sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A União Europeia ganhou o campeonato do Nobel da Paz de 2012!



Deus seja louvado! ... mesmo na sua insanidade.

Como na UE tudo é monetarizado, nós, os tugas, devemos estar 1% felizes, de acordo com a nossa contribuição global para o PIB. Para que Passos possa entoar os cânticos de júbilo para consolo nacional face ao anunciado saque fiscal, aguarda-se que alguém os traduza do alemão.

É justo, já que ninguém proporá a UE para o Nobel da Economia que a mesma ganhe qualquer coisa. O campeonato de 2009, ganho por Obama, a posteriori mostrou a sua incansável luta pela paz e pelos direitos. A Líbia, os bombardeamentos no Paquistão, a continuidade de Guantanamo, o assassinato de bin Laden e Kadhafi, atestam o perfil pacifista do Barack; talvez a Síria venha a coroar a argúcia dos pacifistas nórdicos.

Os critérios da academia norueguesa são, de facto insondáveis; tanto colocam os louros em obamas e ués, como prestam homenagem ao trabalho exemplar das três africanas premiadas em 2011.

Umas pequenas notas sobre o pacifismo comunitário, são suficientes como ilustração.

A UE, através de alguns dos seus membros, ajudou à carnificina balcânica nos anos noventa, com armas e bagagens. Protege um santuário de tráficos diversos chamado Kosovo, com armas e euros. Enterrou-se até ao pescoço no Afeganistão e, ainda a semana passada o Pentágono ordenou a ida para lá de 230 mercenários lusos. Colaborou valentemente na invasão e ocupação do Iraque, que agradecido, se aproximou… do Irão. Participa nas sanções ao Irão para alegrar os centuriões da fortaleza israelita. Fomentou e participou na guerra na Líbia, para se apossar dos seus recursos energéticos, desonrando os seus fraternos compromissos para com Kadhafi.

A pacífica UE contempla a possibilidade de utilização dos seus meios militares “em missões no exterior a fim de assegurar a manutenção da paz, a prevenção de conflitos, o reforço da segurança internacional, de acordo com os princípios da Carta da ONU” (ou não, acrescenta-se) (artº. 42 nº1). A UE “respeitará as obrigações decorrentes da NATO” (artº. 42 nº2). que provavelmente nos próximos anos será a laureada em Oslo, pelo seu desvelado amor à paz. Finalmente e para não enfastiar, as pérolas contidas no artº. 43: “… a UE pode utilizar meios civis e militares incluindo ações conjuntas em matéria de desarmamento, as missões humanitárias e de evacuação, as missões de aconselhamento e assistência em matéria militar, as missões de prevenção de conflitos e de manutenção da paz, as missões de forças de combate para a gestão de crises, incluindo as missões de estabelecimento da paz e as operações de estabilização no termo dos conflitos. Todas estas missões podem contribuir para a luta contra o terrorismo, inclusive mediante o apoio prestado a países terceiros para combater o terrorismo no respetivo território,”

Talvez mais presente de todos é o afinco da UE em pacificar os mercados; mas, suspeitamos que nessa vertente, o prémio da academia norueguesa teria ido para outras paragens. A UE utiliza, para o efeito, o versátil estratega denominado BCE, férreo disciplinador do sistema financeiro. Conta com o apoio do caridoso FMI, com provas dadas no fomento da paz, da tranquilidade, da segurança e da felicidade dos povos. Sem esquecer a lustrosa intelectualidade da Comissão, capitaneada por aquele vulto chamado Barroso e do seu compère, van Rampuy; para que um duo de idiotas passe a trio, pode acrescentar-se a Ashton.

Sabemos bem que Lúcifer maneja a perturbação dos mercados e por isso nada melhor que a purificação dos mortais através do jejum, do sacrifício, da inanição, da resignação ao desemprego ou à morte antecipada. No fim, o Bem vencerá certamente, como nos contos infantis; e os mercados voltarão a reconstituir a Terra Prometida, uma proliferação de jerusaléns, já que a existente só é terra prometida para um bando de tarados genocidas.

Não se sabe é como, porque isso faz parte dos insondáveis desígnios do próprio mercado ou do modelo matemático do Gaspar. Tende fé, vilões viventes acima das vossas possibilidades!

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2 comentários:

  1. Prémios do imperialismo...
    ...atribuídos a si próprios.

    Estúpido quem engole estes clichés.

    Bom artigo.


    Cumprimentos,
    --
    Ricardo Saraiva

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  2. Parabéns pelo artigo,

    está muito bom

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