais elevado indicador mas melhorou bastante colocando-se, no final do período, com um valor pouco acima da média da UE.

Em 15 dos países considerados o indicador piorou, com realce para a Islândia, a Eslováquia, a França e a Finlândia. No capítulo dos indicadores mais elevados, as principais melhorias observam-se na Roménia e na Bulgária, seguidos pela Itália e Portugal (este, com uma redução 6.3 pontos percentuais). 

Matemática - Parcela de alunos com 15 anos que não atingiram o nível 2 de escolaridade
Nota: Bulgária, Croácia, Eslovénia, Estónia, Grã-Bretanha, Lituânia e Roménia (2006 e 2015); Malta (2009, 2015), Chipre e UE-28 (2015)

3 - Ciências

Para o conjunto da UE, em 2015, é de 20.6% a parcela de alunos com 15 anos que não atingiram o nível 2 de escolaridade no âmbito das ciências; um número dentro da ordem de grandezas atrás referidas para a compreensão da língua e da matemática.

Com muitas semelhanças face ao atrás observado, os casos de mais dramáticas dificuldades no âmbito das ciências, registam-se em Chipre (2015), Roménia, Bulgária, seguidos de Malta e, em 2015, da Grécia e da Eslováquia, ambos em franco retrocesso face a 2006.

Como observado no contexto das outras disciplinas, a Finlândia e a Estónia destacam-se pelos seus baixos níveis de alunos com deficiências no capítulo das ciências, com inversão nas suas posições relativas em 2015, face a 2006.

As melhorias verificam-se apenas em 10 situações, com relevo para a Roménia (8.4 pontos percentuais a menos) e Portugal (7.1 pontos percentuais também, a menos). Quanto a situações de acrescida deterioração registam-se 19 casos, destacando-se a Hungria, com um acréscimo de 11 pontos percentuais, seguida pela Eslováquia (mais 10.5 pp) e a Grécia (mais 8.7 pp).

Relativamente ao caso português, em 2006, o indicador só era pior na Roménia, na Bulgária, em Malta e Itália. Em 2015 Portugal apresentava uma parcela de 17.4% de alunos com conhecimentos insuficientes em ciências, uma marca que só tinha oito países em melhor situação; o indicador português era igual ao inglês e ligeiramente superior ao espanhol.

Ciências - Parcela de alunos com 15 anos que não atingiram o nível 2 de escolaridade
Nota: Malta (2009, 2015), Chipre e UE-28 (2015)


4 - Algumas notas

Ao que sabemos, em Portugal, a introdução do estudo acompanhado e a disponibilidade de equipamento informático para os jovens procederem a pesquizas terão contribuído decisivamente para a melhoria do desempenho dos alunos. Nesse contexto, apesar da quebra na parcela de retenções e desistências no ensino básico, entre 2015 e 2018, de 7.9% para 5.1%, o actual gang governamental considera que cada caso de retenção (vocábulo que substituiu o termo popular de chumbo) custa 5000 euros por aluno[3]

Como se aponta para cerca de 50000 chumbos, o custo para o erário público orça os € 250 M, o que será certamente muito inferior aos custos da plebe com a manutenção de 70 mandarins com cargos governamentais, seus secretários, assessores, motoristas e mordomias. 

Para a anulação radical das taxas de retenção melhor seria uma maior atenção dada aos jovens, nomeadamente aqueles que terão dificuldades inerentes ao seu enquadramento familiar e socioeconómico ou às insuficiências das escolas que todos os anos se mantêm. 

Por ação dos gangs governamentais, em regra, compostos por gente eticamente indigente, terá de se reproduzir, nos primeiros anos de escolaridade, a importância de se ser competitivo e dotado de empreendedorismo; assumido esse catecismo, os jovens mais facilmente terão acesso a um salário mínimo, tendencialmente assimptótico face ao salário médio e auferido no que se chama empregos de merda; e terão de ficar eternamente agradecidos.

Este e outros textos em:

http://grazia-tanta.blogspot.com/                              

http://www.slideshare.net/durgarrai/documents

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